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Parecia uma espécie de congresso de partido, com delegados a chegarem ao palco intermitentemente e a falarem à vez. O protesto do setor cultural, “em colapso” e em risco “de desaparecer”, foi uma manifestação sui generis, com lugares sentados, discursos críticos e veementes no palco, mas sem ânimos inflamados, preocupações das autoridades ou cânticos de ordem. Isso mesmo fez questão de sublinhar um dos oradores, Álvaro Covões, promotor da Everything is News e do festival NOS Alive, que pareceu marcar uma linha distintiva face a outras ‘manifs’: “Não estamos na rua, estamos num local onde se cumprem as regras — e a falar português sem extremar”.
O discurso, o último de uma série de intervenções que juntaram profissionais do setor da dança, do teatro, da música, do circo ou dos técnicos especializados (de palco, de som, de luz), marcou o final de uma manifestação em que as ideias expressas foram muitas, mas coincidentes num ponto: é preciso salvar o setor dos espectáculos e eventos ao vivo, que ficou paralisado durante boa parte do ano, teve uma recuperação anémica na reentré e volta agora a deparar-se com mais restrições nos horários nos dias úteis e com fins de-semana exclusivamente matinais, o que afeta brutalmente um setor que funciona sobretudo durante as tardes e noites de sábado e domingo.
O protesto tinha como mote uma pergunta incisiva: “Quem assume a decisão de acabar com a cultura?” Associações do setor, promotores de espectáculos, artistas de várias áreas — atores, cantores, bailarinos — juntaram-se para alertar a diferentes vozes que é preciso pedir responsabilidades a quem tem ainda o poder de evitar que uma área fundamental para o país não sobreviva à Covid-19.
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