Rendo-me. Atiro a toalha ao chão. Este texto é a minha bandeira branca.
A guerra está perdida e estou cansado das batalhas. São já demasiadas, sem vitórias, e as feridas e cicatrizes são muitas. Demais até. E a guerra já está perdida. Está perdida há muito tempo, talvez desde o início, eu é que não me apercebi e continuei a lutar, de forma inútil.
Pensei que ter a razão do meu lado seria condição suficiente para a vitória. Estava enganado. Ter razão nunca foi suficiente para nenhuma vitória. Nem sequer necessário.
A vitória é de quem é mais repetido, difundido e vendido. E comprado por todos.
A partir de agora, farei tudo o que me mandarem. Cumprirei o determinado. Sem questionar.
Mesmo que as ordens não façam sentido. Eu obedeço. Sei bem obedecer, aprendi a ser um bom soldado durante muitos anos da minha vida.
Usarei máscara em todas as ocasiões em que tal esteja definido.
Desinfectarei as mãos e todas as superfícies que me mandarem, sempre que me mandarem. Não mais mostrarei aos meus doentes a minha face, a minha expressão emocional, nem tocarei com a minha pele na deles, num cumprimento ou numa avaliação. Não voltarei a ver a sua face e expressão emocional, ou sentir o toque da sua pele e as informações que esta me dá.
Usarei máscara, touca, avental ou bata, dois pares de luvas, e cobertura dos pés sempre que me mandarem. Mesmo que seja para observar doentes com um teste negativo. Mesmo sabendo que não se conseguiu demonstrar a transmissão do vírus através das superfícies ou do toque.
E não caminharei no chão por onde passou uma cama com um doente suspeito ou positivo, até os ladrilhos terem sido desinfectados e o circuito de passagem ter sido novamente aberto.
Não organizarei nem comparecerei a reuniões familiares ou outras. Tomarei sozinho as minhas refeições no hospital, ocasião em que não consigo manter a máscara no rosto.
E farei testes sempre que tal me for ordenado, sem exercer nunca mais o meu direito a recusar. É um direito que me assiste, mas que ninguém está pronto a aceitar. E repetirei esses testes as vezes que quiserem, sabendo bem a inutilidade de um teste negativo.
Rendo-me.
Não voltarei a expressar as minhas opiniões, sempre que forem contrárias à Verdade vigente. Peço até desculpa por pensar pela minha própria cabeça e assim ter opiniões contrárias a essa Verdade.
Não voltarei a expressá-las e vou tentar suprimi-las do meu pensamento.
Rendo-me. Podem parar com os artigos e os processos por delito de opinião.
Não interessa se não existe evidência que suporte o efeito do uso generalizado das máscaras na redução da transmissão do vírus. Não interessa que a desinfecção de superfícies e mãos nada altere. Não importa que o rastreio de contactos seja impossível de cumprir de forma a ser eficaz. É indiferente que as restrições aos movimentos e encontros entre as pessoas pouco ou nada reduzam o número de casos. Não interessam as consequência negativas de tudo aquilo que é feito.
Rendo-me. Não volto a dizer nada disto. Cumprirei o que estiver determinado.
A guerra está perdida. Serei um prisioneiro submisso. Também há muito que não sou livre