Este velho hábito, que agora se torna moda, é mais um dos pontos em que a política converge com o desporto, em particular com o futebol. Felizmente desta vez não através de um processo judicial ou escândalo de jornal, mas por algo não menos preocupante, o agarrar-se a cargos e posições para o qual já não se tem, em alguns casos nunca se teve, condições para desempenhar as devidas funções. Agarram-se ao parlamento, ao banco de suplentes e às tribunas como uma criança apavorada agarra as saias da mãe no primeiro dia de aulas e deixam ver os seus nomes arrasados e injuriados sem qualquer piedade nos média.

Nada disto é novidade, muito menos um exclusivo do nosso belo cantinho da Península Ibérica (basta olhar, já que pensava no selecionador, para o de Inglaterra), mas o facto é que se tem assistido cada vez mais a este fenómeno e as conclusões que transparecem são deveras alarmantes. A dignidade e a honra não valem hoje mais do que uns tostões e uns quantos favores. Não sendo sequer necessário mencionar nomes, tendo a certeza absoluta de que o caríssimo leitor já pensou em pelo menos uma mão cheia destas gentis figuras. Perguntamo-nos todos: não seria melhor sair em glória depois de se ter apresentado trabalho ou conquistas e de ser adorado por todos?

Ora aí é que está, é que a maior parte dos nomes que comparecem na lista nunca fizeram ou conquistaram nada (exceto o ministro que fez dois aeroportos), mas sendo descendentes dos grandes marinheiros e navegadores que descobriram Terras de Vera Cruz, agarram-se ao barco com unhas e dentes sem nunca largar ou olhar para trás (a não ser que morra uma grávida), nem que para isso tenham de apodrecer em mar alto.

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