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O que é o vírus zika?

Zika é um arbovírus, um grupo de vírus transmitidos por insectos ou aracnídeos e que neste caso é transmitido por mosquitos. Dentro deste grupo também se incluem vírus como dengue, chikungunya ou febre amarela. Outros arbovírus podem ser transmitidos por pulgas ou carraças.

O vírus foi isolado pela primeira vez em 1947, em macacos-rhesus (Macaca mulatta), na floresta Zika do Uganda. Um ano depois foi encontrado em mosquitos Aedes africanus na mesma floresta e no início dos anos 1950 em humanos.

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“O vírus foi sendo encontrado em humanos durante pequenos surtos esporádicos e irregulares, [primeiro] em regiõs de África, em especial na África ocidental, e subsequentemente no sudeste asiático”, diz Andrew Easton, professor de virologia na Universidade de Warwick (Reino unido). “Nos casos reportados na altura, os sintomas da doença eram vistos em aproximadamente 20% dos infetados e os restantes não mostraram sinais óbvios da doença.”

Em 2007, houve um grande surto da ilha Yap da Micronésia (oceano Pacífico), onde cerca de 75% da população foi infetada, refere o site da Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO). No Chile, mais propriamente na ilha da Páscoa, o surto iniciou-se a 3 de março de 2014 e manteve-se ativo até junho. Em maio de 2015 começou a ser reportado no Brasil e a partir de outubro espalhou-se a outros países da América do Sul.

“[Na América do Sul] aconteceu provavelmente porque alguma pessoa infetada, que pode nem ter tido sintomas, foi mordida por um mosquito que transferiu o vírus para outras pessoas”, refere Andrew Easton. Os mosquitos vetores de doenças já estavam identificados como um problema frequente na região do globo.

 

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Como é transmitido o vírus zika?

O zika é um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, tal como o vírus da dengue ou da febre amarela. Portanto, basta que o mosquito exista e que entre no país uma pessoa portadora da doença para que se torne possível a disseminação do vírus. Isto porque, quando o mosquito morde à procura de sangue para se alimentar, pode levar o vírus juntamente com a refeição. Quando picar outra pessoa, o vírus aproveita para trocar de hospedeiro.

Se o vírus tiver o respetivo vector [neste caso, o mosquito Aedes aegypti] e for introduzido numa população totalmente susceptível é esperado que a transmissão se torne epidémica”, refere Laura Rodrigues, professora de Epidemiologia de Doenças Infecciosas, na Escola Superior de Higiene e Medicina Tropical (Londres). “O mistério é porque não terá havido surtos noutros países onde o vírus já foi isolado [encontrado num hospedeiro].”

Há fatores que podem potenciar a transmissão do vírus além da presença do mosquito, como densidades populacionais grandes e locais ideais para a reprodução do mosquito (zonas de água parada). “Trata-se de um mosquito doméstico, que raramente é encontrado a mais de 100 metros de habitações humanas”, acrescenta Laura Rodrigues.

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Que outros mosquitos podem transmitir o vírus?

Embora até agora o mosquito Aedes aegypti tenha sido identificado como o principal vetor da doença, outras espécies de mosquitos dentro do género Aedes também poderão transmitir o vírus, assim como acontece com outros vírus transmitidos por mosquitos (por exemplo o dengue).

Durante o surto de dengue e chikungunya no Gabão, em 2007, os investigadores detetaram que a espécie de mosquito asiático Aedes albopictus, recém-chegada a África, seria um dos vetores possíveis, como publicaram na revista científica PlosOne. Na mesma altura encontraram o vírus zika tanto em humanos como nos mosquitos desta espécie.

O mosquito Aedes albopictus também já foi encontrado na Europa, nomeadamente no sul de Espanha, em França e na Itália.

Também em 2007, houve um surto de zika na ilha Yap da Micronésia. Na altura, a espécie de mosquito mais frequente na ilha era Aedes hensilli. E embora não tivesse sido encontrado o vírus nos adultos ou larvas dessa espécie, foi possível demonstrar em laboratório que este mosquito tinha potencial para transmitir o zika, conforme publicado.

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Quais as vias alternativas de transmissão o vírus?

Parece ser forte a possibilidade de o vírus ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez – o vírus foi encontrado no líquido amniótico que envolve o bebé -, talvez até mesmo durante o parto, mas é preciso fazer mais investigação sobre este modo de transmissão. Até agora não houve nenhum indício de que as crianças pudessem ser infetadas durante o aleitamento, referem os Centros de Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos.

Também ainda não existe confirmação de que possa ser transmitido entre duas pessoas sem a intervenção do mosquito, mas como já foi isolado no sémen de um indivíduo é preciso considerar a transmissão por via sexual – ainda que uma possibilidade remota, precisa de ser melhor estudada, como refere Andrew Easton, professor de virologia na Universidade de Warwick.

Houve um caso de transmissão sexual e, teoricamente, a transmissão por transplante ou transfusão não pode ser excluída”, alerta Alain Kohl, investigador do MRC-Centro de Investigação em Vírus da Universidade de Glasgow (Reino Unido).

“É uma situação nova. Até há alguns meses não sabíamos que o vírus zika podia causar infeções congénitas e microcefalia”, nota Laura Rodrigues, professora de Epidemiologia de Doenças Infecciosas, na Escola Superior de Higiene e Medicina Tropical (Londres). “Apanhou-nos a todos de surpresa. Há muito pouca investigação sobre o zika porque era visto como um vírus sem importância para a saúde pública.

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Quais as consequências da doença?

Os sintomas são muito semelhantes aos da dengue, mas manifestam-se de uma forma menos agressiva: mal-estar, febre baixa, erupção cutânea, comichão e conjuntivite. Em alguns casos raros foram documentadas complicações neurológicas, como a síndrome de Guillain-Barré, embora ainda não esteja garantida a relação entre o zika e a síndrome. Nesta síndrome, o sistema imunitário ataca o sistema nervoso periférico, podendo manifestar-se por fraquezas nas pernas, nos braços ou até na paralisia de alguns músculos.

Durante os surtos na Polinésia Francesa e no Brasil, em 2013 e 2015 respetivamente, as autoridades nacionais de saúde relataram a possibilidade de complicações neurológicas e autoimunes devido ao vírus zika”, refere a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“A doença era moderada, com febre, erupção cutânea, dores de cabeça e alguns sintomas adicionais. Esses continuam os sinais mais comuns, mas o leque completo de sintomas nem sempre é encontrado”, explica Andrew Easton, professor de virologia na Universidade de Warwick.

Sabe-se tão pouco sobre a doença que ainda não foi possível definir o período de incubação (desde a exposição até aos primeiros sintomas). Prevê-se que possa ir de poucos dias a uma semana. A doença em si também poderá durar até uma semana. Após este período, o vírus já não é encontrado no sangue das pessoas, embora haja algumas excepções que mantém o vírus durante mais tempo.

É raro que as pessoas sejam hospitalizadas e mais raro ainda encontrar registos de morte causados por esta doença, referem os Centros de Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos (CDC). Até agora não eram conhecidos casos de morte, mas no Brasil já existem pelo menos três confirmados, refere o jornal espanhol El País. Um bebé com três anos, uma jovem com 16 e um adulto que também tinha lúpus.

Assim, a grande preocupação neste momento é que o vírus afete o desenvolvimento dos bebés, incluindo que seja a causa do elevado número de bebés com microcefalia no Brasil – até ao momento quatro mil casos.

Apesar de uma ligação causal entre a infeção com zika durante a gravidez e a microcefalia ainda não estar estabelecida – e devo reforçá-lo -, os indícios são sugestivos e extremamente preocupantes”, nota a Margaret Chan, diretora geral da OMS, citada pelo Guardian. “Um aumento da ocorrência de sintomas neurológicos, observado em alguns países coincidentes com a chegada do vírus, faz aumentar a preocupação.”

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Como se faz o diagnóstico e tratamento?

Existem dois motivos principais para tornar difícil a deteção de infeções por vírus zika: primeiro, apenas uma em cada cinco pessoas apresentam sinais da doença; depois, os sintomas são muito semelhantes aos da dengue e chikungunya.

Apesar da semelhança na generalidade dos sintomas, existem alguns deles que são mais frequentes numa ou noutra doença. Os doentes com zika podem apresentar erupções cutâneas e conjuntivite, os que têm dengue podem apresentar hemorragias e os que têm chikungunya podem ter febres mais altas e tantas dores nas articulações, que chegam a tornar-se incapacitantes.

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Laura Rodrigues, professora de Epidemiologia de Doenças Infecciosas, na Escola Superior de Higiene e Medicina Tropical (Londres), apresenta outras limitações à deteção e tratamento da doença. “Não há vacina, não sabemos se uma pessoa infetada se torna imune, não há bons testes de diagnóstico e nenhum tratamento. A maior parte da investigação precisa de ser feita – e vai ser feita – com um grande esforço internacional, para, esperemos, chegar a um maior conhecimento e talvez a uma vacina em um par de anos.”

Porque é que ainda não existe uma vacina contra o zika?

As empresas farmacêuticas Glaxo e a Sanofi estão neste momento a avaliar se as vacinas existentes podem ser usadas nos casos de infeções com zika, mas ainda se sabe muito pouco sobre este vírus para poder tirar conclusões, como noticiou o jornal britânico The Guardian.

O tratamento, neste momento, passa por aliviar os sintomas: beber muitos líquidos para evitar a desidratação, repousar bastante, tomar medicamentos que aliviem as dores e a febre – exceto aspirina, ibuprofeno ou naproxeno, enquanto não for descaratada a possibilidade de dengue.

Cabe também a cada doente evitar ser picado por mosquitos, para diminuir a probabilidade de esses mosquitos infetarem outras pessoas.

Aconselha-se também que quem regresse de países onde existam casos de zika, dengue, chikungunya ou outras doenças, se mantenha atento a qualquer sintoma, como febre, dores musculares ou erupções cutâneas, pelo menos durante duas semanas. Quando for ao médico, deve indicar em que país esteve.

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Quais as recomendações das autoridades de saúde?

Todas as pessoas que vivam ou viajem para zonas onde exista o vírus zika e que nunca tenham sido infetadas com o mesmo – ou seja, que não tenham anticorpos contra o vírus – estão potencialmente em risco de ficar doentes.

As precauções para evitar a infeção com o vírus zika são semelhantes às da dengue e chikungunya. O importante é evitar a picada dos mosquitos que atacam durante o dia, como aconselham os Centros de Controlo e Prevenção de Doença norte-americanos. Logo aconselham-se o uso de mangas compridas e calças tratadas com repelente ou o uso de repelente nos braços e pernas expostas.

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Adicionalmente é recomendado que se mantenham as janelas fechadas ou com mosquiteiros, para os mosquitos não entrarem em casa, e que se eliminem os locais com água parada onde os mosquitos podem pôr os ovos, como os bebedouros dos animais, os pratos dos vasos das plantas ou outras bacias. Os tanques de água para consumo devem ser cobertos com uma rede para que os mosquitos não os possam usar.

Sem saber se pode haver transmissão pelos transplantes e transfusões de sangue, todas as normas de segurança devem ser cumpridas.

Há quase 30 anos que o mosquito transmite doenças à população brasileira, mas as autoridades de saúde ainda não conseguiram resolver o problema. “Nós combatemo-lo desde então, mas estamos a perder a guerra contra o Aedes aegypti”, disse Marcelo Castro citado pelo portal G1, do grupo Globo. Dia 13 de fevereiro, 220 mil militares estarão nas ruas do país a sensibilizar e esclarecer os cidadãos sobre o mosquito e a prevenção da picada.

O Carnaval, que tem ligar ainda antes da campanha de sensibilização, e os Jogos Olímpicos do Rio, que terão lugar em agosto, são razão para as preocupações acrescidas das autoridades de saúde brasileiras. Os locais são propícios para a formação de poças de água parada e os mosquitos poderão facilmente contaminar muitas pessoas em pouco tempo. Uma das medidas será a pulverização dos espaços com inseticida.

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Que precauções deverão tomar as grávidas?

Uma grávida está tão exposta às picadas de mosquitos como qualquer outro adulto ou criança e deve tomar as mesmas precauções recomendadas para os restantes, como usar repelente de insetos – tendo em atenção se têm certificação da agência do ambiente. Mas existe o risco de a mãe durante a gravidez ou o parto passar a infeção ao bebé.

Pelo menos para o dengue e chikungunya já foi demonstrado que à transmissão de mãe para filho durante o parto, refere a Organização Pan-Americana de Saúde (PAHO).

A 28 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde brasileiro, citado pela PAHO, estabeleceu uma relação entre o aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos e as infeções com o zika no nordeste do país. Ainda segundo o ministério, o maior risco de malformações para o bebé acontecerá durante o primeiro trimestre de gravidez, mas mais investigação é necessária.

Os Centros de Controlo e Prevenção da Doença (CDC) aconselham as mulheres, em qualquer fase da gravidez ou que estejam a pensar engravidar, a evitar fazer viagens para países onde o surto de zika esteja ativo. Se tiverem de o fazer, aconselhem-se com o médico de família ou numa consulta de medicina do viajante.

As provas de que existe uma ligação são relativamente fortes e são consideradas suficientemente fortes para garantir medidas de saúde pública”, Laura Rodrigues, professora de Epidemiologia de Doenças Infecciosas, na Escola Superior de Higiene e Medicina Tropical (Londres). “As evidências incluem a associação temporal entre os surtos de zika e os surtos de microcefalia no Brasil e Polinésia Francesa.”

Como o vírus desaparece do sangue em poucos dias, salvo raras exceções, as mulheres que tenham estado infetadas não correm o risco de infetar o bebé numa gravidez futura. No entanto, as mulheres na Colômbia, Equador, El Salvador e Jamaica foram aconselhadas a atrasar os projetos de gravidez até que seja conhecidos mais dados sobre o vírus.

Various brands of repellent are seen in a pharmacy in Sao Paulo, Brazil on January 21, 2016. In the last three months, product prices in some pharmacies rose up to 62% due to outbreaks of dengue, chikungunya and zika virus, transmitted by the Aedes aegypti mosquito. AFP PHOTO/Miguel SCHINCARIOL / AFP / Miguel Schincariol (Photo credit should read MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/Getty Images)

Se os repelentes de insetos estiverem certificados pela agência do ambiente do país, à partida, não haverá risco para a grávida ou para o bebé – MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/Getty Images

Pensa-se que vírus seja neurotrópico, isto é, que cresça no cérebro do feto e destrua as estruturas do cérebro em formação, levando a malformações e microcefalia, explica Laura Rodrigues, professora de Epidemiologia de Doenças Infecciosas, na Escola Superior de Higiene e Medicina Tropical (Londres).

Diz-se que um bebé tem microcefalia quando o perímetro do crânio é mais pequeno do seria esperado para aquela idade e sexo. Pode ser causada por uma infeção, por outros agentes ambientais, como radiação, mas também ter origem genética. Não existe tratamento para a microcefalia e tudo o que os médicos podem fazer é um acompanhamento de perto, porque a doença pode causar convulsões, atrasos no desenvolvimento, dificuldades na alimentação e até colocar a vida da criança em risco.

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Onde já se identificaram casos da doença?

Durante o surto presente já foram identificados casos em vários países da América do Sul, na América do Norte e até casos na Europa. A Organização Mundial de Saúde acredita mesmo que o vírus se pode espalhar em todos os países do continente americano, com excepção do Chile e Canadá.

Desde a semana 17 de 2015 à semana 3 de 2016, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, havia casos autóctones (não importados) nos seguintes países: Barbados, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guadeloupe, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, República Dominicana, Saint Martin, Suriname e Venezuela.

Também com casos ativos nesta altura estão as ilhas de Cabo Verde e as ilhas Samoa, no oceano Pacífico, como reportam os Centros de Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos.

Os oito caso detetados nos Estados Unidos e a criança nascida com microcefalia no Havai dizem respeito a pessoas que tinham estado na América do Sul, onde foram infetadas. No caso da criança, a mãe tinha estado num país com zika durante a gravidez.

Como está dependente dos mosquitos Aedes, o vírus pode disseminar-se em regiões tropicais e subtropicais. No passado já tinha sido identificado em África, no sudeste asiático e na Oceânia, nomeadamente Micronésia e Polinésia Francesa.

O ministro da Saúde do Brasil, citado pela editora de artigo científicos PlosOne, diz que já terão sido infetados cerca de 1,5 milhões de pessoas em 21 dos 27 estados. Até meados de janeiro, 3.530 casos de microcefalia tinham sido potencialmente relacionado com infeções por zika, dos quais 46 crianças tinham morrido.

Os três casos no Reino Unido (todos importados) e outros que possam vir a surgir no norte da Europa não apresentam grande preocupação porque o mosquito não é capaz de resistir ao frio. Mas caso se venha a demonstrar que o vírus tem outras formas de transmissão, as preocupações serão outras.

Já o sul da Europa, ainda que possa não existir grandes motivos para preocupação por agora, convém que se mantenha atento. Segundo um estudo publicado no ano passado, com o aumento da temperatura global, os mosquitos que vivem normalmente em climas mais quentes podem começar a espalhar-se na Europa. O Aedes albopictus, outro dos mosquitos que transmite o dengue e pode potencialmente transmitir o zika, já foi identificado no sul de Espanha, em França e na Itália.

“Uma vez que que o mosquito esteja integrado no novo local nunca mais desaparece”, alertou na altura Jorge Atouguia, antigo professor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical.

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Qual a situação em Portugal?

Até ao momento já foram confirmados seis casos em cidadãos que regressavam do Brasil (cinco) e da Colômbia (um), onde terão sido infetados, segundo o diretor-geral de Saúde. Todos os casos evoluíram favoravelmente.

Na Madeira, embora exista o mosquito que funciona como vector para o dengue, ainda não houve nenhum caso de dengue, refere a Direção-Geral de Saúde (DGS). Há vários anos que existe um sistema de deteção precoce e vigilância epidemiológica e de vetores, e as Autoridades de Saúde Regionais estão acompanhar a evolução da situação.

A confirmação do diagnóstico é feita pelos laboratórios do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa).

O Insa, através do Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas (CEVDI), em Águas de Moura, é detentor de conhecimento específico sobre este vírus e faz diagnóstico para o vírus há vários anos. No final do ano passado deu formação a especialistas do Brasil, Panamá e Venezuela.

Todas as pessoas que regressem de países afetados, e que apresentem qualquer sinal da doença até 12 após o regresso, devem contactar a Saúde 24 (808 24 24 24), referindo a viagem recente. Todas as grávidas que regressem dos países afetados estão aconselhadas a ir ao médico, porque nem sempre as pessoas infetadas apresentam sintomas.

Vídeo disponibilizado numa plataforma regional com informação detalhada sobre a vigilância da presença do mosquito.

Em comunicado, a DGS apresentou as medidas de prevenção para esta situação, comuns às recomendações de organizações de saúde:
1. Antes do início da viagem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante, em especial mulheres grávidas;
2. No país de destino seguir as recomendações das autoridades locais;
3. Assegurar proteção contra picada de mosquitos:
* utilizando vestuário adequado para diminuir a exposição corporal à picada;
* optando preferencialmente por alojamento com ar condicionado;
* utilizando redes mosquiteiras;
* ter especial atenção aos períodos em que os mosquitos do género Aedes picam mais frequentemente – a meio da manhã e desde o entardecer ao pôr do sol;
* aplicar repelentes de insetos observando as instruções do fabricante.

Em relação ao uso de repelentes, a DGS alerta que crianças e mulheres grávidas devem utilizar repelentes de insetos mediante o aconselhamento de um profissional de saúde, mas que não devem ser recomendados para recém-nascidos com idade inferior a três meses. O repelente de insetos deve ser usado por cima do protetor solar.

Neste momento, ainda não existem restrições de viagens para as zonas onde o vírus esteja a circular, indica a DGS.

Portugal tem baixo risco para surto de zika, mas a Madeira e Espanha têm o mosquito