“Cazaquistão caiu e o povo revoltou-se depois de ser obrigatório usar um código QR para levantar o dinheiro.” É uma alegada notícia estrondosa que foi partilhada no passado dia 13 de janeiro via Facebook. Nessa publicação, o autor alega ainda que o “Estado caiu na hora levando a que o presidente e o primeiro-ministro fugissem do país”. Entretanto, “médicos, polícias e enfermeiros foram capturados e presos”, enquanto “as elites fugiram para os bunkers”. Apesar do tom alarmante, trata-se de uma publicação falsa.
No início de 2022, o Cazaquistão chegou às notícias por causa de vários tumultos relacionados com manifestações de protesto contra o aumento dos preços do gás liquefeito, que é um dos mais usados naquele país. Esta publicação opta assim por usar estes eventos para manipular a informação que partilha. Ou seja, publicações semelhantes à original já foram anteriormente desmentidas, sendo certo que continham um vídeo de uma dessas manifestações no Cazaquistão.
Existe, portanto, um certo tom alarmista, muito associado a publicações contra a pandemia ou contra as medidas sanitárias de combate à Covid-19. E é essa intenção do autor, ainda que não apresente nenhum dado ou notícia para comprovar a veracidade do que alega.
Certo é que, tal como reportado por vários órgãos de comunicação social e fact-checkers internacionais, a tensão no Cazquistão tem vindo a aumentar. “Tropas russas no terreno, 12 polícias mortos”, com protestos cada vez mais violentos, muitos feridos — estas foram algumas das informações divulgadas pela BBC e partilhadas pelo Observador. E, mais uma vez, tudo está relacionado com o aumento do preço do gás liquefeito, o principal combustível automóvel utilizado por este país da Ásia Central.
No Cazaquistão, a vacinação contra a Covid-19 não é obrigatória, mas o país tem um passaporte digital, como aquele que muitos países como Portugal têm, que assegura o registo e controlo de informações sanitárias de cada cidadão. No entanto, não é usada para levantar dinheiro, tal como explicou o Estadão, num fact-check sobre uma destas publicações.
Ainda que esteja sob forte contestação popular, o presidente daquele país, Kassim-Jomart Tokaiev, que tem mostrado dureza nas medidas aplicadas durante os protestos – alguma imprensa relata que terá dado ordem à polícia para “disparar a matar” – não é conhecido que esteja exilado ou deixado o seu cargo oficial.
Conclusão
As recentes convulsões sociais e violentas que têm decorrido no Cazaquistão não estão relacionadas com a pandemia. No início do ano, com o aumento do gás liquefeito, teve início uma série de protestos violentos que resultou já em vários feridos, mortos e tropas russas naquele país. Ainda assim, ao contrário do que alega a publicação original, o presidente do Cazquistão não fugiu do país nem o primeiro-ministro. Também não é verdade que seja necessário usar um código QR para levantar dinheiro.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook