Não sou químico, biólogo, bioquímico, médico, enfermeiro, nem tenho qualquer título formal na área das chamadas ciências da vida, por muito que isso possa parecer no texto abaixo. Tenho o maior respeito pelas conquistas científicas feitas no último ano e meio, quer nas vacinas, quer nos testes. Não sou um “especialista de covid” e espero que não seja isso que quem lê as palavras que se seguem vá assumir. Ainda assim, ao ver alguns dos cientistas que muito respeito a serem contrariados pelas autoridades de saúde, achei que devia dar aqui os meus 50 cêntimos de Ciência Física generalizada por vários domínios económicos e também por motivos profissionais. Não que isso me dê uma especial superioridade intelectual, mas apenas uma experiência de aplicação mais variada do pouco que fui aprendendo na vida.

Estão a ver aquelas cenas dos filmes no espaço em que o astronauta fica solto da sua nave e à deriva no espaço na direção do planeta mais próximo? O ator está sempre muito confortável, o que corresponde àquilo que é esperado pela Física. Há cerca de 100 anos, Einstein, numa das suas “experiências mentais”, imaginou uma pessoa a cair no campo gravítico dentro de uma caixa sem janelas. Como quer a caixa, quer a pessoa, caiem com a mesma velocidade e aceleração – coisa já imaginada por Galileu 300 anos antes –, então a pessoa não vai sentir a gravidade. Ora, concluiu o génio alemão, se a pessoa não sente a força, mas nós vemos que ela cai, então a gravidade é uma força “aparente” porque depende de posição de quem a “vê”. O astronauta solto da nave vai andar muito confortável a viajar na direção do planeta mais próximo, sem sentir qualquer força, até que se vai esborrachar contra todas as partículas que chegaram ao planeta antes dele.  O que, sendo muito “fixe” em termos científicos, é uma bela porcaria.

“Aparente” é uma forma de expressão, porque quando tenho que subir 17 andares pelas escadas, nada daquilo me parece “aparente”. O que acontece é que se não houvesse chão, isto é, se não existissem seis mil e tal quilómetros de rochas e outras matérias que chegaram primeiro e que estão por debaixo de nós, nós não sentiríamos a gravidade. E esta é a principal característica destas forças “aparentes”: não as sentimos se não sofrermos uma influência externa. Mas se tentarmos ir no sentido contrário do movimento, se tentarmos voar ou, simplesmente, se não sairmos do mesmo sítio, aí vamos sentir. Não a gravidade, mas o esforço de a contrariar.

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