Alto! Pára tudo! Stop! Porque o mês de Julho último foi o mais quente alguma vez registado na Terra. Sim, sim, este Julho que passou foi ainda mais quente do que aquele Maio de há 2.179.342.876 anos. Lembram-se desse Maio? Que canícula danada, pá. Principalmente depois daquela primavera tão fresquinha que tínhamos tido 78.029 anos antes. Este tempo anda maluco, é o que é.

Não, agora a sério, porque o assunto é gravíssimo. Eu sei que quando se diz que Julho foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra, por “registado” entende-se “medido por intermédio de certa e determinada instrumentação, por certo extremamente rigorosa”. Não é “registado” no sentido de nunca ter havido, em 4,5 mil milhões de anos de história do planeta Terra um mês mais quente do que o mês que ainda agora findou. Mas se, por um lado, o facto de eu perceber esta distinção indicia que ela é mesmo muito facilmente inteligível, por outro sinto-me razoavelmente desacompanhado a fazer pouco da histeria parva em torno deste tipo de notícia.

Porque reparem. Desde quando é que temos registos fidedignos das temperaturas em todo o planeta? Desde há 100 anos? 200 anos, talvez, no máximo, não? E será que, por exemplo, em Julho de 1857 o pombo correio enviado pelo funcionário responsável pela medição diária da temperatura no município de Braga chegou mesmo a Lisboa, por forma a calcular-se, com o devido rigor, a temperatura média em Portugal nesse mês desse ano? Atenção, pode ter acontecido, não digo o contrário. E o facto de a informação ter seguido por pombo correio e não via CTT dá força a essa ideia. Já para não dizer que, à data, não havia parques eólicos passíveis de fatiar o pombo pelo caminho. Mas enfim, descontando tudo isso, o meu ponto é que, garantidamente, Julho foi o mês mais quente alguma vez registado na Terra nos últimos 10 minutos.

O que, ainda assim, tem consequências, não o nego. E consequências bem gravosas. Talvez a maior seja o facto de esta corrida às energias renováveis estar a provocar fome em África. Ah, pois. Fome, meus caros. Fome. Porque, se bem apreendi nas aulas de Ciências do 6º ano, e melhor confirmei há 6 minutos na Wikipedia, o dióxido de carbono, inimigo número 1 dos apanhados do clima, é o principal alimento de tudo o que é planta. Portanto, fica um repto que não esconde o desespero: queimem bastante diesel! Há plantas em África a morrer à fome! E fico a aguardar novo trabalho da super-banda, Band Aid, em jeito de reedição do clássico de 1984, “Do They Know It’s Christmas?” Talvez um Do They Know It’s Carbon Dioxide?

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A propósito de gente que se preocupa com os mais desfavorecidos, quem é que me ocorreu de imediato? Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, como é óbvio. E a que propósito? Da Jornada Mundial da Juventude. Agora que a Jornada chegou ao fim, é tempo de rescaldo, em jeito de Domingo Desportivo de Quarta-Feira. Vamos então à análise da atuação destas duas estrelas:

Marcelo Rebelo de Sousa

Numa palavra que parece duas: omnipresente. Compensando bem as deficiências ao nível da omnisciência – patentes na falta do saber como se deve comportar um Presidente da República e da omnipotência – tendo em conta que, a bem da verdade, o Presidente da República pode pouco. De acordo com o relato do Observador, Marcelo foi “a sombra católica do Papa”. Coitado do sumo pontífice. Marcelo fez uma marcação Presidente a Papa mais impiedosa que as marcações homem a homem com que, há um par de décadas, Luís Andrade presenteava o mágico João Viera Pinto. Tanto é que, antes da Jornada Mundial da Juventude, o Papa era conhecido, simplesmente, como “pontífice”. O “sumo” foi acrescentado agora, de tal forma Marcelo espremeu Sua Santidade.

António Costa

Agora sim, em duas palavras: raramente presente. Quase ninguém pôs os olhos no Primeiro-Ministro durante os eventos da JMJ. E percebe-se porquê. Quer no Parque Eduardo VII, quer no Parque Tejo, havia bons relvados, é verdade, mas depois não eram onze para cada lado, nem havia uma bola, e Costa não teve qualquer interesse em marcar presença. Se queriam contar com o Primeiro-Ministro tinham, pelo menos, organizado um casados pela igreja vs. solteiros mas comprometidos com o Senhor. Assim sendo, a Jornada Mundial da Juventude não disse nada a António Costa. Ainda se fosse a segunda jornada da fase de grupos do mundial de futebol sub-20 disputada em Ottawa, Canadá…