Antes de passarmos às minhas razões façamos um ponto prévio crucial para que se perceba o que vem a seguir: Passos Coelho tem um capital político próprio que lhe permite se quiser voltar à política. Basta ler as reacções ao artigo aqui publicado por Alberto Gonçalves (além do artigo propriamente dito) para o confirmar. Como é óbvio as reacções negativas também contam!
Passemos portanto às minhas razões para pedir: deixem Passos Coelho em sossego. Sim, eu sei que já escrevi várias vezes que Passos não foi apenas mais um primeiro-ministro mas sim o primeiro-ministro que aguentou o país num momento dificílimo sem chiliques, tristes figuras ou manobras de diversão. Pode parecer portanto estranho que fazendo eu uma avaliação francamente positiva do legado de Passos Coelho venha pedir que o deixem em sossego. Mas a estranheza desfaz-se em poucas linhas.
Comecemos então pela primeira razão, a egoísta. O egoísmo tem algo de reconfortante e neste caso é quase um aconchego. Querem lá melhor viver que este em que andamos desde o final de 2015? Acabou a crispação. A fome deu lugar à fartura. As urgências hospitalares não funcionam, as consultas no SNS são para o ano que vem, os directores e chefes de serviços hospitalares demitem-se ou preenchem minutas de escusa de responsabilidade e onde estão os alertas das agências internacionais? Os fóruns radiofónicos tonitruantes de dor e lágrimas?… Ora, ora o que conta é que vamos ter direito à eutanásia. Como pode alguém querer abandonar este estado de coisas em que as urgências pediátricas não funcionam e não só isso é aceite como natural como ainda nos vamos empenhar nesse extraordinário avanço civilizacional representado pela eutanásia?!
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