MAGA, acrónimo de “Make America Great Again”, é um slogan, e agora pelos vistos um movimento cívico e político, que apoia Trump e o “trumpismo”, que se originou na campanha presidencial de Ronald Reagan, em 1980. Curiosamente, o mesmo candidato que ganhou tudo, como desta vez Donald Trump (presidência, voto popular, Senado e Congresso). O mote já tinha sido retomado por Trump na campanha presidencial de 2016.

A sua propagação a outros países significará a crise do tradicional regime partidocrático que se impôs no mundo ocidental no pós-guerra.

Na verdade, os grandes partidos tradicionais e o espetro político-partidário vigente no chamado mundo livre não têm conseguido resolver os problemas prementes dos cidadãos, agravados nas primeiras décadas do novo século.

É o contexto socioeconómico em que se acentua o fosso entre ricos e pobres, em que pontifica uma globalização sufocante imposta pelas grandes multinacionais, em que começa a imperar uma normalização e imposição de condutas, uma radicalização ideológica da sociedade e o bipartidarismo (a ditadura do centro a que alude Manuel Maria Carrilho), que conduz ao advento de epifenómenos mobilizadores de cidadãos que gerarão, a médio prazo, a crise das instituições tradicionais, da soberania e dos mecanismos do poder tal como o percecionamos desde as grandes revoluções atlânticas.

O “trumpismo” é o reflexo mais proeminente deste novo paradigma, confundi-lo com uma mera manifestação populista e extremista é negar a realidade que por detrás dele se esconde. O problema não reside nele, porque se trata de um mecanismo social de autodefesa. A sociedade é que tem que encontrar os meios e os processos, no quadro do regime democrático, para resolver os principais problemas dos povos (desigualdade, injustiça, discriminação, violência, desinformação e alienação). O medo reside em nós mesmos, é o nosso alter ego dos grandes líderes mundiais e regionais que deixamos chegar ao poder ao longo dos últimos anos.

Na América é a própria falência da democracia bipolar, em que os dois maiores partidos (democratas e republicanos) se apoiam no financiamento do grande capital, seja Bill Gates, seja Elon Musk, a cuja agenda estão assim condicionados.

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