Assustador, o sismo na Turquia e na Síria. Quando há estes terramotos é impossível qualquer ser humano não se questionar se estará preparado para uma situação idêntica. A não ser que o ser humano resida em território nacional. Nesse caso, o ser humano tem praticamente 100% de certeza que nada está preparado para tais fenómenos. O que, à primeira vista, pode parecer aterrador, mas quando pensamos melhor é, antes, reconfortante. Para quê andar com angústias se estamos preparados para sismos, ou não estamos preparados para sismos? Mais vale ter a garantia de que o mais provável é vir tudo abaixo. A partir daí, tudo o que não tombar é ganho.
A verdade é que a catástrofe que atingiu turcos e sírios promete ficar na memória colectiva, durante muitos anos, como mais um daqueles fenómenos impressionantes que, de um momento para o outro, deixam tudo completamente irreconhecível. “Promete ficar na memória”, quer dizer, prometia. Porque na realidade o sismo não ficou na memória de quase ninguém nem meia dúzia de horas. Assim que a Madonna apareceu na cerimónia dos Grammys com aquilo que aparentava ser uma cara atingida por um tsunami de botox, nunca mais ninguém se lembrou da desgraça na Turquia e na Síria.
Agora a sério. Não viram a cara da Madonna? Então deixem-me tentar explicar o que se passa para ali. Lembram-se, estou confiante, do tema Like a Virgin. Ora, há um músico e humorista chamado “Weird Al” Yankovic, que criou uma estupenda versão deste clássico chamada Like a Surgeon. Pois bem, a actual cara da Madonna podia ser o tema central de ainda outra variante intitulada Like a Patient of a Drunken Surgeon. E penso que já ficaram com uma pequena ideia da gravidade da situação.
Bom, mas voltando ao tema do terramoto. Como é óbvio, Portugal enviou ajuda para as operações de resgate na Turquia. Como fizeram tantos outros países, incluindo a Ucrânia. O que não deixa de ser surpreendente, face à situação de guerra que se continua a viver naquele país. Muito mais do que a Ucrânia enviar ajuda para sítios, nesta fase fala-se é de enviar ajuda para a Ucrânia. A Alemanha, por exemplo, enviou carros de combate. E nós também podíamos ajudar. Certo, não teremos carros de combate para emprestar à Ucrânia. Mas, à falta de tanques, podíamos enviar Tancos. Em termos de esforço de guerra creio ser o melhor que temos para oferecer à Ucrânia. Enviávamos Tancos, os ucranianos arranjavam maneira de passar Tancos pela fronteira para o lado russo e, em menos de nada, os militares do Putin ficavam todos baralhados com a desorganização que para lá iria:
– Dmitry, onde é que estão as munições, pá?
– Ó Vladimir, devem estar aí no paiol.
– Espera, mas isto é um paiol?
– Claro que é um paiol. Não me digas que não há aí armas e munições boas.
– Eh pá, depende, Dmitry. Considerarias a casca da alcagoita uma munição? E um maço de lenços de papel usados? Então e uma palhinha de plástico amarela. Também não?
Ainda assim, enviar Tancos para a Ucrânia em nada reduziria o nível de balbúrdia que reina no nosso Portugal. Com destaque para a contínua saga da preparação da Jornada Mundial da Juventude. É que parece não haver, de todo, maneira de câmara municipal, governo e Igreja se entenderem. Toda a gente manda vir e ninguém se entende. Ao ponto de, às tantas, dar mesmo ideia de isto não ser a Jornada Mundial da Juventude, mas antes uma jornada do Campeonato Nacional de Futebol.
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