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ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

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Rio em Aveiro. Monóxido de carbono a mais e uma talk a menos num dia "enfadonho"

Sarmento era o convidado, mas foi Rio quem respondeu à não-resposta de Centeno: se calhar é melhor mandar carta. Um sketch sobre Sócrates, nenhuma palavra sobre corrupção. E um moliceiro sem história.

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Artigo em atualização ao longo do dia de campanha

Aveiro seria, à partida, um distrito amigo do PSD. Com Salvador Malheiro, líder distrital e vice de Rio, aos comandos; com Ribau Esteves, presidente da câmara, a bordo do navio; e com uma tradição laranja no território, poderia ter sido um bom dia na campanha de Rui Rio. Mas foi um dia de pausa. “Ninguém morre por isso”, diria Rui Rio a propósito da decisão da maioria parlamentar de apenas convocar a Comissão Permanente para discutir o caso Tancos daqui a uma semana, ou seja, só depois das eleições. Mas a expressão poderia aplicar-se ao dia que passou.

A verdade é que o candidato teve algum receio pela sua vida quando andou nos tradicionais moliceiros pela ria de Aveiro. Não por causa da ondulação, mas por causa do “monóxido de carbono” que estava a “snifar”. “Ainda morremos aqui todos”, diria Rio a dada altura, talvez já com a informação atrás da orelha de que a parte de trás da embarcação, onde estava, abanava um bocadinho mais. Era o mesmo barco em que, há quatro anos, Passos Coelho andou, chamado “Onda Colossal”. Ribau Esteves ainda tentou brincar com o nome, dizendo que era preciso “uma onda colossal no Rio”, mas a piada, que podia ser política, caiu no vazio. Rui Rio estava mais preocupado com o monóxido de carbono, e Ribau Esteves tranquilizou-o dizendo que a transição para moliceiros elétricos estaria para breve (aconteceria no espaço de dois anos).

O barco passou, chegou ao cais, as bandeiras acenaram, houve gritos tímidos de “PSD, PSD” e já está. Antes, Rui Rio tinha feito mais uma passeata nas ruas de Santa Maria da Feira, que menos história teve. A história possível chegaria naquela que foi a última talk da campanha, que, como é habitual, arrancou com um sketch humorístico dos atores de serviço Carla Vasconcelos e Mário Bomba, contratados pelo partido para animar as cinco talks da campanha.

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Um julgamento (a Sócrates) na Praça

Problema: a rábula desta quarta-feira era sobre “Corrupção” e o local escolhido para a talk foi a Praça do peixe em Aveiro, conhecida pelos aveirenses simplesmente como “a praça”. Os atores podem até nem ter tocado no nome de José Sócrates, mas os diálogos a isso apontavam, com várias referências à Operação Marquês: “Não se diz dinheiro numa malinha, diz-se fotocópias”, ensinava um dos atores ao outro. “Não se diz dinheiro diz-se ‘aquilo que a gente gosta'”, ensinava novamente. Mas a personagem de Carla Vasconcelos continuava com dúvidas: “Então, se de repente estou em Paris, compro um apartamento com esse dinheiro, isso é corrupção?”, perguntava. “Não, isso é falta de motorista! Porque você foi parva, porque foi para lá você, devia mandar o motorista. Assim é corrupção, se for o motorista já não: é esperteza, é oportunidade, é amizade”. Esclarecido.

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A assistência aplaudia, e estava feito o julgamento na Praça (pública). Mas quando Rui Rio e o convidado do dia — Joaquim Sarmento — assumiram a palavra para dar início à talk propriamente dita, nenhuma referência fizeram ao caso, nem tão pouco às medidas defendidas pelo PSD sobre combate à corrupção.

O tema era economia, gorduras do Estado, o PS e Mário Centeno. Foi aí que Rui Rio voltou ao seu tema predileto: o duelo de Centenos que tanto quer, e do qual diz que Centeno tanto foge. Para Rui Rio, o ministro das Finanças só não aceita debater com ninguém do PSD sobre as contas dos sociais-democratas porque sabe que perderia o debate com facilidade. “E já perderam muita coisa nas últimas semanas, não querem perder mais”, disse, recorrendo à ironia para afirmar que talvez a solução para o impasse seja enviar uma carta a António Costa para que seja ele a escolher quem deve ser o candidato do PSD a debater com o candidato Centeno.

“Já me tinham pedido para tirar Tancos da campanha, então se calhar vou mandar uma carta ao líder do PS para ele dizer quem, do lado do PSD, vai debater com Mário Centeno”, disse Rio, sublinhando que o prazo para Costa acusar receção tem de ser 24 horas, para que o debate se faça até sexta-feira, antes das eleições. Era a resposta à não-resposta de Centeno, que esta quarta-feira disse à agência Lusa que estava “à espera da resposta de Rui Rio”. Haverá tempo para um duelo de Rios e Centenos até ao dia 6? Talvez não. Tal como não houve tempo para um debate parlamentar sobre Tancos.

Joaquim Sarmento era a estrela da “talk” da noite, moderada pela cabeça de lista Ana Miguel Santos, e cujo tema era “conversas no feminino”. No feminino, contudo, foram apenas as perguntas que foram lidas por mulheres. Como é habitual, de genuinidade teve pouco, com perguntas pré-combinadas. O “Centeno do PSD” lá explicou, com números e economês aquilo que explicaria a Centeno se debatesse com ele, mas, no fim, até admitira que pudesse ter sido “enfadonho”. “Não me vou alongar mais porque sei que os economistas podem ser muito enfadonhos”, disse.

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Tancos. “A maioria decidiu, está decidido”

Rui Rio pediu, a esquerda negou, Rio não faz “barulho”. A maioria decide e isso prova que, quando quer, a “geringonça” funciona. Esta quarta-feira, a conferência de líderes parlamentares reuniu-se na Assembleia da República para deliberar se iria ou não haver uma reunião extraordinária da Comissão Permanente para debater o caso Tancos. A resposta foi que sim, mas só daqui a uma semana, ou seja, já depois das eleições.

O líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, não gostou de ver o BE e o PCP, que se tinham mostrado disponíveis para debater o assunto, a dar a mão ao PS, e criticou o facto de o Parlamento se preparar para “ficar cego, surdo e mudo durante a campanha eleitoral” relativamente a “um dos casos mais graves que aconteceram nas últimas décadas”. Rui Rio, contudo, atira a toalha ao chão: contra maiorias não há argumentos. “Tancos já foi muito debatido na campanha, passámos agora o tema para sede própria, que é o Parlamento, não tenho nada de especial a dizer sobre isso”, começou por responder Rio aos jornalistas, à margem de uma visita a uma fábrica de parafusos em Águeda, onde almoçou com os trabalhadores.

Assembleia da República só volta a discutir Tancos depois das eleições

“Se o Parlamento entendeu que deve ser para a semana, que o assunto não deve ser debatido em campanha eleitoral, então se a maioria decidiu, está decidido”, disse o líder do PSD, considerando que “ninguém morre por isso” e admitindo que acharia útil fazer esse debate antes da ida às urnas, mesmo que pudesse soar a eleitoralismo. Aí, dependeria do tom em que o debate se desenrolasse. “Se o debate corresse com elevação não podia ser acusado de eleitoralismo”, afirmou.

Resumindo, ao contrário de Assunção Cristas, que se atirou a Ferro Rodrigues, dizendo que estava a ser “parcial” e que estava “mais preocupado em proteger o PS e o Governo” do que o Parlamento no caso de Tancos, Rui Rio lavou daí as suas mãos: “Não vou fazer um barulho incrível porque não há reunião da comissão permanente esta semana”. Para o líder do PSD, contudo, esta é a prova de que a “geringonça” existe por motivos eleitorais, e vai voltar a existir se for preciso. “O PS afasta-se do BE e do PCP por razões eleitorais, se for necessário depois fazer uma geringonça outra vez. Se tiverem de deitar mão a nova geringonça, deitam”, disse.

Mário Centeno foge porque “tem medo”. “Porque o que diz é mentira”

Se há tema que Rui Rio não quer largar é o duelo de Centenos. Embalado pelo facto de, esta quarta-feira, o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, ter escrito um artigo no jornal Eco a descredibilizar as contas do PSD, Rui Rio volta a atirar-se a Mário Centeno, que acusa de “fugir” porque “mente”.

“O PS voltou agora a descredibilizar o quadro macroeconómico do PSD, mas quando dizemos para Mário Centeno debater, ele continua a fugir. Agora meteu o secretário de Estado do Orçamento a dizer o mesmo. Ele foge porque tem medo, porque tem a certeza que não é capaz de sustentar o que tem dito, porque o que tem dito é mentira”, disse.

Depois de uma passeata pelo centro de Santa Maria da Feira, com o histórico social-democrata Ângelo Correia, Rui Rio assume que não vai revelar o seu governo às “pinguinhas”, e que, ao contrário do que poderia sugerir a presença de Ângelo Correia ali, o nome do ministro da Defesa ainda não é dos que tem mais fechado para si. Rio está apostado em convencer os indecisos do centro nestes três dias que faltam até às urnas. Porque “são os do centro que têm a palavra final, não são os que são assumidamente de esquerda ou de direita”.

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