Nos últimos dias, o centro de acessos combates entre separatistas pró-russos e tropas ucranianas tem sido o Aeroporto de Donetsk, mas, ao mesmo tempo, tornam-se cada vez mais frequentes actos terroristas noutras cidades do Leste e Sul da Ucrânia: Cracóvia (Kharkov), Odessa, Kiev.
Durante a noite os separatistas e militares russos lançaram intensos ataques contra o Aeroporto de Donetsk, ponto extremamente estratégico na região, e até já anunciaram a sua tomada, mas o comando militar ucraniano desmente essa notícia, embora reconhecendo que as suas tropas estão numa situação muito complicada.
Na quinta-feira passada, Alexandre Hug, vice-chefe da Missão de Monitorização da OSCE na Ucrânia, declarou que alguns dos disparos são feitos a partir de zonas residências próximas, o que faz dos seus habitantes escudos humanos dos separatistas.
Ao mesmo tempo, tornam-se cada vez mais frequentes acções terroristas em cidades ucranianas que ficam fora do perímetro dos combates entre separatistas e tropas russas, de um lado, e militares ucranianos. Na véspera, uma carga explosiva detonou junto de 50 cisternas de combustível em Cracóvia, provocando um forte incêndio. Segundo as autoridades ucranianas, a explosão ocorreu perto de um arsenal de armas e munições e de uma fábrica de transformação de gás e poderia ter graves consequências não fosse a intervenção dos bombeiros.
Na cidade de Odessa, nos últimos dias ocorreram várias explosões junto de sedes de organizações que apoiam os combatentes ucranianos na luta contra o separatismo. Na aldeia Lugansk, uma carga explodiu junto de um posto de controlo dos militares de Kiev, tendo provocado a morte de um militar e ferimentos graves em três.
O objectivo destes actos terroristas é alargar a zona do conflito a novas regiões da Ucrânia, permitindo assim aos separatistas tentar conquistar um corredor terrestre que ligue a Crimeia à Rússia, bem como desestabilizar completamente a débil situação económica, social e política no país.
Entretanto, todas as reuniões entre as partes do conflito marcadas para Minsk têm sido sistematicamente adiadas, soando acusações mútuas sobre as causas disso. O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião urgente sobre a agudização da situação na Ucrânia, mas deverá terminar sem resultados palpáveis devido às divergências dos membros permanentes face ao conflito.
Mas, pelos vistos, os combates irão continuar até que os dirigentes de Kiev aceitem as exigências mínimas de Moscovo: “federalização” e finlandização” da Ucrânia.
Não obstante o Kremlin jurar que não interfere militarmente, o certo é que os separatistas estão cada vez melhor equipados com armamentos pesados. Kiev, pelo seu lado, aprovou um novo plano de mobilização e reforça os seus efectivos no Leste e Sul do país.
A Organização Mundial de Saúde informa que a guerra civil sem fim à vista no centro da Europa já provocou 4 808 mortos e 10 468 feridos.