Circula nas redes sociais uma publicação em que se alega que a plataforma de reserva de alojamentos Airbnb alertou os seus utilizadores para um novo confinamento global, decretado por governos de todo o mundo, a partir do dia 6 de junho de 2024.
Várias versões da publicação consultadas pelo Observador contêm uma imagem com aquilo que aparenta ser uma captura de ecrã de um email enviado pela plataforma para os seus utilizadores. No assunto do email lê-se: “Airbnb: espere que os governos restrinjam as viagens a partir de 6 de junho de 2024.”
O corpo do email inclui um aviso para uma mudança nas políticas internas da plataforma. Passa a estar em vigor uma “política de grandes acontecimentos disruptivos”, relacionada com a possibilidade de reembolso das estadias no caso de um acontecimento inesperado impedir a viagem: de acordo com a política, “acontecimentos meteorológicos previsíveis no local da reserva são explicitamente elegíveis para cobertura se resultarem noutro acontecimento coberto, como o impedimento de viagens ou uma interrupção de serviço público por parte do governo”. Por outro lado, acontecimentos inesperados que impeçam o cliente de viajar deixam de estar cobertos.
A imagem é acompanhada, contudo, de um texto que vai mais longe do que o conteúdo do email. “Preparem-se para mais um possível confinamento que se espera que comece no dia 6/6/24”, lê-se. “Está a ser relatado que a Airbnb antecipa um acontecimento governamental de grande escala que vai tornar a impor confinamentos a partir de 6 de junho de 2024.”
O texto inclui ainda várias declarações conspiracionistas, incluindo a ideia de que isto é um “espetáculo” levado a cabo por uma “cabala” global, e um conjunto de “recomendações”, como acumular em casa bens essenciais para “algumas semanas”, criar um plano de poupanças para a possibilidade de perder o emprego, preparar as condições para o trabalho à distância, entre outras.
Trata-se, contudo, de uma publicação falsa. A plataforma Airbnb enviou, efetivamente, um email a avisar os seus utilizadores para as alterações nas regras para os reembolsos no caso de cancelamentos motivados por grandes acontecimentos disruptivos. Aliás, a versão completa dessa explicação está também publicada no site oficial da plataforma e pode ser consultada aqui.
Ao Observador, um porta-voz da plataforma Airbnb em Portugal confirmou a falsidade desta publicação. “Isto é falso e já muitas vezes desmentido pela Airbnb”, disse um responsável de comunicação, a quem o Observador mostrou uma captura de ecrã da publicação. “A Airbnb anunciou há algumas semanas uma atualização da política anteriormente denominada ‘Política de Causas de Força Maior’, passando a chamar-se ‘Política de Grandes Eventos Disruptivos’. Este novo nome entra em vigor no dia 6 de junho. E é tudo.” O mesmo responsável remeteu para a explicação publicada online pela Airbnb em março deste ano.
A alegação falsa terá tido origem num artigo publicado na plataforma Substack que especulava que a Airbnb estava a implementar a nova política para se proteger de previsíveis novos confinamentos. O texto teve depois milhões de visualizações no Twitter, antes de dar origem a múltiplas publicações virais como as que o Observador consultou. No caso da imagem que surge nesta publicação, o conteúdo do email é verdadeiro, mas o conteúdo do campo “assunto” não.
Conclusão
É falso que a Airbnb tenha avisado os seus utilizadores para “esperarem” novos confinamentos a partir do dia 6 de junho de 2024. A plataforma confirmou ao Observador que se limitou a enviar aos utilizadores um aviso para a mudança das suas políticas de cancelamento e reembolso em situações de força maior (e dá como exemplos situações de restrições de viagens por parte de governos).
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.