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ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma arruada em Barcelos, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Barcelos TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Rio insufla com "nervosismo" do PS e arranca à boleia das "mentiras" de Costa

Rio aproveitou a bênção da reconquistada Barcelos e apostou tudo no combate aos papões inventados por Costa e nas suas virtudes como político por oposição ao adversário. "Estou a cumprir uma missão."

Rui Rio entrou no período oficial de campanha a jogar em casa e ao ataque: Barcelos, um dos bastiões reconquistados aos socialistas nas últimas autárquicas, foi o local escolhido para praticar tiro ao alvo a António Costa, que, de tão “nervoso” que está com a perspetiva de vir a perder as próximas eleições legislativas, desatou a “mentir” para “denegrir” o adversário.

Ao contrário do que acontecia há dois anos, a direção do PSD, Rio incluído, acredita que pode de facto derrotar António Costa – e isso sente-se na mobilização do aparelho do PSD e na profissionalização da campanha. Com uma mancha humana assinalável – incomparavelmente superior à que recebeu o líder do PSD em 2019 –, entre militantes mobilizados para comporem o quadro cénico e aqueles que se juntaram espontaneamente à bolha para ver Rio, as conversas da comitiva social-democrata andam todas à volta do mesmo. “Isto pode mesmo virar. Toda esta gente aqui… Não esperava”, confessava ao Observador um alto dirigente do partido entre apertões e cotoveladas.

ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma arruada em Barcelos, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Barcelos TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Daí o esforço em centrar a mensagem na imagem e personalidade do líder. No núcleo duro social-democrata, existe há muito a convicção de que a “marca Rio” vale hoje muito mais do que a “marca PSD”. Nesta campanha, a aposta é ainda mais evidente: o hino não tem qualquer referência ao PSD e é uma exaltação das qualidades associadas a Rio – “Em Rui Rio vamos votar / É o líder da razão / Tem o povo no coração / Somente ele merece ganhar” ou, por exemplo, “Ninguém nega a sua competência / E a natureza da sua consciência / Rui Rio é um homem da nossa gente / Um líder competente”.

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[Pode ouvir aqui a reportagem da Rádio Observador com a campanha do PSD em Braga]

Rio só tem um alvo: António Costa que “tenta meter medo”

Credibilidade, autenticidade, frontalidade, rigor por oposição a um adversário que mente, amedronta e joga sujo, foi insistindo Rio ao longo do primeiro dia de campanha. “Estamos a assistir aquilo que é a atuação tradicional do PS. Faz sempre a mesma coisa, não aprende. Quando sentem que podem perder, começam a deturpar as nossas propostas. O PS quer amedrontar as pessoas. Não é forma de fazer campanha. Que cada partido defenda as suas propostas e não ande a contar mentiras”, atirou durante uma curta intervenção a partir de um palanque montado para o efeito em Barcelos.

Mais tarde, em Braga, onde protagonizou uma sessão de esclarecimento ao lado de Joaquim Miranda Sarmento sobre as propostas do partido para a área das Finanças, voltou a carregar na tinta. “O PS não pode mentir sobre aquilo que estamos a propor. É muito feio. Estão a enganar e a meter medo para manter a estagnação que é o voto no PS. Não vou deturpar nenhuma proposta do PS, nem fazer filmes sobre uma palavra que António Costa possa ter dito. Vamos ver se levamos a campanha eleitoral direitinho até ao fim.”

Se Rio acredita que desta vez pode ser possível derrotar António Costa, a verdade é que ninguém ignora, nem o próprio, que o eleitorado português é tradicionalmente conservador na hora de votar – estando em funções, só Pedro Santana Lopes e José Sócrates foram derrotados nas urnas, ambos em circunstâncias muito sensíveis que estão longe de ser as de António Costa. Até Pedro Passos Coelho, mesmo depois de quatro anos muito duros, derrotou António Costa em 2015 contra grande parte das expectativas que existiam. Ou seja, historicamente, os votantes tendem a favorecer a segurança da continuidade em detrimento da dúvida que oferece a alternativa.

Por isso a preocupação de ocupar o primeiro dia de campanha a responder diretamente às duas acusações que António Costa foi repetindo ao longo da maratona de debates e que dominará a campanha do PS: segundo o líder socialista, o PSD quer privatizar a Saúde e entregar o futuro da Segurança Social à bolsa de valores – este último papão agitado por Costa é ainda mais nocivo porque atinge um eleitorado que o PSD assumidamente perdeu durante e depois da troika e que se esforça por recuperar.

“Queremos um SNS público, universal e tendencialmente gratuito. Está duas vezes escrito no nosso programa, na página 104 e 105. O PS está mentir e a tentar meter medo”, queixou-se Rio em Braga, já depois de ter dito o mesmo em Barcelos, explicando que a proposta do PSD passa por contratualizar com os privados sempre que o Estado não consiga, por exemplo, dar resposta às listas de espera para consultas de especialidade ou cirurgias.

Na Segurança Social, o mesmo. “A Segurança Social tem de ser pública. Não podemos colocar o futuro da Segurança Social na bolsa de valores. Eu disse isto. Aquilo que mais queremos é segurar as pensões. Ninguém vai privatizar Segurança Social nenhuma. E o PS insiste nessa mentira. O que queremos é dar incentivos fiscais para que as pessoas pouparem e terem um complemento à reforma”, salvaguardou o líder social-democrata.

ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma arruada em Barcelos, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Barcelos TOMÁS SILVA/OBSERVADOR ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma arruada em Barcelos, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Barcelos TOMÁS SILVA/OBSERVADOR ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma sessão de esclarecimentos em Braga, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Braga TOMÁS SILVA/OBSERVADOR ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma sessão de esclarecimentos em Braga, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Braga TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Se o maior adversário de Rio é o medo que os eleitores possam ter de arriscar um voto no PSD, o líder social-democrata vai esforçar-se por transmitir uma ideia de desprendimento em relação ao cargo e apresentar-se como alguém que está verdadeiramente empenhado em cumprir uma missão difícil, recusando o caminho mais fácil do eleitoralismo primário. Ideia que tem ficado evidente na forma como Rio tem defendido a proposta do partido para os impostos – descer primeiro o IRC para as empresas e só depois o IRS, incentivar a produção e não o consumo como motor da economia – e que este domingo voltou a dominar o discurso de Rio.

[Pode ouvir aqui a reportagem da Rádio Observador com a campanha do PSD em Barcelos]

Rio ataca PS em Barcelos. “Estão a deturpar”

“Sei muito bem que esta não é a melhor estratégia para captar o voto das pessoas. Mas tenho de ser frontal e genuíno. Quero que as pessoas percebam que não adianta nada ganhar a próxima eleição com promessas que comprometem o nosso futuro. Quero-me distinguir do PS naquilo que é a construção do futuro. Não adianta ganhar amanhã se não tiver um projeto para melhorar o país”, insistiu o líder social-democrata. “Aquilo que estou a fazer encaro como um serviço ao país. Quem está no lugar em que eu estou exige um esforço muito grande e alguma perda de qualidade de vida. Aqui estou a cumprir uma missão.”

Com a estratégia definida, não faltou o clássico ataque às sondagens, que Rio sempre desprezou. Desta vez, com o twist: os resultados das eleições autárquicas de 2021 e a surpreendente e nunca antecipada vitória de Carlos Moedas em Lisboa. “Não vale a pena estar a inventar sondagens todos os dias. Os portugueses já mostraram que não vale a pena inventar sondagens porque é o povo que decide”.

Tudo isto num dia em que Rui Rio e António Costa se travaram de razões por causa de um tweet do líder social-democrata em que sugeria que o secretário-geral do PS, por votar antecipada no Porto, não ia votar nele próprio uma vez que é candidato por Lisboa — o que está factualmente errado uma vez que, independentemente do local onde se exerça o voto por antecipação, o eleitor está na verdade a votar para o círculo eleitoral onde está recenseado.

Ora, confrontado pelos jornalistas, Rio veio esclarecer que era uma “brincadeira” e que era preciso não levar tudo tão a “sério”, António Costa disse que fazer “graçolas” não era digno de um candidato a primeiro-ministro, e Rio já voltou ao Twitter para, com muita ironia à mistura, dizer “que mau humor”. Uma coisa é certa: os dois não estão para brincadeiras; estas eleições vão ser disputadas mesmo até ao fim.

ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma arruada em Barcelos, no dia em que arrancam oficialmente os dias de campanha para as eleições legislativas que se realizaram no próximo dia 30 de Janeiro. 16 de Janeiro de 2022, Barcelos TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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