Como é que um país que tem recursos, sobretudo humanos, e é bafejado pela sorte de ter um clima temperado e moderado em extremos, povoado por um povo orgulhoso e acolhedor, sem causas fraturantes entre si, barricado na sua orla costeira por 8 milhões dos seus 10 milhões de habitantes a coabitar num eixo entre Braga e Setúbal,  e os restantes espalhados por um território que escorrido não está nos extremos a mais de 200 km da costa e por 2 arquipélagos que ocupam todo o esplendor estratégico territorial no Oceano Atlântico Norte e municiado de uma comunidade de língua portuguesa que ultrapassa os 260 milhões de almas – como é que um país assim persiste em manter dois partidos que mais não oferecem que um futuro sem perspetivas, sem esperança e sem chama, ignorantes da nossa história e descrentes das nossas gentes.

Vivemos rodeados de intriguistas medíocres que desbaratam a riqueza nacional sem se aperceberem da oportunidade imensa que os deuses nos ofereceram, incapazes de vislumbrar como podemos aproveitar todo este manancial de recursos humanos que inventaram a globalização, esventraram os mares nunca dantes navegados e ligaram o Norte ao Sul e o Leste ao Oeste, miscigenando-se  com tudo e todos, contribuindo também desta forma para que, segundo a National Geographic, não existam raças entre os humanos e apenas um grande vigor entre todos os híbridos que habitam o nosso planeta.

É simples de vislumbrar, basta olhar o mapa com centralidade atlântica, que na Europa somos o centro do eixo euro-atlântico, o caminho mais curto entre Américas, África e Europa, e por via marítima também entre Ásia e Europa, para todo o tipo de embarcações, venham donde vierem incluindo do canal de Suez, e mesmo com toda esta evidência que La Palisse não constataria melhor, continuamos dotados de Portos de Mercadorias medianos, capacidades aeroportuárias rudimentares e ligações ferroviárias degradadas, cegas, surdas e mudas.

Somos donos juridicamente de quase metade do Atlântico Norte, graças à nossa costa atlântica e aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, e, no entanto, dotados de uma frota pesqueira rudimentar e patrulhada por uma marinha insignificante, desarmada e incapaz de cumprir as suas obrigações NATO quanto mais a sua missão de salvaguardar a nossa integridade territorial. Isto sendo os portugueses os maiores consumidores de peixe, fresco e congelado, e de bacalhau do mundo, e nos vermos “obrigados” a comprar o “nosso” peixe às frotas espanholas, que impunes a toda esta desordem, saqueiam livremente as nossas águas e saciam-se revendendo-nos tudo o que apanham e que depois comemos, pois enquanto um espanhol consome em média 30 kg de peixe fresco por ano, cá não o fazemos por menos de 60 kg por tuga, sem contar com o Bacalhau que o vamos pescar a 2500 km de distância fora das nossas águas territoriais e que consumimos na mesma medida e cuja obsessão culinária nos faz fregueses de 25% de todo o bacalhau que se pesca no mundo: é obra.

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Como é possível mantermos uma rede ferroviária que não se liga com nenhuma outra além-fronteiras, já que Espanha resolveu em bom tempo, com dinheiros europeus, casar a sua rede para lá dos Pirenéus e também já se certificaram de ligar em rede a Badajoz, ficando nós a ver a procissão por um telescópio de 200 km de nos conseguirmos ligar à rede europeia. Telescópio esse, que parece querer ver a luz no fundo das promessas vãs e habituais que o PS e PSDois nos habituaram desde o tempo do protagonista que quase nos arruinou por um lado e por um outro que nos levou além da troika, e agora parecem querer anunciar em fim de ciclo, qual mensagem publicitária e enganosa para eleitor cair que nem uma mosca na sopa da desinformação, pois mais uma vez o único vencedor anunciado da debacle que se anuncia foram algumas e muito apreciadas empresas rentistas do regime.

Como é possível geração atrás de geração não conseguirmos vislumbrar sustento e perspetivas, com os políticos a persistir na manutenção de 40% da população no limiar de pobreza, empurrados e mantidos nessa realidade por umas esmolas conseguidas à custa duma brutal carga de impostos sobre uma classe média minguante. Coleta essa esbanjada em empresas públicas e em subvenções milionárias a uns quantos chupistas do sistema, incluindo em resgastes bancários ruinosos e empresas públicas em permanente falência técnica e que nos servem muito mal, enquanto continua a degradação à vista desarmada dos serviços públicos por também um congelamento salarial decretado há mais de 10 anos, finalmente descongelado generosamente por um PSD minoritário que acorre aos desmandos de toda e qualquer corporação pública desta forma tentando “comprar” os votos duma classe cada vez maior de funcionários públicos, acabando com um suposto e débil superavit e que nos mantém neste nossa permanente asfixia fiscal e nos precipita para a cauda sistemática da Europa, tipo pescadinha de rabo na boca, que é um prato que tantos portugueses apreciam e compreendem.

No interim empurrámos nos últimos 10 anos mais de 30%  dos nossos jovens e força de trabalho com todo o tipo de qualificação profissional e académica a procurar refúgio de vida em outros lugares, testemunhado por tudo e por todos, sem o vislumbre de como estancar a hemorragia, mas mantidos nesta constante de achar que para os mesmos problemas de sempre, as soluções do costume: mais esmolas, mais impostos e mais Estado para pagar mais rendas, mais negócios e manter a todo o custo os privilegiados do regime instalado, à custa de uma crescente e cada vez maior criação de pobreza e em jeito de contrabalanço atraindo uma quantidade tal de imigrantes, na maior parte dos casos desqualificados, que em muitas regiões já se fazem sentir em maioria. Sem desprimor para os que cá chegam, muitos deles fruto da nossa diáspora secular e que se limita a “regressar a casa”, fazendo por necessidade e que devem e podem ser acolhidos para trabalhar e arranjar sustento digno, integrando os nossos valores e fazendo-nos progredir e crescer como Nação.

Infelizmente uma imensidão de nadas e estruturante foi alcançado nos últimos 40 anos, salvo alguns desperdícios constantes de conluios e compadrios, conquanto uns poucos exemplos que conseguiram bem suceder, são claramente insuficientes para nos alavancar. Continuamos a ser desgovernados por políticos, muitos quero querer, bem intencionados, infelizmente mal sucedidos, por raramente terem salvaguardado os interesses do povo e da nação, e por serem na maioria dos casos impreparados, não descortinando já o bem do mal e por não fazerem a mínima ideia para onde afinal queremos ir e por quererem servir-se do Estado ao invés de o quererem servir em prol de todos.

Com engenho e arte “talvez” este parlamento espartilhado saído do redesenho do mapa político português no cinquentenário do 25 de Abril, poderá ser precisamente aquilo de que precisamos, caso consigam prosseguir à mesa da negociação constante, pouco do agrado de todos pelos vistos, que aos primeiros sinais não parecem querer comungar, por não estarem habituados e/ou por estarem carregados de demasiada testosterona, egos e deslumbramentos pessoais, com o PSDois a padecer do síndrome do “Chefe é que sabe”, querendo crer que precipitando uma crise o fenómeno Chega vá por água abaixo, tal com a múmia do regime tem do alto do seu enorme ego sugerido que Luís Montenegro prossiga, lembrando os idos do PRD. A História muitas vezes repete-se, mas esta penso sinceramente que não se vai repetir, apesar de toda a força dos midia do regime e de todos os crentes no centrão em propalar e desejar que aconteça.

Empoderando este nobre povo empreendedor e trabalhador talvez consigamos quebrar o ciclo do esbulho ideológico, do confisco tributário que extrai quase tudo a quem empreende e trabalha e que persiste em lutar porque sofre e é bom e por nunca deixar de acreditar neste nosso Portugal.

Está na altura de avisar o Nobre Povo Valente e Imortal que a alma portuguesa não morreu e que muito poucos Países se podem gabar de comemorar 900 anos de História dentro das fronteiras mais estáveis da Europa e que caso regressemos a um cenário provável de eleições legislativas antecipadas, mesmo assim haveremos de sobreviver, e haja esperança que em breve vislumbraremos para onde afinal nos queremos dirigir.