Este artigo deve começar com dois esclarecimentos: sou amigo do Miguel Morgado. Dito isto, tenho muitos amigos e acho que nenhum deles deveria ser o cabeça de lista da AD para as eleições europeias. Ou seja, a minha opinião não resulta da amizade que tenho por Miguel Morgado.
Sigo também uma tradição anglo-saxónica. Quando temos opiniões sobre candidaturas pessoais a eleições, ou a cargos políticos, devemos exprimi-las em público, e não reduzir esse apoio a conversas privadas. O esclarecimento em relação às conversas privadas é muito importante porque obviamente o Miguel Morgado nunca me pediria para escrever este artigo, e eu nunca o faria, respondendo a um pedido.
Há várias razões que me levam a dizer que Miguel Morgado seria um candidato excelente ao Parlamento Europeu. Em primeiro lugar, tem qualidades políticas óbvias. Revela, quase sempre, bons instintos políticos, sabe argumentar, mas tem sobretudo duas qualidades que fazem muita falta ao PSD: coragem e convicções políticas.
Miguel Morgado não é de direita por razões sociais ou familiares. É de direita porque acredita nos valores conservadores e liberais. Sabe explicar por que razão é de direita, por que razão as políticas de direita são as melhores para o país, depois de décadas de socialismo. Miguel Morgado tem uma preparação intelectual e doutrinal elevada. É isso que lhe dá convicções fortes. Em política, só convence quem tem convicções. Morgado não apelaria ao voto na AD apenas porque o PS falhou, mas explicando as vantagens das políticas da AD.
Num momento em que o debate político em Portugal voltou a ter dimensões ideológicas e doutrinais muito fortes, o PSD precisa de quem tenha substância intelectual. São esses que estão preparados para os combates políticos que se aproximam. Nas eleições europeias, a AD tem dois objectivos essenciais: ganhar as eleições e reduzir a votação do Chega. Miguel Morgado tem condições para alcançar esses propósitos. Está preparado politicamente para derrotar os socialistas e para penetrar no eleitorado do Chega. Essa preparação resulta da coragem das suas convicções.
A redução da votação do Chega é muito importante para o governo conseguir um acordo com André Ventura sobre o orçamento no fim do ano (é uma ilusão acreditar num acordo com o PS). Se não se conter o crescimento eleitoral do Chega, Ventura vai querer eleições antecipadas. Muitos eleitores do Chega votariam em Miguel Morgado por causa da coragem com que ataca as políticas do PS e pela convicção com que defende as ideias de direita. A AD não pode deixar para o Chega o monopólio do discurso de direita. Miguel Morgado é, convictamente, de direita, sem ser do Chega. Ora, se a AD tirar votos ao Chega, ganha as eleições europeias.
Por fim, Miguel Morgado seria um bom deputado europeu. Conhece bem a União Europeia e as suas políticas. Trabalhou com Passos Coelho durante os anos da troika, o que lhe deu um entendimento muito claro sobre o modo como funcionam as instituições europeias. Acredita na integração europeia, mas é simultaneamente crítico de muitas políticas da União Europeia. O Parlamento Europeu precisa seguramente de deputados que queiram ajudar a reformar a União Europeia.