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Acautelando todas as intempéries, tendo em conta o que aconteceu no ano passado com a depressão Óscar, a organização procedeu a melhorias no recinto, um dos trunfos da história deste festival
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Acautelando todas as intempéries, tendo em conta o que aconteceu no ano passado com a depressão Óscar, a organização procedeu a melhorias no recinto, um dos trunfos da história deste festival

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Acautelando todas as intempéries, tendo em conta o que aconteceu no ano passado com a depressão Óscar, a organização procedeu a melhorias no recinto, um dos trunfos da história deste festival

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Primavera Sound: as novidades, os nomes em palco e um roteiro para três dias no Parque da Cidade

A 11ª edição começa esta quinta-feira e terá Lana Del Rey, SZA, PJ Harvey, Pulp e The National como cabeças de cartaz. O diretor José Barreiro explica o que muda. Nós sugerimos o que ver e ouvir.

No início da nossa conversa, José Barreiro regozijava-se com o dia bonito que tinha à sua frente. Vinte minutos depois, já uma neblina pairava sobre o mar de Matosinhos, provocando o recinto do Primavera Sound. A chuva, antevê o diretor do festival portuense, cuja 11.ª edição começa já esta quinta-feira, dia 6 de junho, ainda pode vir a aparecer no sábado, mas nunca será com a fúria da depressão Óscar que no ano passado fez da relva lama, para desespero de público e organização. “Espero que não tenhamos que passar por isso novamente.”

Ainda assim, acautelando todas as intempéries, a organização procedeu a melhorias no recinto, nomeadamente na área do palco principal (Porto.), que agora terá poços sumidouros para absorver o excedente de água, devolvendo-a ao subsolo. Além do mais, explica Barreiro, o palco será servido por duas reggies mais pequenas, ao invés de uma, melhorando a visibilidade do público: “Com isto, aumentámos a profundidade do espaço”, diz o diretor do festival, garantido que nestas condições, as 40 a 45 mil pessoas esperadas por dia poderão acompanhar os concertos grandes com muito mais conforto do que em 2023.

É precisamente nesse palco que vai atuar Lana Del Rey, no dia 7 de junho (23h15), a artista que a organização chegara a contratar para a edição de 2020 (cancelada por causa da pandemia) e que vem agora a Portugal com a promessa de um novo álbum (chamar-se-á Lasso e será lançado em setembro). Esperemos que a atuação não atrase 25 minutos como aconteceu no passado fim-de-semana em Barcelona. Também PJ Harvey (20h45), que passou pelo Parque da Cidade em 2016, e SZA (23h40), uma estreia em solo nacional, atuam no palco Porto., desta feita no dia 6 de junho. Ambas espelham a visão que norteia a curadoria deste festival, nascido há 23 anos no coração da Catalunha: a matriz indie rock que lhe corre no sangue e a preocupação de espelhar “tudo o que o universo da música produz na atualidade”, diz Barreiro. “Há artistas como a PJ Harvey ou o Nick Cave que simbolizam o Primavera Sound, mas virar costas à atualidade não seria uma estratégia vencedora. Queremos ser sempre um festival de música relevante”.

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PJ Harvey, Ana Frango Eléctrico, Mitski e SZA atuam esta quinta feira, dia 6

Redferns

No panorama atual da indústria, o diretor do Primavera Sound Porto não tem dúvidas de que são as artistas mulheres que mais mexem com os públicos e isso repercute-se na procura de bilhetes para esta edição: o dia encabeçado por Lana Del Rey, que terá a dupla francesa Justice a fechar com o concerto de apresentação de Hyperdrama – álbum com colaborações de Thundercat, Tame Impala e Miguel (7 de junho, 00h55) – já esgotou, enquanto o dia de PJ Harvey, SZA e também de Mitski (6 de junho, 22h05), norte-americana que conquistou Barack Obama com My Love Mine All Mine, do último e aclamado álbum The Land is Inhospitable and So Are We (2023), está praticamente esgotado.

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Recorde-se que estamos a falar de um festival que desde 2017 assume o compromisso da paridade e que nesta edição terá, além das cabeças de cartaz, a brasileira Ana Frango Elétrico, autora do muito elogiado Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua (2023) (6 de junho, 00h55), o punk de Amyl and the Sniffers, liderado pela carismática vocalista Amy Taylor (6 de junho, 19h40), as The Last Dinner Party, uma das grandes sensações do rock britânico atual (7 de junho, 20h50) ou a produtora e compositora Arca (8 de junho, 01h25), nome repente no festival que não cessa de surpreender com o seu experimentalismo.

Já o dia 8 de junho, encabeçado pelos Pulp de Jarvis Cocker (21h55) – sem dúvida, outra banda matriz Primavera Sound – e pelos The National, que no Porto vão dar o seu 19.º concerto em Portugal (23h15), é o que está mais longe de esgotar. Será talvez esse o dia onde se verão mais famílias, naquele que se tornou um festival de eleição para a faixa etária dos quarenta. “As pessoas com mais de 40 anos são as pessoas que mais compram bilhetes para o Primavera Sound. Habituaram-se a cartazes de qualidade, têm um nível de exigência superior à média e são o público mais fiel que existe”, refere José Barreiro.

O palco principal terá poços sumidouros para absorver o excedente de água, devolvendo-a ao subsolo. Além do mais, explica Barreiro, o palco será servido por duas reggies mais pequenas, ao invés de uma, melhorando a visibilidade do público.

De destacar ainda as atuações de Royel Otis (6 de junho, 17h40), australianos que preconizam uma espécie de movimento “revivalista do indie”; do músico nigeriano residente em Londres Obongjayar, que já colaborou com Little Simz e Fred again… e que nos deixou excelentes indicações com o seu álbum de estreia Some Nights I Dream of Doors (2022) (6 de junho, 23h40); dos icónicos Lambchop, cuja voz sussurrada de Kurt Wagner musicará o pôr do sol do segundo dia de festival (7 de junho, 20h35); ou dos Lankum, que impressionaram meio mundo com False Lankum (2023) e com a sua mestria em reinterpretar as raízes folk britânicas à luz da contemporaneidade. Os irlandeses atuarão no dia 6 de junho, à mesma hora de Mitski (22h05), capricho de horário que deixará muitos a meio caminho entre os palcos Vodafone e Plenitude.

Menos um palco, mais música portuguesa e uma homenagem a Steve Albini

Quem costuma frequentar o Primavera Sound Porto e olhou com atenção para os horários, rapidamente se apercebeu de que a 11.ª edição não terá os habituais cinco palcos, mas sim quatro e que não haverá concertos a estenderem-se pela madrugada fora (os últimos concertos do dia terminam entre as 01h55 e as 02h35). Esta alteração está relacionada com a supressão do antigo palco Bits, motivada pelas obras nos pavilhões do Sport Club do Porto que acolhiam a programação dedicada à música eletrónica do cartaz. “Desde o início que temos essa programação e é com pena que tivemos de a largar este ano”, lamenta José Barreiro, explicando que as alternativas apuradas – como alocar o palco numa tenda, à semelhança das primeiras edições – se revelaram incomportáveis. “Isso iria ter um impacto de ruído na cidade de Matosinhos e na cidade do Porto que não faz sentido em 2024. Queremos ser o menos intrusivos possíveis e se tivéssemos uma tenda eletrónica a funcionar até às 6h da manhã seria difícil controlar o ruído. Temos que pensar em alternativas sustentáveis para encontrar as melhores soluções”.

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Samuel Úria, Classe Crua, Lana Del Rey e Justice: nomes para o cartaz de sexta-feira, dia 7

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Outra ausência notada é a dos Shellac, banda que esteve presente em todas as edições do Primavera Sound e que este ano, devido à morte inesperada de Steve Albini, no passado dia 7 de maio, não pisará o Parque da Cidade. Ainda assim, à semelhança do que aconteceu em Barcelona, o horário dos Shellac manter-se-á em cartaz (8 de junho, 19h25) para uma homenagem ao músico e produtor americano em jeito de listening party. Das colunas sairá To All Trains (2023), o sexto e último trabalho de originais da banda. “Não quisemos substituir alguém que é insubstituível para o festival. Nas próximas edições, havemos de continuar a fazer alguma coisa para preservar a memória do Steve Albini e dos Shellac neste festival”, adianta Barreiro.

Também insubstituível para o festival é a aposta nos projetos de música portuguesa, que neste cartaz assumem bastante preponderância. No primeiro dia, Silly fará a sua estreia em grandes festivais e abrirá o palco principal do Primavera Sound Porto (6 de junho, 16h45). A curiosidade para ver como é que esta açoriana, crescida na torra alentejana, levará até este recinto o seu belíssimo álbum de estreia, Miguela (2024), é muita. A afluência de público poderá ficar comprometida, dado que à mesma hora Ana Lua Caiano desfiará as canções do seu também longa-duração de estreia, Vou Ficar Neste Quadrado (2024), álbum que anda a dar que falar fora de portas e que levará Caiano a pisar alguns dos festivais de verão mais importantes da Europa. Amaura, com a sua voz sedosa, mas aguçada, a fluir entre a soul e o R&B, completa os destaques nacionais do primeiro dia (17h40).

Para mostrar que o Porto não é só a cidade “das tasquinhas e das tradições centenárias”, refere José Barreiro, a organização criou este ano o espaço Cinco, onde cinco chefs de renome do Porto (incluindo o Estrela Michelin Vasco Coelho Santos, do Euskalduna Studio) vão mostrar o porquê de a comida também ser uma arte.

No segundo dia veremos como a visceralidade dos Máquina, mais próprios de ambientes escuros, se dá em recinto aberto e à luz do dia (7 de junho, 16h35), a contrastar com Milhanas, cantautora que vai beber inspiração a Fausto Bordalo Dias e Amália Rodrigues (16h45). Seguem-se as atuações de André Henriques, músico dos Linda Martini que traz ao Parque da Cidade o seu Leveza (2023), de Samuel Úria (7 de junho, 18h35), dos Classe Crua, projeto de Sam The Kid e Beware Jack (19h30), e de The Legendary Tigerman (21h55). Por fim, no dia 8 de junho, os Best Youth, que integraram a primeira edição do Primavera Sound do Porto, em 2012, apresentam às 16h45 o seu mais recente Everywhen (2024), hora a que Tiago Bettencourt tocará na outra extremidade do recinto. Já os Expresso Transatlântico trazem as sonoridades da Lisboa castiça e da Lisboa contemporânea ao Porto (17h40) e Soluna, uma das artistas nacionais mais desempoeiradas e talentosas a aparecer nos últimos tempos na cena portuguesa, afirmará a identidade da sua música firmada entre África e a América Latina no palco Plenitude, às 19h35. Quem já tiver visto os The National mais do que um punhado de vezes e não quiser repetir a dose, terá sempre o Conjunto Corona, de dB (David Bruno) e Logos, para se consolar (23h15).

No campo da gastronomia – que se tornou num cartaz de culto paralelo ao cartaz musical – não haverá a sandes de pernil e queijo da Serra da Casa Guedes, um clássico do Primavera Sound desde 2013, mas nem por isso os estômagos ficarão menos saciados. O menu deste festival à beira mar plantado é extenso, diversificado e para todas as dietas, algo que adoraríamos ver replicado em muitos outros eventos de grande dimensão que insistem em fazer da fast food o prato do dia. Para mostrar que o Porto não é só a cidade “das tasquinhas e das tradições centenárias”, refere Barreiro, a organização criou este ano o espaço Cinco, onde cinco chefs de renome do Porto (incluindo o Estrela Michelin Vasco Coelho Santos, do Euskalduna Studio) vão mostrar o porquê de a comida também ser uma arte.

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Nomes para sábado, 8, último dia do Primavera Sound: Best Youth, Pulp, The National e Mannequin Pussy

(Rui Oliveira/Observador)

Todos os consumos dentro do recinto só podem ser pagos com cartão ou com contactless. Se tiver um copo reutilizável guardado lá por casa, não se esqueça de o levar. O Primavera Sound não levantará entraves à entrada de copos alheios. Reduzir resíduos é a prioridade e essa preocupação alastra-se à circulação rodoviária. Pode deixar o carro estacionado na garagem durante os dias do festival que a STCP terá uma operação especial entre os dias 6 e 8 de junho, com um serviço exclusivo entre as 23h30 e as 4h da manhã, com periodicidade de 8 minutos, que ligará a Pr. Cidade do Salvador (rotunda da Anémona) aos Aliados (via Av. Boavista e a Pr. da República). As linhas 200, 203, 205, 500, 502 e 1M também vão ser reforçadas. A única coisa que todos esperamos que não saia reforçada nesta edição, que teve um investimento a rondar os 10 milhões de euros, é a chuva. Sossega Neptuno, que este é tempo de Primavera.

Cábula Observador para o Primavera Sound Porto

Não sendo possível ver e ouvir tudo em todo o lado ao mesmo tempo, partilhamos aqui a nossa sugestão de roteiro de concertos para os próximos três dias. Se ela vos servir de guia, ficamos felizes em dar uma ajuda na difícil orientação no meio de 68 atuações. Contudo, não deixe de abrir espaço para o espanto e para o imprevisto. Afinal, é no que fica de fora das cábulas que reside a beleza da descoberta e a beleza de um festival.

6 de junho, quinta-feira

16h45-17h35: Silly (Palco Porto.) / Ana Lua Caiano (Palco Super Bock)
17h40-18h30: Royel Otis (Palco Vodafone)
19h40-20h40: Amyl and the Sniffers (Palco Vodafone)
20h45-22h: PJ Harvey (Palco Porto.)
22h05-23h35: Mitski (Palco Vodafone) / OU 22h05-23h: Lankum (Palco Plenitude)
23h40-00h55: SZA (Palco Porto.) OU 23h40-00h40: Obongjayar
00h55-01h55: Ana Frango Elétrico (Palco Vodafone)

7 de junho, sexta-feira

16h35-17h25: Máquina (Palco Super Bock) OU 16h45-17h35: Milhanas (Palco Porto.)
17h40-18h25: André Henriques (Palco Plenitude)
18h35-19h25: Samuel Úria (Palco Super Bock)
19h30-20h30: Classe Crua (Palco Vodafone)
20h35-21h50: Lambchop (Palco Super Bock) OU 20h50-21h50: The Last Dinner Party (Palco Porto.)
21h55-22h55: The Legendary Tigerman (Palco Vodafone)
23h15-00h45: Lana Del Rey (Palco Porto.)
00h55-02h10: Justice (Palco Vodafone)

8 de junho, sábado

16h45-17h35: Best Youth (Palco Porto.) OU 16h35-17h25: Tiago Bettencourt (Palco Super Bock)
17h40-18h25: Expresso Transatlântico (Palco Plenitude)
18h40-19h30: Mannequin Pussy (Palco Porto.)
19h25-20h10: Shellac Listening Party (Palco Vodafone) OU 19h35-20h30: Soluna (Palco Plenitude)
20h50-21h40: Ethel Cain (Palco Porto.)
21h55-23h10: Pulp (Palco Vodafone)
23h15-01h15: The National (Palco Porto.) OU 23h15-00h15: Conjunto Corona (Palco Super Bock)
01h25-02h35: Arca (Palco Vodafone)

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