“Anti-sionismo”. O sionismo moderno nasceu no século XIX e foi popularizado por Theodore Herzl. Este defendia a necessidade de os judeus da Diáspora regressarem ao lugar histórico de origem, de modo a escaparem de uma vez das crescentes, ou no mínimo, recorrentes perseguições de que eram alvo na Europa e não só. Literalmente, ser contra o sionismo é ser contra a existência de Israel, um obstáculo a que os judeus, esses marotos, se deixem caçar com a facilidade que vigorou durante milénios. E é uma confissão pouco subtil de ódio: os que proclamam “Eu não sou anti-semita: sou anti-sionista” são anti-semitas dissimulados. Mas dissimulam muito mal.

Antissemitismo. Está vivo e em determinados meios recomenda-se. Dizem que a moda é cíclica, e isso nota-se. A tendência da estação, fortíssima na Europa e na América, é reciclar o estilo ousado dos anos 1930, mediante a agressão a judeus e a destruição das propriedades de judeus. A vandalização de sinagogas é imprescindível. A título de acessórios, não podiam faltar as estrelas de David e os insultos pintados na entrada das casas.

“Apartheid”. Cerca de 21% da população israelita é árabe e tem cidadania plena. Cerca de 0% da população de Gaza é judia e, por definição, não tem grande coisa. Pergunta para queijinho, kosher ou halal: em qual dos territórios se pratica o apartheid?

“Causa palestiniana”. Costumo perguntar a quem calha qual é, afinal, a famosa “causa palestiniana”. Não costumo obter respostas, excepto a de que consiste na aniquilação de Israel.

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“Genocídio”. É consabido que Israel pratica genocídio em Gaza. Os números não mentem. Em 1970, o território tinha 300 mil habitantes. Em 2000, um milhão e pouco. Hoje, dois milhões e tal. É um genocídio peculiar, mas um genocídio sem sombra de dúvida. O Hamas, o sr. Varoufakis e a rapaziada do Bloco não iam mentir.

Guterres. Ao que consta, o Homem do Pântano é um “humanista”. É capaz, é. Enquanto nosso primeiro-ministro, o seu “humanismo” deixou marcas profundas e um legado de cujas metástases ainda hoje beneficiamos. Enquanto secretário-geral da prestimosa ONU, mantém-se um portento de carácter: não há opressão de povos que escape à vigilância do engenheiro, tirando a cometida pela China. E pela Rússia. E pela Turquia. E pelo Irão. E pela Venezuela. E um longo etc. Pensando melhor, todas as opressões sanguinárias escapam à vigilância do engenheiro. Mas Israel não.

Homossexuais. Não é raro ver homossexuais berrarem “pela” Palestina, leia-se pelo direito a serem presos, torturados e executados. Também é possível que o exercício se deva à ignorância do que lhes sucederia em semelhante caldo, digamos, “cultural”. Em qualquer dos casos, a verdade é que a exibição pública de masoquismo terminal ou de boçalidade irrecuperável não faz maravilhas pela causa LGBTEtc.

“Inocentes”. Incontáveis pessoas, algumas de boa-fé, sentem-se na obrigação de repetir a cada dez minutos que o Hamas não representa os palestinianos. É uma meia-verdade e uma meia mentira. A julgar por sondagens, um terço, talvez metade dos moradores em Gaza e na Cisjordânia apoia o Hamas e os seus propósitos. E uma larga maioria apoia certamente os propósitos no que tocam à eliminação de Israel, sonho aliás partilhado por uma percentagem considerável dos árabes em geral – e, diga-se, pela totalidade dos “activistas” da esquerda ocidental. Uns e outros marcham assiduamente a favor da barbárie. Já os viram marchar contra?

Manifestações. Não é um exclusivo nacional, mas em Portugal o BE e o PCP já promoveram não sei quantas manifestações pela “paz” e pela “Palestina”. Em Lisboa, pelo menos, parecem acontecer dia sim, dia não. Embora eu não frequente essas pândegas, aposto que em nenhuma os esforços pacificadores vão ao ponto de condenar as chacinas cometidas pelo Hamas, exigir que o Hamas devolva os reféns, lamentar que o Hamas continue a bombardear ininterruptamente Israel ou sequer reparar nos mortos que os “rockets” transviados e os escudos humanos do Hamas causam na pobre “Palestina”.

“Ministério da Saúde de Gaza”. Não existe. É o Hamas, uma agremiação de selvagens que quando aparece na mesma frase que a palavra “saúde” não augura nada de bom. Isto, porém, não impede inúmeros “media” ocidentais de, por ecumenismo, tratarem as respectivas “informações” como fidedignas. Eu, se fosse a eles, duvidaria de quem confunde um parque de estacionamento com um hospital, uma dúzia de carros com 500 mortos e um foguete avariado com um míssil israelita. E que, sob os hospitais de facto, alberga centros operacionais de terroristas e armamento.

“Ocupação”. Há quase vinte anos que Israel retirou de Gaza, mas Gaza permanece “ocupada”. E, pior, vítima de um bloqueio que limita o acesso dos habitantes a todos os bens essenciais excepto material para produzir “rockets”. As mais de cem mil passagens anuais de pessoas, alimentos, combustível e produtos sortidos na fronteira de Erez, entre Gaza e Israel, não existem. A fronteira com o Egipto não existe. A realidade não existe.

Propaganda. Nos últimos dias, vi diversos vídeos chocantes sobre o drama que decorre em Gaza. Vi um homem a festejar o massacre de judeus. Vi um homem a chorar a casa que os israelitas arrasaram. Vi um homem a morrer numa cama de hospital. Vi um homem a passear entre os escombros. Vi um homem com o filho ferido nos braços. O curioso é que o homem era sempre o mesmo. Chama-se Saleh Aljafarawi e é apresentado como jornalista ou fotógrafo. Após pesquisa, apurei que é também o quinto classificado no “ranking” local de ping-pong (juro), além de cançonetista. Acima de tudo, Saleh é actor. À revelia da guerra, Gaza tornou-se a verdadeira Meca do cinema.

Qatar. Este rascunho de país, aliado dos EUA, acolhe com cortesia os líderes do Hamas. De castigo, o Ocidente, que não dorme quando os direitos humanos e a decência estão em risco, forçou o Qatar a acolher também o “Mundial” da bola. Foi há menos de um ano e, indignada, a “comunidade internacional” nem ligou os televisores.