No dia 18 de Abril, deste ano da graça, fomos informados de que o PS&CIA vão colocar em cada escola «um responsável a quem as crianças e jovens podem recorrer para manifestar que têm uma identidade de género diferente daquela com que nasceram»1, e que esse projecto seria discutido no dia a seguir, quarta-feira, 19-04-2023.

Ou seja, sem qualquer discussão pública, sem consultar os cidadãos, sem nenhum respeito pelas famílias, passando por cima do chumbo do Tribunal Constitucional2 ao Despacho 7247/2019, os donos disto tudo decidiram que chegou a hora de colocar na prática o ponto 1 do artigo 4º “Mecanismos de intervenção”, do Despacho chumbado: «As escolas devem definir canais de comunicação e detecção, identificando o responsável ou responsáveis na escola a quem pode ser comunicada a situação de crianças e jovens que manifestem um identidade ou expressão de género que não corresponde à identidade de género à nascença.»

Trocando por miúdos: cada escola passará a ter um activista lgbtetc. a recrutar crianças – que antes tiveram as suas mentes cheias de ideologia do género e foram convencidas de que só teriam uma identidade cool quando se decidissem por uma cor e por uma letra do abecedário colorido – para a militância “elgebetrans” que, infelizmente, levará cada vez mais menores a exigir mudar de sexo (género é um eufemismo)3.

Afinal, pergunto, são os pais que são obrigados a aceitar tudo o que o socialismo [Estado] quiser impor à Escola e, consequentemente, aos filhos dos cidadãos, ou é o Estado que deve cooperar com os pais na educação dos seus filhos (artigo 67º, alínea c, da CRP)? Quando é que o socialismo [Estado] tomou o lugar dos pais na educação dos seus filhos?

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Tudo isto é doentio e abusivo, especialmente nestes dias em que a informação chega rapidamente aos quatro cantos do mundo e já se sabe que vários países, pioneiros na imposição do conceito ideológico de “identidade de género” às escolas, estão a proibir os tratamentos “de mudança de sexo” em menores de idade4 devido à quantidade assustadora de jovens adultos que se arrependeram e decidiram processar o Estado e os serviços de saúde.

E, acredite, por cá, os resultados não vão ser diferentes do que se vai passando lá fora. Insistir no mal não o transforma em bem. Pode normalizá-lo, mas não muda as consequências.

Olhemos para o celeiro das políticas identitárias, os EUA, onde também já há vários Estados a abandonar os tratamentos de “mudança de sexo” em menores de idade, e atentemos para as consequências trágicas da aplicação da lei que o socialismo insiste em impor-nos, e que tem dado origem a casos como este:

Abigail Martinez, mãe de Yaeli, uma jovem de 19 anos, disse que a filha se suicidou depois de ter sido influenciada a “mudar de sexo”. Lavada em lágrimas, Martinez contou detalhes da sua batalha contra os activistas, que sempre havia visto como simples professores, mas que influenciaram a sua filha. Ela explicou que Yaeli sempre se vira, comportara e vestira normalmente como uma menina, em perfeita harmonia com o seu sexo biológico. No entanto, na escola, ela sofreu bulliyng, chamavam-lhe feia, de tal forma que entre o 7º e 8º anos começou a demonstrar sinais de depressão. Insatisfeita com a sua imagem, confusa, e mergulhada numa cultura de incentivo ao conceito de “identidade de género”, a adolescente desenvolveu uma crise de identidade e começou a acreditar que podia ser transgénero. Preocupada, a mãe pediu ajuda aos professores e a situação piorou.

Activismo de género na escola

Quando Yaeli passou para o 6º ano, as portas abriram-se e ela começou a ir a reuniões e a outras actividades escolares de “apoio” a jovens supostamente transgéneros. O conselheiro da escola (que, cá, é designado como responsável para jovens manifestarem identidade de género) estava envolvido, o DCFS (Departamento de Serviços para Crianças e Família) estava envolvido, representantes do movimento LGBT também estavam lá, a tentar ‘ajudar’ a menor na transição para ser transgénero, e acusaram a mãe de não querer abrir os olhos, já que – de acordo com os “peritos” – a filha sentia, desde pequena, que era um menino, o que não era verdade, pois ela sempre fora muito feminina e nunca se havia comportado como menino.

De acordo com Roger Severino5, ex-director de direitos civis do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo do ex-presidente Donald Trump: «Eles criaram um laboratório experimental para essa ideologia transgénero, e a Yaeli foi a primeira vítima».

Retirada à mãe

O caso de Martinez atingiu o cúmulo do absurdo quando ela, uma mãe dedicada e preocupada com a saúde mental da sua filha, perdeu a guarda da filha depois de esta se ter tentado suicidar pela primeira vez. Yaeli foi institucionalizada. Os psicólogos da escola e os representantes da bandeira colorida disseram ao DCFS que a menina estaria melhor longe da mãe e tiraram-na de casa aos 16 anos. A mãe fez tudo para a recuperar. Ia todos os meses ao tribunal, apelou ao juiz de menores para que a filha passasse por novas avaliações psicológicas, mas de nada adiantou, pois as assistentes sociais que acompanhavam o caso disseram que tudo o que a Yaeli precisava – para não voltar a tentar suicidar-se – era de ser tratada como Andrew.

A mãe recordou que pediu ao juiz de menores que a filha não fosse submetida ao uso de hormonas masculinas, mas que, em vez disso, recebesse ajuda psicológica. Segundo ela, durante uma terapia de grupo, Yaeli chegou a dizer que o procedimento hormonal não estava a deixá-la mais feliz.

Disforia de género

O activismo de género não se compadece com o facto de que a disforia de género – a confusão de identidade sexual de que algumas pessoas sofrem desde que se conhecem e da qual nunca se arrependem – não tem nada que ver com ter nascido no ‘corpo errado’, mas sim com questões do foro psicológico, que precisam de tratamento médico especializado e não de opiniões/diagnósticos/instrucções de activistas e psicólogos radicalizados no conceito identitário do género.

É claro que Yaeli sofreu bullying por causa da sua aparência e que isso pode ter destruído a sua feminilidade. Confusa, no meio de uma cultura que desperta a confusão sexual e a normaliza, ela pode ter olhado para a “mudança de sexo” como um escape. O caso dela não é diferente de muitos outros casos. Traumas, como abuso sexual, podem levar à confusão sexual uma vez que a mente das vítimas pode interpretar a “mudança de sexo” como um mecanismo de defesa contra novos abusos.

No entanto, a imposição da cultura lgbtqia+ e o activismo ideológico nas escolas, nos desenhos animados, nos filmes infantis, nas séries e nas redes sociais é o que mais tem influenciado crianças e adolescentes. Há cada vez mais mães a relatar casos de influência ideológica sobre os filhos, nas escolas6, bem como casos de arrependimento por parte de jovens que foram seduzidos por essa narrativa. A ideologia de género tem causado danos irreversíveis na vida de crianças e adolescentes.

Em casos como o de Yaeli, o apoio de profissionais qualificados – não de activistas ou dos John Money’s da vida7 – e o acompanhamento dos pais no dia-a-dia da criança, bem como a importância da intimidade familiar, são indispensáveis.

Nas escolas públicas dos Estados Unidos, as políticas identitárias de apoio aos alunos que se identificavam com trans começaram a vigorar no governo de Barak Obama e abriram espaço à imposição e à promoção da ideologia de género.

Por cá, neste cantinho à beira-mar plantado, essas políticas vigoram desde que a geringonça “assaltou” o poder e têm vindo a avançar descontroladamente, como se o mais urgente e maior problema do ensino escolar, neste país desgovernado pelo socialismo, fosse a sexualidade dos filhos dos cidadãos. No meio do imenso caos na educação, com a perda de aprendizagens decorrente da pandemia e das greves dos professores, o aumento da violência no meio escolar8 e a falta gritante de soluções, e depois de ter aprovado: 1) que os alunos possam usar as casas de banho e os balneários, não de acordo com o seu sexo, mas sim de acordo com aquilo que sentem ser (o tal do género)9, 2) que os alunos possam ser tratados pelo nome que escolham na escola10, ou seja: sem que os pais sejam informados de que a sua Maria é o José lá na escola, o socialismo parece apostado em aproveitar os serviços mínimos que impôs para meter mais súbditos das bandeiras da moda lá dentro e seguir os maus exemplos de países que começam a recuar diante dos trágicos resultados da ideologia.

É a hora dos pais. Os pais precisam acompanhar os filhos e protegê-los da doutrinação ideológica, que se encontra disseminada por todo o lado, e precisam de ouvir o apelo de uma mãe que viveu o maior pesadelo que uma mãe pode viver: «Quero que todos saibam a verdade, porque isto não precisava de acontecer [o suicídio]. Não quero que isso aconteça com nenhuma outra família. Quero que todos saibam a verdade sobre o que aconteceu com a nossa família, porque não precisava ter acontecido. Não consigo explicar essa dor… respiro e dói.»11

1 https://www.publico.pt/2023/04/18/p3/noticia/escolas-vao-responsavel-jovens-manifestarem-identidade-genero-2046478
2 https://observador.pt/2021/06/29/tribunal-constitucional-chumba-medidas-sobre-identidade-de-genero-nas-escolas/
3 https://observador.pt/2023/03/10/desde-2018-118-menores-pediram-para-mudar-de-nome-e-genero-no-cartao-de-cidadao/
4 https://observador.pt/opiniao/noruega-da-mais-um-golpe-no-activismo-transgenero/ 
5 https://justthenews.com/politics-policy/education/experimental-lab-transgender-ideology-feds-accused-complicity-students
6 https://www.bertrand.pt/livro/irreversible-damage-abigail-shrier/23983636
7 https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/11/documentario-conta-drama-de-gemeo-criado-como-menina-apos-perder-penis.html
8 https://observador.pt/2022/10/20/ordem-dos-psicologos-reforca-informacao-sobre-bullying-em-novo-documento/
9 https://www.jn.pt/nacional/alunos-vao-escolher-casa-de-banho-em-funcao-do-genero-15212281.html
10 https://observador.pt/2022/10/10/identidade-de-genero-criancas-vao-poder-ser-tratadas-pelo-nome-que-escolherem-nas-escolas/
11 https://www.heritage.org/gender/event/protecting-our-children-how-radical-gender-ideology-taking-over-public-schools-harming