Uma publicação nas redes sociais alega que Chelsea Clinton, filha do antigo Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, declarou que “as crianças não vacinadas na América devem ser forçadas a tomar a vacina de mRNA”, a tecnologia usada nas vacinas contra a Covid-19, “com ou sem o consentimento dos pais”. O post, que reproduz uma alegada notícia onde Clinton é diretamente citada, refere que a filha do ex-Presidente e de Hilary Clinton “espera forçar crianças não vacinadas” através de uma nova iniciativa chamada “The Big Catch-Up”.
A notícia em questão, que na publicação aparece traduzida para português, foi publicada no The People’s Voice, uma nova versão do News Punch, um site conhecido por publicar notícias falsas e histórias baseadas em teorias da conspiração.
O artigo original é baseado em declarações feitas por Chelsea Clinton numa conferência sobre saúde global promovida pela revista norte-americana Fortune a 25 de abril na cidade de Marina del Rey, na Califórnia. Clinton participou na iniciativa enquanto vice-presidente da Clinton Health Access Iniciative (CHAI), uma organização sem fins lucrativos criada por Bill Clinton que promove cuidados de saúde em países em vias de desenvolvimento.
Durante o evento, Clinton falou de uma nova iniciativa desenvolvida pela CHAI em estreita colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a The Big Catch-Up, que pretende assegurar a vacinação de crianças e restaurar o progresso de imunização nestas regiões do globo. De acordo com uma notícia publicada na Fortune a 26 de abril, um dia depois do evento, desde o início da pandemia, milhões de crianças ficaram com as suas vacinas em atraso. Os números, assim como a iniciativa da CHAI e da OMS, referem-se às “vacinas essenciais”.
Referindo-se especificamente à realidade norte-americana, a filha de Bill e Hilary Clinton lamentou que a pandemia de Covid-19 tenha gerado uma maior hesitação relativamente à vacinação, defendendo que é necessário vacinar as crianças para impedir a propagação de doenças como o sarampo ou a poliomielite.
Ao contrário do que refere a publicação, Clinton não declarou que era tempo de forçar a vacinação das crianças na América, mas que a vacinação era importante para impedir que os menores sejam vítimas de determinadas doenças. É isso que refere a notícia da Fortune e foi isso que foi garantido à Associated Press pela porta-voz da vice-presidente da CHAI, Sara Horowitz, num email enviado à agência de notícias.
A Fortune partilhou nas redes sociais um vídeo com as declarações de Chelsea Clinton: “Ninguém devia morrer de poliomielite, sarampo ou pneumonia. Também precisamos neste país [Estados Unidos] de que as pessoas vacinem os seus filhos”.
"No one should die of polio, or measles, or pneumonia, says @ChelseaClinton, vice chair of the @ClintonFdn, at #FortuneHealth.
“Including in this country, where we also need people to vaccinate their kids.” https://t.co/IPdEkxZaXN pic.twitter.com/PsrAT6CEul
— Fortune Brainstorm Health (@bstormhealth) April 25, 2023
Já Daniel Epstein, porta-voz da OMS, especificou à Associated Press que a The Big Catch-Up não obriga à vacinação de nenhuma criança.
Conclusão
Chelsea Clinton não afirmou que “as crianças não vacinadas na América devem ser forçadas a tomar a vacina de mRNA com ou sem o consentimento dos pais”, mas que é importante vacinar os menores para impedir a propagação de doenças como o sarampo ou a poliomielite. A publicação em causa cita um conhecido site de notícias falsas, que costuma publicar histórias com base em teorias da conspiração.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.