A Turquia e a Síria foram sacudidas por fortes sismos na madrugada e na manhã de dia 6 de fevereiro. Os sismos ainda estão a fazer correr informação, mas também desinformação nas redes sociais. As imagens (e os vídeos) da destruição causada nos dois países não são novas. Mostram prédios inteiros a desabar, como o Observador dá conta aqui em Haliliye, no sul da Turquia.

Sismo na Turquia. O momento em que um prédio desaba em Haliliye

Este não foi o único vídeo a ser partilhado nas redes sociais. Outro vídeom, com apenas alguns segundos de imagens, mostra o colapso de um prédio inteiro, de um momento para outro. Uma nuvem de pó e pessoas a fugir a pé ou de carro do local, como podemos ver nas imagens.

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Na legenda, o autor da publicação descreve apenas “um vídeo chocante” que mostra o “momento em que prédio desaba após terramoto na Turquia”, sem dar quaisquer outras informações.

Publicação nas redes sociais a mostrar um prédio a desabar, depois dos sismos na Turquia.

Publicação nas redes sociais a mostrar um prédio a desabar, depois dos sismos na Turquia.

A terra tremeu na região entre o sul da Turquia e o norte da Síria, nas primeiras horas do dia 6 de fevereiro. Está a ser descrito como um dos sismos mais fortes dos últimos 100 anos. O primeiro sismo aconteceu pouco depois da uma da manhã e teve magnitude de 7.8 na escala de Richter. Foram registadas dezenas de réplicas e depois, por volta das dez da manhã, houve um segundo sismo, de 7.5. Aconteceu a apenas 90 quilómetros de distância do primeiro.

Ainda está por conhecer o impacto final dos sismos tanto na Turquia como na Síria. Continua a ser enviada ajuda humanitária para ajudar as populações e a reconstruir os milhares de infraestruturas que foram completamente destruídas.

Mas vamos ao vídeo em questão. Está a ser partilhado no Facebook, mas não só, também pode ser encontrado noutros meios de comunicação social, como o jornal britânico The Guardian. Mostra as mesmas imagens, mas dá contexto na legenda: o vídeo mostra “o momento da queda” de um edifício na cidade de Izmir, na Turquia.

As imagens são idênticas às que são partilhadas pela página analisada neste fact check, mas com uma grande diferença: o vídeo que consta no canal de Youtube do The Guardian (originalmente da agência de notícias turca Anadolu Agency) foi publicado a 30 de outubro de 2020. Na descrição, pode ler-se que os danos causados na cidade de Izmir tiveram origem — não no sismo de magnitude 7.8 que abalou o país em fevereiro de 2023 — mas, sim, num sismo de magnitude 6.9 na escala de Richter, que atingiu em outubro de 2020 a costa da Turquia e até algumas ilhas da Grécia, no mar Egeu.

Apesar de não ter tido o mesmo impacto que o sismo que atingiu a fronteira da Turquia e da Síria, o terramoto de outubro de 2020 não deixou de ser reportado por vários meios de comunicação. O The Guardian recorda o impacto do sismo, apenas um dia depois de acontecer. Apenas em Izmir, mais de 100 pessoas morreram e algumas ilhas gregas, como a de Samos, chegaram a ser atingidas por fortes ondas, uma vez que o sismo teve epicentro no mar Egeu.

A BBC voltou a falar do sismo de outubro de 2020, em Izmir, para justificar o colapso de milhares de edifícios na Turquia depois dos sismos de 6 de fevereiro terem abalado o país. De acordo com a cadeia de televisão britânica, desde 1960 o governo turco dá “amnistias” a construtores que isentam o pagamento de taxas a edifícios construídos sem cumprirem os padrões de segurança da construção. Apenas em Izmir, 672 mil edifícios terão sido construídos com essa “amnistia”, ou seja, sem cumprirem os padrões de segurança. Foram, de resto, realizadas mais de 200 detenções na Turquia por suspeitas de irregularidades nos processos de construção, nas últimas três semanas.

Este não é o primeiro vídeo que mostra imagens de destruição associadas ao terramoto de seis de fevereiro no Turquia e na Síria, que estão a ser descontextualizadas, como o Observador já mostrou.

Fact Check. Edifício que colapsa em segundos é mais uma consequência da devastação provocada pelo terramoto na Turquia?

Conclusão

O vídeo que mostra o momento da queda de um edifício em Izmir é autêntico, mas nada tem a ver com o sismo de 6 de fevereiro de 2023. Anos antes, em outubro de 2020, a costa da Turquia foi atingida por um outro sismo, de magnitude inferior, com o epicentro no Mar Egeu. Ilhas gregas foram afetadas, assim como a cidade de Izmir na Turquia onde morreram 109 pessoas. Ou seja, o vídeo partilhado no Facebook pelo Sistema Nordeste de Notícias é de facto um sismo que atingiu a Turquia, só que aconteceu em outubro de 2020 e não em fevereiro de 2023, como dá a entender a legenda da publicação.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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