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“Não podemos imaginar a Ucrânia sem a Crimeia.” As palavras do Presidente ucraniano durante uma viagem à região de Odessa, esta semana, evocam um sentimento de déjà vu. “Tudo começou com a Crimeia, tudo vai acabar com a Crimeia”, já sentenciava Volodymyr Zelensky em agosto do ano passado, durante a segunda cimeira sobre a libertação da península, para vários meses mais tarde acrescentar: “Onde o caminho do mal começou, aí nos espera a vitória.”
A liderança ucraniana não faz segredo do seu desejo de regressar às fronteiras de 1991 e recuperar o controlo da península anexada pela Rússia há nove anos. O trajeto para lá chegar é marcado por um sistema de trincheiras e campos minados que não deixa espaço para dúvidas sobre a intenção russa de se manter o poder sobre um território que considera ser “terra sagrada”.
Em plena guerra na Ucrânia, as autoridades russas proclamam que já arrancou na Crimeia a temporada de turismo — uma das suas principais fontes de rendimento — e admite-se mesmo uma passagem por este território para os turistas chegarem a outras zonas sob ocupação. Enquanto os guias turísticos garantem que aquele é “o lugar mais seguro do país”, cresce a especulação de que, com a promessa de que a contraofensiva ucraniana vai aquecer, Kiev poderá tentar retomar o controlo da península. As recentes declarações de Zelensky parecem ser mais uma prova disso.”Enquanto a Crimeia estiver sob ocupação russa, significa apenas uma coisa: a guerra ainda não acabou”, sublinhou esta semana numa entrevista exclusiva à CNN.
Uma parte significativa da população ucraniana dá sinais de apoiar o Presidente ucraniano no desejo de recuperar a península. Uma sondagem realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia em Kiev, publicado em março deste ano, aponta que 64% dos ucranianos querem que a Ucrânia tente retomar todo o seu território, incluindo a Crimeia, “mesmo com o risco de uma diminuição do apoio do Ocidente e de uma guerra prolongada”.
Mas que caminhos podem as forças ucranianas tomar para recuperar este território? Especialistas ouvidos pelo Observador apontam um trajeto difícil que pode depender em muito da evolução dos combates no restante território e da própria situação política na Rússia, marcada particularmente nas últimas semanas por um clima de instabilidade.
Por terra ou por mar, num ataque direto ou através de pressão: como pode a Ucrânia recuperar a Crimeia?
A liderança ucraniana deixou claro que recuperar a Crimeia é imperativo. Problema: a própria geografia da península, anexada ilegalmente em 2014, favorece a Rússia. Em teoria, Kiev tem ao seu dispor três opções para tentar recuperar de forma direta o controlo da Crimeia: por terra, mar ou ar. Para avançar por terra a partir do norte, o terreno é o principal obstáculo. “É o que se chama channeling terrain e significa que não é possível atacar uma área extensa de território e escolher uma direção”, diz ao Observador Johan Norberg, especialista em assuntos militares russos e analista militar na Agência de Investigação em Defesa da Suécia.
De facto, existem apenas duas estradas principais que ligam o território continental ucraniano, através da região de Kherson, à península sob ocupação: a E105, junto ao Istmo de Perekop; e a E97, cujo acesso se faz pelo estreito de Chonhar. Na prática, isso significa, à partida, que é “muito fácil” para os russos defender essa zona, aponta Johan Norberg. O especialista em assuntos militares, que é também associado do think tank Foreign Policy Research Institute, lembra, porém, que há uma série de outros fatores a ter em conta — desde o número de forças que a Rússia tem disponíveis até às ações prioritárias que no momento estiverem a decorrer no cenário de guerra.
Um avanço por terra não é a única hipótese de ataque da Ucrânia, mas as alternativas não trazem uma perspetiva mais otimista. Lançar uma operação por mar e desembarcar as tropas na península poderia ser uma opção, ainda que muito exigente — implica meios a que a Ucrânia pode não ter acesso. Isto porque, além de a Crimeia estar fortemente fortificada, a Rússia tem a sua frota em prontidão no Mar Negro.
Um ataque direto à frota russa não seria fácil. Como admitiu esta quarta-feira Oleksiy Hromov, vice-responsável das Forças Armadas ucranianas, estão em falta capacidades militares necessárias para conduzir um ataque eficaz. Em entrevista à agência ucraniana Ukrinform, o general explicou que Kiev precisaria de mísseis de alta precisão e longo alcance, nomeadamente os mísseis balísticos ATACMS, e mesmo caças de quarta geração como os F-16 — um pedido ucraniano ao Ocidente que não tem nada de novo.
Excluída uma operação marítima, resta em cima da mesa a via aérea. As forças ucranianas parecem já ter testado alguns ataques limitados, nunca reivindicados, para fragilizar os meios russos na Crimeia, mas nunca uma operação aérea em larga escala. Para isso, precisa de armas de maior alcance, que para já os aliados não estão dispostos a fornecer. Desde o início da guerra já foram registados ataques com drones a várias bases russas na península, que Moscovo tem atribuído na sua maioria às tropas ucranianas.
Na defesa desta região as forças russas têm a seu favor uma capacidade área razoável, refere Johan Norberg, lembrando que a protegem com recurso a mísseis de defesa área e aeronaves. Independentemente da rota usada, o analista militar defende que tomar a Crimeia “não será uma tarefa fácil”.
Da explosão da ponte de Kerch, ao ataque à base de Saki: os principais ataques a perturbar domínio russo na Crimeia
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A Ucrânia deixou clara a intenção de recuperar a Crimeia e tem realizado várias ações militares na região, entre ataques reivindicados e, na maioria, mantidos em segredo. O secretário do Conselho de Segurança da Rússia disse que só este ano as forças ucranianas concretizaram mais de 70 ataques com drones na Crimeia. Os alvos são, segundo Nikolai Patrushev, sobretudo infraestruturas energéticas e industriais na península.
- Ataque à ponte Chonhar: é o mais recente ataque a perturbar o domínio russo na Crimeia. A destruição da ponte, uma das poucas que liga o território continental ucraniano à Crimeia ocupada pela Rússia, é uma das poucas ofensivas reivindicadas por Kiev.
- Ataques na base de Engels: a base russa na Crimeia foi alvo de pelo menos três ataques com drones. As autoridades russas denunciaram que pelo menos três pessoas morreram devido à queda dos destroços dos equipamentos.
- Explosão na ponte de Kerch: descrito pela Rússia como um ato terrorista perpetrado pelas forças ucranianas, este foi sem dúvida o maior ataque registado na Crimeia. A estrutura da ponte foi gravemente danificada e só dois meses depois da explosão se retomou o tráfego.
- Base de Saky: em agosto do ano passado, várias explosões atingiram o aeródromo militar em Saky, provocando um morto e 13 feridos. Pelo menos oito aviões russos terão ficado destruídos ou danificados
Na verdade, um ataque frontal pode não ser do interesse da Ucrânia no esforço para recuperar a Crimeia. Dmitry Gorenburg, do instituto norte-americano de pesquisa Center for Naval Analyses, considera que a melhor aposta dos ucranianos é uma abordagem que passa, primeiro, por recuperar o controlo de importantes áreas sob ocupação no território continental ucraniano, seja em Zaporíjia, Kherson ou Donetsk, e tentar cortar os acessos russos de abastecimento à península. Aconselha, por isso, a que os olhares se voltem para zonas como Melitopol ou a cidade portuária de Berdiansk, no oblast de Zaporíjia, ou mesmo para Mariupol, cidade em Donetsk ocupada pelos russos desde maio do ano passado.
“Em vez de atacar diretamente a Crimeia, seja num cenário de invasão terrestre ou naval, o objetivo seria bloquear a capacidade russa de abastecer a península. Isso iria tornar muito mais difícil controlá-la”, aponta o especialista em assuntos militares russos. Um cenário que pode passar por cortar a chamada ponte terrestre que segue da Rússia pelos territórios sob ocupação no Donbass até à Crimeia. Este parece ser precisamente um dos principais esforços da contraofensiva ucraniana, que arrancou há menos de um mês.
Cortar a ponte terrestre e isolar a Crimeia
Enquanto a contraofensiva ucraniana toma forma — ainda não foram investidas as principais forças nessa fase do conflito —, a Ucrânia vai explorando os seus potenciais alvos em busca das fraquezas no terreno. Muitos analistas preveem um esforço no sul do país para cortar a ponte terrestre, movimento que pode ser decisivo para dividir as forças russas e deixar a Crimeia numa posição vulnerável. Um dos principais — e mais prováveis — pontos de ataque centra-se no setor de Zaporíjia, em direção a Melitopol, ou possivelmente Berdiansk, para tornar insustentável a continuação da longa ocupação da península.
Nessa tentativa, um eixo tem-se assumido como importante, ainda que desafiante, ao longo das últimas semanas: de Orikhiv e Mala Tokmachka ao longo da linha que conduz até Tokmak, cidade onde existe uma junção de ferrovias e que é um importante centro logístico para as forças de Moscovo. Se os militares ucranianos conseguirem romper as defesas russas em torno de Tokmak, podem vir a conseguir seguir caminho até Melitopol. Libertar a cidade perto do Mar Azov, sob ocupação desde março do ano passado, iria permitir cortar as rotas de abastecimento terrestre para a Crimeia. Com isso, Kiev ficaria um passo mais perto de isolar a península, no objetivo de conseguir, eventualmente, expulsar as forças de ocupação.
Para Dmitry Gorenburg restam poucas dúvidas de que um dos principais objetivos ucranianos, neste momento, é cortar o acesso à ponte terrestre, mas as certezas são menores no que diz respeito ao tempo que seria preciso para o alcançar. “Não acho que seja necessariamente garantido que consiga atingir isso este verão ou outono, mas a longo prazo essa é a estratégia”, explica.
As opiniões variam e alguns analistas creem que, com os equipamentos certos, os ucranianos poderão cortar a ponte terrestre em menos tempo. “Com stocks adicionais de artilharia e mísseis de longo alcance, e também com mais veículos de combate e caças, Kiev teria uma boa hipótese de fazer um avanço este ano”, antecipa John E. Herbst, diretor do departamento da Eurásia no centro de pesquisa norte-americano Atlantic Council. Num artigo de opinião publicado no jornal Washington Post, Herbst considera mesmo que a chave para pôr fim à guerra na Ucrânia é ameaçar de forma direta o controlo russo da Crimeia. “Representa o ponto máximo de vantagem. É exatamente onde a Ucrânia tem de conseguir ganhos no campo de batalha para levar a guerra a uma conclusão bem sucedida”, escreve.
Herbst, que trabalhou 31 anos no Departamento de Estado norte-americano e foi embaixador na Ucrânia entre 2003 e 2006, refere que um avanço das forças de Kiev que coloque a Crimeia ao alcance da artilharia ucraniana iria criar um “problema logístico enorme e caro” para o Presidente russo. “A sua administração civil e militar na Crimeia seria particularmente ameaçada se a Ucrânia fosse capaz de destruir, ou pelo menos manter debaixo de fogo, a ponte sobre o estreito de Kerch”. A ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia, foi inaugurada em 2018 pelo Presidente russo e tornou-se um dos principais símbolos da ocupação russa. Atingi-la, sublinha Herbst, teria ramificações políticas em Moscovo e aumentaria as fissuras já visíveis no regime de Vladimir Putin.
O caminho para a Crimeia não está fechado, mas sem conhecer em detalhe os pormenores sobre o campo de batalha, os planos de ataque russos e ucranianos e o número de forças de que cada um dos lados do conflito dispõe, é difícil prever a rota que Kiev poderia usar. Se as recentes declarações do Presidente Zelensky em Odessa poderiam sinalizar um eventual avanço a partir dessa região, a verdade é que esse cenário não parece provável. Ao Observador, Johan Norberg refere as forças ucranianas teriam de cruzar o rio Dnipro, enfrentando na outra margem as defesas russas, ou avançar por mar ou ar sobre a península. Todas estas operações são, no entanto, “difíceis e vulneráveis”. “A direção de Odessa seria um empreendimento difícil, quanto maior a força, maiores os problemas”, argumenta o analista militar na Agência de Investigação em Defesa da Suécia.
“Tudo isto torna a alternativa de Odessa menos provável. Na guerra, porém, uma jogada improvável e surpreendente pode compensar. Neste caso hipotético, essa avaliação cabe à liderança política e militar da Ucrânia”, sublinha. O especialista antecipa que o Estado-maior das Forças Armadas da Ucrânia terá várias opções em cima da mesa para recuperar a Crimeia, mas que o caminho vai depender muito do tempo, das forças disponíveis, do terreno e daquela que calculam ser a resposta russa.
Independentemente da rota, a resposta de Moscovo prevê-se dura. O próprio ex-Presidente russo Dmitry Medvedev chegou a ameaçar a Ucrânia com um ataque nuclear. Na prática, a forma como a Rússia vai reagir dependerá em muito do rumo da restante operação. Afinal, a Crimeia não é a única região sobre a qual as tropas de Moscovo querem manter controlo. “É todo o caminho desde a área de Lugansk até a Crimeia, o oblast de Kherson na margem leste do rio Dnipro. E esses territórios são enormes”, acrescenta Johan Norberg, sublinhando que militarmente é difícil separar a Crimeia da restante operação.
Linhas de defesa russas refletem receios de perder a Crimeia
Sair a bem ou a mal. Esta tem sido a narrativa repetida pela liderança ucraniana aos russos que ocupam a Crimeia. “Para minimizar as baixas militares ucranianas, minimizar as ameaças aos civis que vivem nos territórios ocupados, bem como a destruição de infraestruturas civis, a Ucrânia quer dar à Rússia uma escolha sobre como partir da Crimeia. Se não concordarem com uma saída voluntária, a Ucrânia vai continuar a libertar o seu território por meios militares”, avisou Tamila Tasheva, representante permanente da Crimeia junto do Presidente ucraniano, em declarações ao jornal Politico no mês de abril. Se é verdade que até agora o Kremlin escolheu ignorar o ultimato, certo é que as linhas de defesa construídas são prova da intenção de manter a Crimeia — e do receio de perder aquele território.
Imagens de satélite divulgadas pela Maxar Technologies, empresa norte-americana que há mais de um ano tem fotografado a Ucrânia a partir do espaço, mostram que, atenta à retórica de Kiev, a Rússia fortificou as defesas na Crimeia. Exemplo disso são as fortificações e dentes de dragão — barreiras antitanque em forma de pirâmide — construídas no norte da península. São visíveis nomeadamente em Medvedivka e Maslove, duas localidades muito perto da ponte de Chonhar, que liga a região de Kherson à Crimeia. O cenário repete-se na zona ocidental da península, em áreas como Vitino e Yevpatoria, na costa do Mar Negro, apesar de os analistas considerarem improvável um ataque anfíbio.
O Ministério de Defesa britânico também tem estado atento à evolução das fortificações russas junto à Crimeia. Num dos habituais relatórios sobre a guerra na Ucrânia, publicado a 21 de junho, davam conta de uma extensa área de defesa com 9 quilómetros a norte da cidade de Armyansk, na estreita ponte terrestre que liga a região de Kherson à Crimeia. Nas imagens é possível ver duas linhas de trincheiras construídas pelas tropas russas. “Estas defesas elaboradas destacam a avaliação do comando russo de que as forças ucranianas são capazes de atingir diretamente a Crimeia”, referem as autoridades britânicas no comunicado, acrescentando que a Rússia continua a ver o controlo da península como uma prioridade de topo.
“Os russos preparam defesas para um longo período. Defesas bem preparadas são muito difíceis de atacar e romper, é algo que requer muitos recursos”, sublinha Johan Norberg. O analista aponta que o tamanho da Crimeia e o facto de estar bem fortificada sugerem que será necessária uma força considerável para a tomar e, sobretudo, para assegurar o seu controlo.
Por outro lado, a aposta russa em construir defesas na península também traz algumas vantagens para a Ucrânia. “Quando a Rússia investe de forma massiva nas fortificações na Crimeia e usa parte das suas forças para a defender, desvia recursos do resto do esforço de guerra”, lembra Stephen Sestanovich, do departamento de estudos da Euroásia no Council on Foreign Relation. Num artigo publicado no site do think tank, Sestanovich refere que a forma como a Crimeia se encaixa nos próximos eventos da guerra dependerá da forma como ucranianos e russos interpretam o cenário militar, político, diplomático e até demográfico.
Para a Ucrânia, não há prazo para recuperar a Crimeia
A liderança ucraniana não imagina um fim da guerra que não implique a recuperação da Crimeia, apesar de não ser clara sobre quanto tempo espera demorar a alcançar este objetivo. “Será difícil, há muito incerteza, mas Kiev tem certamente hipóteses”, resume Dmitry Gorenburg, analista do Center for Naval Analyses. O também especialista na área de política russa no David Center, pertencente à Universidade de Harvard, crê que é mais provável que isso aconteça através de uma combinação de pressão e de alguma forma de negociação, não necessariamente através de uma ação militar. Para isso, importa que a Ucrânia esteja numa boa posição no campo de batalha.
No sonho de recuperar a Crimeia, a instabilidade do regime de Vladimir Putin também pode revelar-se uma peça fundamental. “Como vimos nas últimas semanas, o regime político russo é bastante frágil. No contexto de alguma instabilidade interna na Rússia, poderiam abrir-se uma variedade de possibilidades”, sugere, evocando o recente motim encabeçado por Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar Wagner. É por conta de dois fatores, a evolução dos combates e a situação política na Rússia, que sustenta que prever um prazo não é fácil: “Poderia acontecer no próximo ano ou demorar muito mais tempo.”
Nesse sentido, o contínuo apoio dos aliados à Ucrânia é uma peça chave. No início da invasão russa, a 24 de fevereiro do ano passado, recuperar a Crimeia parecia um tema tabu para os parceiros de Kiev e chegou a ser destacado pelo secretário de Estado norte-americano como uma “linha vermelha” para Putin. Essa perspetiva parece ter vindo a mudar, ainda que discretamente. Apesar de as autoridades ocidentais ainda não estarem a fornecer todas as armas que os ucranianos pediram, vai deixando a porta aberta para um avanço ucraniano em direção à península. “A Crimeia é a Ucrânia”, sublinhou o Presidente norte-americano no aniversário da invasão russa.
Johan Norberg assume-se mais cauteloso quanto às hipóteses de Kiev recuperar controlo da Crimeia. “Não importa o que disser. Importa, sim, o que a Rússia faz, uma vez que é ela a interagir com a Ucrânia. A Ucrânia pode, sim, ter a capacidade de fazê-lo, mas precisa de tempo e de um apoio contínuo“, sublinha. A impaciência crescente no Ocidente é precisamente um ponto que destaca como preocupante numa guerra que se antecipa longa.
“Alguns esqueceram-se de que esta guerra é a maior guerra que vimos na Europa em 70 anos. Isso significa que nem as nossas forças nem as nossas indústrias estavam preparadas para isto”, recorda. E deixa o aviso: o Ocidente deve preparar-se para apoiar a Ucrânia durante muito tempo.