O Sporting fez mais e melhor que o Belenenses — os azuis do Restelo não conseguiram por uma só vez chutar à baliza de Patrício. E conquistou os três pontos, no último folgo, mas a custo de muito, muito suor. Provavelmente nem o mais ferrenho dos adeptos verde-e-brancos acreditaria que, ao minuto 93, e com o Belenenses fechadinho lá atrás, Tonel saltasse com saltou, sem tino nenhum e com o braço estendido no ar, e tocasse na bola com a mão direita na área. Foi William quem avançou para a marca da grande penalidade — ele que não fazia um golo desde março, contra o Penafiel. Mas repetiu a façanha hoje. A bola foi para a esquerda, Ventura para a direita e a vitória caiu que nem ginjas aos leões, que, aconteça o que acontecer em Braga, mantêm que tinham as distâncias pontuais para FC Porto e Benfica.

Mas há que elogiar as mexidas de Jesus. Quando se ganha, nem se seja no derradeiro minuto, as substituições são sempre boas. Quando se mexe e não se ganha, são-no só infrutíferas. E quando se sofre um golo depois de se mexer no onze, a culpa é do mister e cai o Carmo e a Trindade. Desta vez, acontecesse o que acontecesse, o mérito era de Jesus. Do banco, sempre irrequieto, às vezes até irascível com o quarto-árbitro, “JJ” percebeu que pelo meio não ia lá (ele que começou o jogo com Montero e Slimani na frente e um losango no meio-campo com Ruiz e João Mário a médios-interior e Adrien a oito e picos, quase “10”), e tinha que abrir jogo nas alas. As entradas e Matheus e Gelson atazanaram com as marcações defensivas de Sá Pinto. E quando o Belenenses começa a ter antídoto para parar a garotada, eis que Jesus põe Tanaka e volta a dar um apoio a Slimani.

O mérito é dele e dos 18 (!) remates que o Sporting contra os três do Belenenses. À baliza foram poucos, de um e de outro lado, e por isso não se pode dizer do espetáculo desta noite que tenha enchido o olho. Mas o Sporting, com uma posse de bola que ultrapassou os 80%, foi sempre vertical, procurou o golo e não se reconfortou com o ter a bola. O que o leão queria era tê-la, sim, mas lá dentro, na baliza de Ventura. E fez por conseguir — se com “estrelinha” de campeão ou aselhice de Tonel, fica a dúvida no ar.

final | @Sporting_CP 1-0 @BelenensesSAD | Mais logo tudo em https://t.co/QYJPq30BaA!#DiadeSporting #tweetpastel pic.twitter.com/RmOlcocUD0

— GoalPoint.pt ⚽ (@_Goalpoint) November 30, 2015

Por fim, Sá Pinto: “É de enaltecer o jogo competente e sério que fizemos, rigorosos taticamente, mas faltou-se ser mais espertos nos últimos minutos. O Sporting é o líder, é muito forte, mas fomos capazes de parar todo esse talento e é muito injusto. Não merecíamos. Mas o jogo é isto. Enquanto o árbitro não apitar isto pode acontecer. Se foi penalti? Sim, foi. Nós tivemos um acidente [derrota por 6-0] no Estádio da Luz, jogámos passado dois dias no Dragão [nova derrota: 4-0], utilizámos os mesmo jogadores, e fomos muito penalizados. Hoje fizemos um jogo muito competente. O melhor dos três.”

Agora é a vez de Jorge Jesus: “Uma vitória que chega no final mas que o Sporting fez por merecer. Não importa se foi no final. No final é mais sofrida mas também é mais festejada. O Belenenses não nos criou problemas. O Rui Patrício não defendeu uma bola. Criou-nos foi problemas defensivos, com tantos jogadores atrás da linha da bola. Os jogadores frescos que eu pus no jogo deram-nos mais dinâmica. Fomos compensados por uma grande penalidade que não deixa dúvidas a ninguém. Os campeonatos também se conquistam com sofrimento. E os adeptos acreditam. Têm confiança em nós do primeiro ao último minuto.”

No Belenenses, Gonçalo Brandão: “Conseguimos contrariar o Sporting. Fizemos um excelente jogo. O penalti? Não vi, estava de costas e quando me voltei o árbitro já tinha marcado. Conseguimos fazer um bom contra a melhor equipa do campeonato. O Sporting está na frente, está em todas as frentes, está a jogar bem e foi mais difícil jogar contra eles do que contra Benfica e FC Porto. Morremos na praia.”

Fala William Carvalho: “Foi um jogo difícil, o Belenenses pôs onze jogadores atrás da bola e não teve uma oportunidade. Vantagem na liderança? Ainda faltam muitos jogos. Só temos que nos preocupar connosco. A renovação? Já falei com o presidente. Espero que se resolva o mais rapidamente.”

Fim de jogo. Trago-lhe já, já a flash interview e depois o resumo do jogo.

Não há muito a dizer. Foi penalti? Foi. Tonel saltou com Slimani na área, ergueu o braço direito e tocou na bola onde devia chegar com a cabeça. Na conversão do penalti, William atirou para a esquerda e Ventura foi para a direita.

Marca William Carvalho!

Artur Soares Dias assinala mão de Tonel na área.

Artur Soares Dias dá mais 4′ de compensação.

O Sporting vai circulando, à procura de espaços, mas o Belenenses fecha-os todos. É como encontrar uma agulha num palheira.

Sai Luís Leal e entra Tiago Caeiro. É troca por troca, mas Caiero é mais fixo na área do que Leal.

Tanaka cruzou da esquerda, não tinha ninguém a pressioná-lo e cruzou tenso, mesmo para o centro da área. Slimani saltou mais alto que Tonel e cabeceou. Mas estava em desequilibro o argelino e o cabeceamento saiu frouxo.

O japonês esteve com pé e meio fora de Alvalade no Verão, mas lá foi inscrito. Hoje faz a estreia na Liga. Tem 10 minutos para fazer ver a Jesus que não foi um erro não o ter despachado.

Sai Ruiz e entra Tanaka. O que Jesus tira (um avançado-centro, Montero), Jesus dá.

Os adeptos deitam as mãos à cabeça. E não é caso para menos. Gelson arrancou pela direita, deixou tudo e todos para traz, e cruzou recuado, para a entrada da área. Surgiu Matheus, a deslizar na relva e a acertar quase de primeira na bola. Foi com a canhota, que é o melhor dos pés do garotinho, mas a direção não foi a que desejaria.

O Sporting está a perder muitas bolas nesta fase do jogo. Slimani e William estão com as botas tortas. E o Belenenses vai aproveitando para se esticar no terreno.

Ele só tem 18 anos. Ainda podia estar a jogar aos fins-de-semana em Alcochete pelos juniores. Mas não. Matheus não tem temores nem tremores a jogar com os graúdos. Foi desmarcado por Ruiz na área, pôs-se em dribles, driblou Amorim, depois Tonel e rematou. Ventura estava lá, a cobrir a nesga de espaço entre si e o poste, mas o remate acabou nas malhas laterais.