A situação política e social em Cuba está complicada e os acontecimentos recentes na ilha do Caribe têm inevitáveis repercussões internacionais. Se não, reparem. Em Cuba, os cidadãos manifestam-se contra as miseráveis condições de vida com que o governo comunista os brinda. Enquanto isso, em Portugal, os comunistas manifestam-se contra esses manifestantes, ao mesmo tempo que António Costa continua a manifestar total disponibilidade para fazer compromissos com partidos comunistas. E todos continuam a roer-se de inveja daquela visita que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez a Cuba para prestar vassalagem ao déspota Fidel Castro.

Mas devo dizer que percebo a profunda estima que os nossos governantes socialistas e os seus comparsas comunistas nutrem pelo regime cubano. É que a existência da Cuba comunista permite, ao governo do PS, poupar imensos recursos. Recursos que, desta forma, podem ser aplicados de modo muito mais produtivo em, por exemplo, adjudicações directas a empresas fornecedoras de kits de alimentos em centros de vacinação. Empresas essas detidas por, ó inaudita coincidência!, outros socialistas. E em que é que se poupam recursos? Poupam-se na área da saúde, nomeadamente em tudo o que são consultas de psiquiatria no SNS e comparticipações de remédios para a depressão. Sim porque, enquanto os portugueses remediados conseguirem ir uma semana por ano, a crédito, fingir que são ricos para Cuba, vai dando para esquecerem que rumamos ao último lugar da UE em termos de riqueza, mais depressa do que os cubanos rumam para Miami.

E é aproveitar enquanto dura. Porque, ou muito me engano, ou vislumbram-se tendências opostas em Cuba e Portugal. Por lá, espera-se que o regime comunista tenha os dias contados. Por cá, a ideia com que se fica é que os comunistas estão a contar os dias para terem total controlo sobre o essencial das políticas do governo. Aliás, antecipo que, num futuro – para mal dos nossos pecados – não tão distante assim, em vez de serem os portugueses a viajar para a ilha caribenha em busca da experiência histórica de como era viver nos anos 50 do século XX, serão os cubanos a visitarem Portugal para recordarem, com indisfarçável alívio, como viviam em 2025.

Na vanguarda da cubanização do nosso Portugal está o inenarrável ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. E, atenção, quando digo “inenarrável” é mesmo porque estou convencido que se chegássemos ao pé do Camões e lhe pedíssemos “Luís, vais ler todas as notícias sobre o ministro Cabrita e depois descrever, pelas tuas próprias palavras, a dita personagem”, ao fim de um quarto de hora diria o Camões “Posso solicitar-lhe um café com açúcar, por favor?” E nós, “Claro que sim, Luís Vaz”. E ao entregar-lhe a chávena, o poeta pegaria na colher e tentaria arrancar o olho são enquanto gritava a plenos pulmões “É impossível! Não encontro palavras para descrever este energúm… indivíduo! Não há vocábulos para tal! A minha vida já não faz sentido!”

Desta feita, parece que Eduardo Cabrita fez uma interpretação do relatório da Inspeção-Geral da Administração Interna relativo aos festejos do Sporting merecedora de um sólido zero a Português do 8º ano. Já para não falar do facto do dito relatório ter demorado escassos dois meses a estar pronto. Bom, mas aqui chegados, há que ter a hombridade de reconhecer o seguinte: quem é que, no seu perfeito juízo, podia, alguma vez, ter antecipado que o Sporting ia ganhar o campeonato? Ninguém. Ninguém estava preparado para tal bizarria. Eduardo Cabrita incluído. Isto não absolverá o ministro das suas responsabilidade, como é óbvio, mas é uma grande atenuante. E, ao mesmo tempo, imaginem que o MAI começa já, de imediato, a preparar os próximos festejos do Sporting. Eh pá, com alguma sorte, em 2040, quando houver novo triunfo leonino, Eduardo Cabrita terá tudo pontinho, a aguardar as festividades.

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