A necessidade de debate traz o risco de exposição. Quando um partido perde, o confronto interno entre alternativas é natural e previsível, mas exige responsabilidade, na medida em que o debate entre militantes é feito na praça pública. Depois das derrotas eleitorais deste ano, o centro-direita será confrontado essa dicotomia: nem sempre a urgência de clarificação anda de mão dada com a recuperação de credibilidade.
Entre os mais distintos, tem sido defendida a ideia de entendimento à direita. Nem o projeto nem a tentação são novidades. Têm raízes profundas – e de sucesso – na nossa democracia e basta conhecer afinidades pessoais entre lados para ver que a distância é hoje mais curta do que aparenta. Mas, tal como a necessidade de debate, a exposição de intenções tem riscos. Este texto é sobre eles.
Do ponto de vista pragmático, tenho a maior das reservas sobre essa exposição de intenções. E por razões muito concretas. O facto de a direita estar constantemente a dizer ao mundo o que vai fazer não a aproximou minimamente da possibilidade de fazer alguma coisa. Olhemos para o exemplo oposto: se o dr. Costa se tivesse candidatado em 2015 com uma ‘geringonça’ contra a coligação PàF, teria conseguido a maioria parlamentar que lhe permitiu governar durante quatro anos? Não, pois não? Se, depois, o dr. Costa tivesse negociado a solução de governo dizendo ao PCP que chegaria a 2019 com um ministro a presidir ao Eurogrupo e a defender superávites, teria chegado a primeiro-ministro? Também não.
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