O presidente norte-americano tem feito até agora a felicidade da comunicação social escrita, especialmente em países como Portugal, cujos jornais ninguém lê fora de portas e que podem, assim, dar-se ao luxo de fazer de Donald Trump o bombo de festa diário das suas classificações desonrosas. O mesmo já não se passa nas televisões, sobretudo nos noticiários, onde o que conta são, cada vez mais, as imagens repetidas até à exaustão, como sucede entre nós há três semanas sem parar com o ataque de Alcochete aos futebolistas do Sporting…

Depois de tentar informar-me na internet – jornais e canais de televisão nacionais e internacionais – acerca do encontro de Singapura entre Trump e o déspota da Coreia do Norte, confirmei que aquilo que fica nos olhos e nos ouvidos do grande público são, pelo menos por ora, as imagens incansavelmente repetidas do festivo encontro e dos mútuos abraços entre os dois grandes líderes, cujos objectivos perante a “opinião pública mundial” foram plenamente alcançados, já que esta está hoje muito mais descansada do que antes com os alegados riscos de uma anunciada guerra nuclear lá no remoto oriente.

Enquanto Trump acreditava ter somado pontos na sua campanha publicitária em prol da paz nuclear junto do eleitorado norte-americano, com os olhos postos nas eleições intercalares deste ano, Kim Jong-Un tinha a certeza de ver aumentada a sua respeitabilidade como líder a nível mundial e caseiro. Estamos pois no pleno domínio da propaganda mediática moderna, veiculada de forma cada vez mais cega pelas imagens televisivas incansavelmente repetidas. “The Economist” comentava que “a observação do Sr. Kim, segundo o qual muitas pessoas imaginariam estar numa fantasia saída de ‘um filme de ficção científica’, bem podia ser verdadeira”!

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