- O que é a raiva?
- E qual é a diferença entre a raiva saudável e a raiva problemática?
- O que é a Perturbação Explosiva Intermitente (PEI)?
- Como se diagnostica a PEI?
- O que causa esta perturbação?
- Quais são as principais características destes episódios de raiva?
- A pessoa consegue controlar estes episódios sozinha?
- Como se trata, então, a Perturbação Explosiva Intermitente?
- Só esta perturbação é que causa episódios de raiva?
Explicador
- O que é a raiva?
- E qual é a diferença entre a raiva saudável e a raiva problemática?
- O que é a Perturbação Explosiva Intermitente (PEI)?
- Como se diagnostica a PEI?
- O que causa esta perturbação?
- Quais são as principais características destes episódios de raiva?
- A pessoa consegue controlar estes episódios sozinha?
- Como se trata, então, a Perturbação Explosiva Intermitente?
- Só esta perturbação é que causa episódios de raiva?
Explicador
O que é a raiva?
A raiva é considerada uma das emoções humanas mais básicas, juntamente com a tristeza, a alegria, o nojo e o medo. É uma emoção normal, saudável e útil, relacionada com a reação de “lutar” — ainda que não fisicamente. Surge muitas vezes quando se está perante uma situação ameaçadora ou quando se é confrontado com alguma coisa que se considera uma injustiça. É, no fundo, um impulso de proteger e defender o que é importante para nós.
E qual é a diferença entre a raiva saudável e a raiva problemática?
A principal diferença está na frequência e na intensidade dos episódios de raiva, assim como na capacidade de autocontrolo que a pessoa tem — ou não — em relação à raiva que sente.
É natural que em algumas situações, quando alguém se sente ameaçado, frustrado e zangado, possa sentir também um impulso agressivo — seja ele bater, ofender, partir um objeto ou dar um murro numa porta. No entanto, a maioria das pessoas não sente estes impulsos com frequência e, quando isso acontece, consegue refreá-los e encontrar outras formas de expressar o desagrado e a zanga ou de defender o que é importante para si.
Outra coisa é a raiva problemática: quando estes impulsos são sentidos com frequência — por coisas aparentemente pequenas — e há uma incapacidade em controlar esse ímpeto agressivo. Este é um comportamento que está associado a um quadro de Perturbação Explosiva Intermitente.
O que é a Perturbação Explosiva Intermitente (PEI)?
É uma perturbação do controlo de impulsos que leva a pessoa a ter episódios recorrentes de explosões de raiva violentas e agressivas, verbais ou físicas, desproporcionais aos eventos que lhes dão origem. Em alguns casos os episódios são muito frequentes (pelo menos dois por semana), mas de baixa intensidade, noutros a frequência com que ocorrem é baixa (pelo menos três vezes por ano), mas são muito violentos.
Como se diagnostica a PEI?
Os critérios para diagnóstico desta perturbação, esclarece a psicóloga clínica Ana Rita Monteiro, incluem:
- Agressão verbal ou física sem dano duas vezes por semana durante três meses ou agressão verbal ou física com dano (mínimo de três explosões) ao longo de 12 meses;
- Agressão dirigida a indivíduos, animais ou propriedades;
- Cada episódio dura menos de trinta minutos;
- A agressividade é desproporcional à provocação;
- A pessoa não resiste a ter uma explosão;
- Causa sofrimento no indivíduo ou prejuízo no funcionamento ocupacional ou interpessoal;
- A pessoa reage de forma natural entre as explosões.
O que causa esta perturbação?
A PEI afecta principalmente homens e, como acontece com outras perturbações, não há uma causa única. Há vários fatores, uns biológicos, outros ambientais.
Os fatores hereditários explicam em parte a doença, já que, explica Ana Rita Monteiro, “foi confirmada uma componente genética de 44%–72%” e sabe-se ainda que “é mais comum em familiares de primeiro grau de pessoas com PEI”. Por outro lado, pensa-se que alguns fatores neurobiológicos são também relevantes, entre eles, “elevados níveis de testosterona” e “alterações anatómicas em algumas zonas do cérebro, nomeadamente no córtex pré-frontal e amígdala”.
E parece haver também uma relação com questões ambientais, uma vez que a investigação mostra que “indivíduos com história de trauma físico ou emocional durante os primeiros vinte anos de vida têm risco aumentado de PEI”.
Quais são as principais características destes episódios de raiva?
Além dos sintomas comportamentais, como agredir física e verbalmente os outros, partir objetos e, eventualmente, automutilar-se ou levar a cabo tentativas de suicídio, os ataques de raiva associados à PEI têm também sintomas físicos, diz a psicóloga Ana Rita Monteiro. “É o caso da tensão ou aumento de pressão no peito ou na cabeça antes de um episódio, tensão muscular, cefaleias [dor de cabeça], palpitações, formigueiros ou tremores”, entre outros.
Outros sintomas (cognitivos e de comportamento) incluem “pouca ou nenhuma capacidade de concentração, pensamentos descontrolados e prejuízo no funcionamento académico ou ocupacional, sensação de falta de controlo, baixa tolerância à frustração, mudanças de humor e irritabilidade”. É ainda frequente que, depois do episódio, a pessoa tenha sentimentos de culpa e vergonha por não se ter conseguido controlar.
A pessoa consegue controlar estes episódios sozinha?
Exercícios de relaxamento, de respiração e meditação, bem como refletir sobre os eventos que conduzem a estes acessos de raiva (os gatilhos) podem ajudar a pessoa a evitar a frequência ou intensidade das crises e a melhorar o seu autoconhecimento. No entanto, uma pessoa com uma perturbação mental dificilmente consegue controlar a doença e os seus sintomas sozinha.
Como se trata, então, a Perturbação Explosiva Intermitente?
A pessoa deve sempre procurar ajuda, junto de um psiquiatra ou psicólogo, para receber um tratamento adequado e especializado que a ajude a melhorar.
Nesta perturbação, como noutras, não se fala propriamente em cura, mas é possível diminuir bastante os sintomas, sobretudo através da conjugação de medicação com psicoterapia.
Ana Rita Monteiro explica que o médico psiquiatra pode prescrever alguns medicamentos, nomeadamente antidepressivos, estabilizadores de humor e/ou anticonvulsivantes e que o trabalho de psicoterapia passa por “fazer com que as pessoas reconheçam e verbalizem sentimentos antes de terem episódios de explosões violentas, o que as ajuda a reconhecer os impulsos, na esperança de alcançar um nível de consciência e controlo das explosões, além de tratar o stress emocional que acompanha esses episódios”. Envolve também técnicas de relaxamento e de confronto com várias situações, de forma a desenvolver habilidades sociais.
As famílias das pessoas com esta perturbação também beneficiam de apoio — seja individual, seja terapia familiar — para aprenderem a lidar com estes comportamentos que lhes causam muito sofrimento a quem partilha o dia a dia com o doente.
Só esta perturbação é que causa episódios de raiva?
Não. Quando os ataques de raiva ocorrem com este tipo de frequência e/ou intensidade, é essencial procurar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, para que seja feita uma avaliação e um diagnóstico correto, já que é necessário “excluir outras doenças mentais, condições médicas ou uso de substâncias”. A especialistas frisa que “os ataques de raiva podem estar associados não só à PEI, mas também ao stress, depressão e perturbação de personalidade, entre outros”.