As autoridades da cidade de Tobolsk, na Sibéria Ocidental, decidiram levantar um monumento “Aos defensores da Pátria em todas as épocas” num dos bairros. O pano que cobria a lápide preta foi descerrada a 22 de Junho de 2015, dia em que se comemora o 74º aniversário da invasão da União Soviética pelas tropas alemãs.
O escândalo rebentou imediatamente, pois os observadores mais atentos notaram que na lápide tinha sido gravado o busto de Werner Goldberg, soldado alemão, com algum sangue judeu misturado, que foi escolhido pela propaganda nazi para representar o “soldado alemão ideal”.
O que aconteceu foi que a autora da lápide gostou da foto do soldado alemão e passou-a para o granito depois de lhe fazer alguns retoques.
Foi necessário rapidamente emendar o erro, mas, parafraseando um ditado português, a emenda não foi melhor que o soneto. Na lápide surgiu o retrato de um soldado que os locais consideraram ser muito semelhante a um soldado chinês.
No dia 2 de Julho, os habitantes do bairro ficaram surpreendidos quando viram a lápide, mas já sem o retrato do soldado e apenas com a inscrição “Aos defensores da Pátria em todas as épocas”.
“Foi decidido retirar definitivamente do monumento qualquer retrato para que ninguém fique mais ofendido”, declarou o deputado local Alexandre Antonenko. Ou seja, as autoridades locais não conseguiram encontrar o rosto de um dos milhões de cidadãos da União Soviética que combateram contra o nazismo alemão que pudesse representar o heroísmo militar do seu próprio povo.
O dinheiro para a instalação da lápide foi dado por dois deputados do Partido Rússia Unida, a principal força política de apoio do Presidente Putin, mas as autoridades locais tentam sacudir a água do capote ao declarar que a lápide foi instalada sem a devida autorização.
Bem dizia Victor Tchernomirdin, antigo primeiro-ministro russo, que “a intenção é fazer melhor, mas o resultado é sempre o mesmo”.