Último mês do ano, inevitavelmente tempo de balanços. Se olharmos em retrospectiva para o ano que passou, o que sentimos? O que fizemos de bom e nos fez sentir realizados e felizes? O que não correu bem? O que gostaríamos de ter feito e alcançado e ainda não foi desta? Conseguimos parar de modo a ponderar a nossa vida?
Com as emoções mais propensas ao contágio do espírito natalício, podemos sentirmo-nos mais sensíveis, contentes ou nostálgicos. Mas se assim é, porque não beneficiar deste contexto mais sentimental para reflectir? Tomar consciência da nossa vida, e do que dela queremos fazer, é um passo para nos ligarmos a nós, ao que somos e ao que queremos. De ampliarmos a possibilidade da realização dos nossos objectivos.
Um meio para fazer o balancete, é escrever em formato de lista, de notas corridas, ou só pensar, naquilo que nos faz fazer certos, ou que vai sendo repetido de ano para ano. Discorrendo sobre os pontos que são importantes na nossa vida, ganhamos uma perspectiva sobre o estado da nossa vida no geral.
Há, contudo, que ter um olhar realista para ver se as expectativas dos sonhos são concretizáveis ou não. Se desejamos o inexequível, é provável que a frustração seja garantida. É bom sonhar, e porque não sonhar alto, mas se extrapolamos muito para além do que é plausível, decepcionamo-nos. Sonhar é um alento e pode ser de facto uma boa escapadinha de evasão, mas será inteligente saber aterrar as ideias quando temos necessidade de enfrentar os limites da realidade. Encontrar o bom senso entre a utopia e a verdade. Mediar o possível e o impossível.
Conseguir estabelecer mais metas que sejam concretizáveis e definir o que é alcançável, trará mais satisfação.
Primeiro, começar por reconhecer o que já nos faz sentir bem na nossa rotina, e que é para manter, é um estímulo para avançar. Existem desejos de coisas novas a implementar? Discernir aqui os tais que são possíveis e os que ficam no canto dos sonhos. Escolher a simplicidade das pequenas coisas pode trazer muita alegria. Que tal aproveitar a ponderação para largar maus hábitos? Há que identificar o que nos é nocivo, sejam comportamentos padrões que repetimos, pensamentos auto-destrutivos, relações amargas, loops que nos põem de cabeça para baixo. Conseguir largar funcionamentos em piloto automático que são agidos e nada reflectidos, será certamente uma libertação, e logo, a possibilidade de novas conquistas. E quem não ambiciona uma vida mais leve e sem sobressaltos?
Agora, é importante incluir e destrinçar também, se os nossos desejos são mesmo nossos ou são fruto da influência dos desejos de outros, ou do “peso” formal da sociedade. Este exercício que sirva para sermos fiéis a nós, considerando a autonomia e a liberdade de sermos e assumirmos o que singularmente somos. Se existem aspirações que englobam outros, como os projectos familiares, cruzamentos de objectivos profissionais, relacionais e sociais, devemos preservar um auto-cuidado consonante com as necessidades pessoais, com a nossa essência, a nossa autenticidade.
Aproveitar esta época para fazer o ponto de situação dos nossos assuntos pessoais e íntimos, de saúde, familiares, afectivos, profissionais, financeiros, sociais, culturais, lazer, propicia certamente a manutenção do nosso bem estar. E que bom será a sensação de check, check, check, check,…, de temas pendentes resolvidos e ultrapassados. Fechar o ano com assuntos arrumados é o caminho para abrir novas oportunidades para o futuro.