As vacinas contra a Covid-19 tornaram o grafeno num elemento relativamente conhecido, principalmente para os seguidores e divulgadores de teorias da conspiração. Nas redes sociais, surgiram várias publicações a afirmar que as vacinas continham grafeno na sua composição, e que este tem propriedades magnéticas que estariam a ser usadas num plano de reconfiguração do corpo humano. Aliás, o Observador em diversas ocasiões publicou artigos de Fact Check a este tipo de publicações.
Fact Check. Estudo da Universidade de Almería confirma a presença de grafeno nas vacinas?
A publicação que analisamos neste artigo em concreto segue a mesma linhagem. Trata-se de um áudio que circula no Facebook em que são enumerados uma série de alimentos e bebidas que teriam sido magnetizadas com grafeno, recomendando aos utilizadores que não adquiram qualquer um destes produtos.
Os produtos apresentados são essencialmente comercializados no Brasil, como Margarina Qualy, Iogurtes Vigor ou as Salsichas Frimesa. E são ainda mencionados outros produtos como cerveja Heineken ou Coca-Cola.
Em nenhum destes produtos a lista de ingredientes que fazem parte da sua composição inclui grafeno. Não existem quaisquer notícias sobre esta alegada alteração nos ingredientes destes alimentos. No áudio, é deixada a indicação de que o grafeno passou a fazer parte da composição destes produtos em abril, no entanto, desde então, não há relatos de reações adversas relacionadas com grafeno ou magnetismo, em pessoas que tenham consumido os mesmos.
Uma das empresas mencionadas, a Frimesa, enviou mesmo uma nota explicativa ao Observador, onde assegura que “nunca fez uso desse método de ‘magnetização por grafeno’ ou de ‘magnetização de alimentos’“. A nota é assinada pelo Presidente Executivo da Frimesa, Elias José Zydek.
Também a Vigor enviou uma resposta ao Observador onde esclarece que “não fez nenhuma modificação nos seus produtos e não possui essa substância (grafeno) em nenhuma composição dos itens do seu portfólio“.
Além destes esclarecimentos, há um detalhe que importa sublinhar. O áudio tem as características habituais de algumas teorias da conspiração. O autor não refere em momento algum em que fonte se baseia para fazer as afirmações, não cita qualquer instituição ou organismo. Além disso, recorre ao tom alarmista com frases como “eles não querem que você saiba disso”.
Acresce um último ponto. O autor do áudio menciona por mais do que uma vez o facto de os alimentos estarem a ser magnetizados através do grafeno. No entanto, o Observador já analisou afirmações deste tipo, onde ficou esclarecido que o grafeno não tem propriedades magnéticas, como é alegado na publicação.
Conclusão
O autor do áudio não cita qualquer fonte para alegar que os alimentos mencionados foram magnetizados com grafeno. Algumas das empresas mencionadas garantem ao Observador que a afirmação é falsa. Além disso, o grafeno não tem as propriedades magnéticas que são sugeridas na publicação. Em suma, os alimentos referidos no áudio não foram magnetizados com grafeno.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
De acordo com o sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.