Convocadas eleições antecipadas, pelas razões que já todos conhecemos, somos chamados a ir votar, cumprindo assim um direito mas também um dever. Temos agora três meses para consciencializar os nossos familiares, amigos, colegas, conhecidos e concidadãos da importância do acto eleitoral e deste em específico, pela urgência de mudar o panorama nacional. Já chega de suspeições por tudo quanto é sitio, casos e casinhos, de favores, de facilitismos, de mediocridade e rebaixaria. Portugal precisa urgentemente de um rumo sério e comprometido, que seja capaz de trazer estabilidade, mas uma estabilidade acompanhada de progresso e desenvolvimento económico e social, não uma falsa estabilidade como a dos tempos da “Geringonça”.

Entre os diferentes grupos da nossa sociedade, os que mais necessitam de ser exortados a ir votar são os jovens, esses espécimes que andam sempre mal agasalhados e gostam de fazer muito barulho. Eles andam cada vez mais afastados da política e a realidade mostra que têm fundamentos para a descrença que colocam nas instituições e figuras políticas. Mas por isso mesmo é que o seu voto é tão importante. Se, de alguma maneira, o caríssimo leitor co-habita com esta espécie, faça tudo ao seu alcance para os fazer ir votar. Em última análise, tire partido de ainda ter algum poder sobre eles, se é que o tem, e obrigue-os.

Também muitos adultos precisam de receber este lembrete, principalmente os que se encontram nas crises de meia idade. Confrontados com a necessidade e urgência de cumprir com o ato eleitoral vêm com a velha estória: “Eles são todos iguais, é tudo farinha do mesmo saco”; “Para quê ir votar ? Para não mudar nada e ficar tudo na mesma, não vale a pena!”. São os mesmos que religiosamente passam dois dias da semana em busca de cinco números e duas estrelas (tudo na mesma, não, 2,50 euros mais pobres). Já sabe o caríssimo leitor, se entrar em contacto com algum destes seres misteriosos procure convencê-lo a preencher o boletim de voto. Tente, primeiro, chamá-lo à razão através de uma conversa e se, ainda assim, este não lhe der ouvidos, conte-lhe uma nobre mentira: “O boletim de voto é, na verdade, o boletim do mais recente jogo de sorte, no qual basta uma cruz, e ainda por cima é gratuito”.

Um terceiro grupo a que deve ser dada a devida atenção, é o dos pensionistas. Estes, ávidos dos subsídios, só sabem votar PS. Como tal, neste caso, o caríssimo leitor vai, ao contrário dos dois casos anteriores, fazer tudo e mais um par de botas para evitar o voto destes anciãos da subvenção. Recorra, de imediato, à sua criatividade para inventar uma desculpa suficientemente boa que faça com que não saiam de casa nesse dia. Como, por exemplo: “não vá votar, que no domingo, vai estar um frio de rachar, para além do mais chove o dia todo”; “não vá votar que as eleições calham no mesmo dia da canastra”; ou “não vá votar que nesse dia transmitem um especial do Preço Certo”.

É, de facto, triste que este esforço seja necessário, mas num país como o nosso, já se sabe o que a casa gasta. Por isso, não desanime nesta luta por apelar ao voto, seja a voz da razão na sua família, bairro, local de trabalho ou de estudo. Afinal todos os votos contam. E não se esqueça de, no meio disto tudo, ir também o caríssimo leitor votar.

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