Estão a circular na rede social Facebook várias publicações que alegam ter existido nos últimos dias uma operação anti-terrorista na zona do Braço de Prata, em Lisboa, na qual teriam sido detidos dezenas de cidadãos de nacionalidade argelina por terem na sua posse bombas artesanais.

“Em Braço de Prata, em Lisboa, junto ao quartel da GNR, há uns prédios devolutos. Fizeram lá uma operação, estavam lá metidos uns 30 argelinos, e o pior é que estavam cheios de bombas artesanais, obviamente chamaram as minas e armadilhas [da GNR]. Isto foi hoje de manhã, foi um aparato do caraças e na comunicação social 0”, diz uma das publicações. Mas terá uma operação descoberto bombas artesanais em plena cidade de Lisboa?

Contactada pelo Observador, a Guarda Nacional Republicana diz ter tido conhecimento de uma ocorrência no dia 21 de agosto naquele local, mas realça desconhecer o que esteve em causa, remetendo esclarecimentos para a Polícia de Segurança Pública, a força policial que atua naquela zona da cidade. Ao Observador, a Direção Nacional da PSP confirma ter-se deslocado ao local referido, esclarecendo não ter encontrado quaisquer bombas artesanais, nem ter feito qualquer operação anti-terrorista.

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“No passado dia 21 de agosto, pelas 21h05, Polícias da Esquadra de Chelas deslocaram-se à Rua do Vale Formoso [a mesma onde se situam os edifícios devolutos] por haver notícia de distúrbios. Ao chegarem ao local contactaram com uma lesada, que reside naquela artéria, que informou ter sido injuriada e ameaçada por um suspeito de nacionalidade estrangeira, também residente naquela morada. O suspeito já é conhecido pela PSP por causar desacatos, tendo sido devidamente identificado e elaborado o respetivo auto de notícia por injúrias e ameaças”, começa por explicar a PSP.

“No dia seguinte, os Polícias da Esquadra de Chelas foram contactados por Guardas da GNR que haviam encontrado no referido local de ocorrência uma tampa em metal envolta num fio e numa rede metálica. O referido objeto foi apreendido e remetido para o Ministério Público, bem como todo o expediente elaborado”, continua a PSP, rematando: “Importa frisar que, no local referido, encontram-se diversas instalações devolutas que pertencem à Infraestruturas de Portugal, onde pernoitam vários indivíduos, o que gera algum sentimento de insegurança nos residentes, factos estes que já eram do conhecimento a PSP e que se encontram a ser analisados em parceria com a Junta de Freguesia de Marvila”.

Conclusão

A GNR não levou a cabo qualquer operação anti-terrorista na zona de Braço de Prata, em Lisboa, nem encontrou quaisquer bombas artesanais. De facto, uma força policial — neste caso a PSP — deslocou-se a uma ocorrência na Rua do Vale Formoso, onde existem alguns edifícios devolutos, tendo identificado um suspeito por injúrias e ameaças a uma mulher. No dia seguinte, a PSP foi contactada pela GNR, por ter sido encontrado no mesmo local pelos militares uma “tampa em metal envolta num fio e numa rede metálica” — não se tratava de qualquer engenho explosivo. Assim, é falso ter existido um “Raid anti terrorista” e também é falso que a GNR (ou a PSP) tivessem detido dezenas de argelinos com bombas artesanais na zona oriental de Lisboa.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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