No domingo as redes sociais – e as consciências das pessoas de bem – foram agitadas com risota como não via desde a noite da prisão de José Sócrates. Tratou-se da opinião de uma senhora conservadora pashtum que vive nas zonas tribais do Paquistão. Ah, perdão, não, foi Joana Bento Rodrigues.
Começou num post de facebook. (E atentem. Há várias lições a tirar. A primeira é: não, as tontices que se põem no facebook não são o mesmo que uma coluna de opinião.) Esta versão era ainda mais catita: reconhecia que costumava apresentar-se como machista (ah, a surpresa), ilustra com homens à porta das cavernas (oh, que sintomático) e refere ‘a importância da submissão da mulher ao homem’. Depois uma edição introduziu no meio, sem nexo, a lei da paridade – para disparar um tiro barato a Assunção Cristas, favorável às quotas e mulher do seu tempo (o horror).
Claro que Joana Rodrigues pode viver como entende. De resto, é bandeira do feminismo a valorização do trabalho doméstico e cuidador não pago, mas que gera valor. Porém surpreende deveras que presuma falar ‘da Mulher’ (com M grande, vejam lá). E faça insultos descabelados sobre feministas, desde os dotes de decoração até considerações da vida sexual (que Joana gulosamente imagina), tentando meter-se em assuntos de lençóis de terceiras. Tanto, que inicialmente julguei tratar-se de algum tipo de conspiração russa, como a linha anti-masturbação que criaram para as presidenciais americanas.
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