Será legitimo1 assassinar Luís Montenegro, Don Pedro Nuno, ou outro dirigente do ps/d, responsáveis pela miséria atual em Portugal, e garantes da nossa pobreza futura? Claro que não. Porquê? Porque são seres humanos, e os seus erros na gestão económica e os seus desmandos contra a Vida2 dos portugueses não lhes retira essa dignidade. O assassínio não é, em nenhuma situação, solução legitima para a estupidez ou a perversão humana. E muito menos o é para resolver um problema pessoal ou alcançar um objetivo político, económico ou social. Não é legitimo matar el-rei para implantar a república, um avozinho porque está senil, ou um Mau Zedong3 para vingar os seus crimes, mesmo que estes tenham levado à morte milhões de pessoas. Como dizia a outra, “a vida humana é inviolável”4. Ou, pelo menos, devia5 ser.
E quando é que, verdadeiramente, começa6 e acaba a vida e a sua inviolabilidade? Quando a pessoa é gerada e quando respira ou seu último? Ou quando o legislador, ou o consenso social, arbitrariamente o decidem? Começa com a viabilidade e acaba quando esta termina? Ou começa com o aparecimento da consciência e termina com o seu desaparecimento? Ou vai da puberdade até à impotência? Incrivelmente há quem negue a primeira resposta, mas entre estes são poucos os que se querem comprometer honestamente7 por uma das alternativas. A negação da resposta ontologicamente óbvia e biologicamente evidente tem uma razão: é conveniente para a defesa da legalidade8 do aborto9.
Cada crime contra a dignidade da vida humana anda associado a uma negação total ou parcial da humanidade da vítima. Para os nacionais-socialistas, parentes ideológicos10 próximos do ps/d, os judeus não eram totalmente humanos, tal como para os Maus Zedonguistas os burgueses & seus lacaios também não eram.11 De modo semelhante, para os defensores do aborto os bebés também não são pessoas. Então o que são? Um amontoado informe de células que não tem consciência, nem personalidade ou dignidade. Mas quantos dos nossos políticos12 também não são amontoados informes de células sem consciência, personalidade ou dignidade? No entanto, isso não legitima o seu assassínio. Porquê? Porque são, apesar de tudo, humanos13.
Negar a humanidade de uma pessoa até que ela chegue às 12 semanas, ou até às 24, até ao nascimento, ou até um pouco depois deste é uma arbitrariedade social & legal para permitir o crime horrendo do homicídio14 dos membros de uma certa classe15 etária que espelha o nível ético, de equidade16 e de solidariedade17 presente numa sociedade. A recorrente proposta e discussão de diferentes prazos até aos quais será legitimo matar um bebé reflete bem essa arbitrariedade. Embora a arbitrariedade óbvia de qualquer limite etário para a legalização do homicídio da criança seja uma fraqueza no argumento a favor do aborto, é uma fraqueza necessária para não se legitimar a sua extensão a adolescentes, adultos e algumas envelhecidas18 mas eternas crianças, algumas que até chegam à presidência da república.
Assim compreende-se a polémica que Bill Maher, um vociferous & popular pro-choicer de longa data, tenha causado quando há duas semanas atrás publicamente reconheceu que:
- A vida humana começa na conceção;
- Que a sua terminação voluntária é, portanto, e obviamente, murder; mas
- Defendendo que murder não é um problema, pelo contrário, it’s okay: já somos 8 biliões nesta terra, pelo que não sentiremos a falta dos milhões que foram, são e serão abortados.19
Maher não o disse, mas certamente que também não sentirá a falta de todos aqueles ucranianos mortos durante o Holomodor e durante a invasão russa em curso, dos judeus assassinados durante o Holocausto e a 7 de Outubro, dos milhões de cambojanos exterminados pelo BE local entre 1975 e 1979, de todos os milhões sacrificados no Gulag por Stalin & Associados, do quase milhão de tutsis abortados pelos hutus no Ruanda em 1994, entre muitas outras façanhas pro-choice semelhantes, que se tornaram especialmente populares durante os últimos cem anos. Por uma questão de coerência, certamente que o homicídio de todas estas pessoas também será okay.
O que Maher agora, depois de uma longa militância, admitiu publicamente, já todos sabíamos sem necessidade de ninguém nos ensinar: matar uma pessoa inocente & indefesa é sempre murder. Infelizmente há muitos que, sabendo-o, o queira esquecer e dessaber, na convicção errónea de que um mundo sem ucranianos, judeus, burgueses, tutsis, bebés y outros indesejados é um mundo melhor, mais fraterno e mais livre. Para justificar a manutenção do aborto e de outros crimes contra a humanidade este “esquecimento” & esta “ignorância” de algo tão evidente tem de ser afincadamente cultivada na escola, na imprensa e nas igrejas.
A alternativa, apontada por Maher, é aceitar o óbvio e “evoluir” eticamente: já há tanta gente neste mundo, e a pegada ecológica dos humanos já é tão funda, que matar outras pessoas por quem tem o poder20, não a legitimidade, para o fazer deve deixar de ser considerado crime, pecado, ou algo de inaceitável. A revolucionaridade desta posição não pode deixar de ser notada por todOs os feministas21, ILiberais e outros progressistas, tanto à esquerda como à direita.
Esta alternativa é a consequência natural de se negar a humanidade “apenas” a algumas pessoas. A arbitrariedade da definição da categoria dos que são desumanizados, leva a que esta espontaneamente se vá expandindo. Com que consequência? Mais liberdade? Ou, como escrevia um conhecido lutador antifascista22, a morte da verdadeira liberdade?: “Reivindicar o direito ao aborto, ao infanticídio, à eutanásia, e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira Liberdade […].”23
Us avtores24 não segvew as regras da graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein as du antygu. Escreuew covmv qverew & lhes apetece. #EncuantoNusDeixam
- Legitimo: aquilo que se pode fazer e para o qual se arranjará sempre uma justificação ética mais ou menos esfarrapada; aquilo para que o nosso natural interesse nos motiva25, nos leva a fazer e que o nosso poder político y económico permite & justifica.
- Vida: união do corpo com a alma; condimento espiritual que preserva o corpo de corrupção; salário ou tesouro que é guardado num saco roto; a condição que distingue os animais e plantas dos seres inorgânicos, definição contestada pelos srs. drs. que defendem que no estado vegetativo já não existe vida, o que por sua vez deve tornar os incêndios amazónicos inofensivos, irrelevantes e incensuráveis; é vivida na apreensão da morte; a questão de se vale a pena viver a vida é acesamente discutida, não no que respeita a cães e gatos, cobras e lagartos, sobre o qual não há pan para dúvidas, mas relativamente aos humanos, especialmente por aqueles pensadores que, por questões ambientais, acham que não, e que escrevem longos artigos no Público e outras redes anti-sociais em suporte dessa opinião, e nos dão o exemplo pessoal através da observância de rigorosas dietas vegans (vegetais não são seres vivos!) que lhes asseguram uma longa vida de ativismo e apreço público; sopro divino.
- Zedong 澤東: (chinês) literalmente, pântano oriental; nome próprio de um estadista muito Mau que durante 30 anos fez de uma nobre nação oriental um enorme pântano.
- Constituição de República Portuguesa, 24, n. 1.
- Dever: segundo uma evolução filosófica recente, algo que está completamente desligado da ontologia do sujeito, pelo que o ‘ser’ não implica em nada o ‘dever’ ou o ‘dever ser’: por exemplo, ‘ser gato’ não implica ‘dever ser gato’, ‘ser mulher’ não implica ‘dever ser mulher’, ‘ser ministro’ não implica ‘dever ser responsável pelos casos e casinhos sob a sua tutela’ & ‘ser humano’ não implica ‘ter a responsabilidade de se comportar humanamente’; algo pelo qual ninguém é responsável ou responsabilizado & cuja obrigação legal ou moral está à sua discrição; na República Portuguesa, aquilo que compele um político na direção do máximo ganho pessoal através da via da maior comodidade e de absoluta indiferença ao bem da Nação. Os incidentes de Pedrogão Grande e Tancos (2017) são apenas dois exemplos do meritório e escrupuloso cumprimento, pelo estado e seus agentes, do dever de proteger os cidadãos.
- Começar: evento recorrente numa natureza inconstante26; “Quando começa a Natureza? Com a criação do Universo? Ou com o aparecimento do Homem? Ou não será antes que a Natureza verdadeiramente nascerá com o despontar da Nova Humanidade aquando da implantação do Comunismo cientificamente predito por Warx? Se assim for, não será legitimo abortá-la antes que nasça?”, Pe. Mário Centavo, Opera Omnia, vol. 93.
- Honestidade: doença mental que afeta a capacidade de fazer política, compromete a competência para gerir negócios e impacta negativamente a aptidão para ganhar dinheiro; o ministério da educação vem fazendo, desde há várias décadas, um enorme esforço para vacinar as crianças contra esta praga infeciosa.
- Legalidade: aquilo que é compatível com a venal & variável opinião do Príncipe (seja tirano, tecnocrata, trafulha, ou simples populista) nesse momento e no futuro.
- Aborto: algo que destrói radicalmente a saúde de uma pessoa e contraria & se opõe à reprodução de outras duas; delete de um ser humano que raramente é precedido da mensagem “are you sure that you want to permanently delete this item?”; política socioeconómica do ps/d; homicídio permitido baseado na idade da vítima qualificando, portanto, como uma forma especialmente rabida de ageism; (quando voluntário) a grande contradição, pondo na mesma pele a origem e a destruição, a mãe e a assassina; “They say it’s empowerment / They say it’s women’s rights / But all I see is oppression / And might makes right.”, EmbryHoez, “The Hotties will dismantle Roe”, New York Times, July 3, 2022.
- Ideologia: religião secular com credo, divindade(s) e moralidade; a principal diferença entre ideologia e religião reside em que, sendo aquela uma religião, não quer ser classificada como tal, para assim poder gozar dos privilégios vedados àquelas que aceitam o epiteto, o menor dos quais não será poder fazer eleger deputados como o pan e formar governo como o ps/d.
- Embora ninguém domine as técnicas de desumanização d’o Outro25 como os socialistas, sejam nacionalistas como Hitler ou globalistas como Lenin, a prática é, infelizmente, comumente praticada em todo o espetro político, até por defensores da democracia e dos direitos humanos. Um conhecido caso é o democratas venezuelanos comumente, e pouco caridosamente, se referirem ao tirano da altura, Hugo Chavez, como el Mono27, desumanizando-o assim, para grande irritação do próprio & pouca eficácia para a militância pró-democracia. Não será o respeito pela dignidade humana do Outro (todos eles, mesmo aqueles carentes de dignidade pessoal) uma das razões que nos levam a considerar a democracia um sistema mais humano que os alternativos?
- Político: classe zoológica de que fazem parte o passarão e vários tipos de invertebrados e parasitas; verme que vive na lama que cobre a superestrutura societária; parasita que quando se contorce confunde a própria vibração com a da estrutura social que, enquanto a ardor da comichão é sofrível, o suporta; sanguessuga fiscal e cuco empresarial; comparado com o estadista tem a desvantagem de ainda estar vivo.
- Humano: membro da raça humana, cuja humanidade frequentemente não chega à de um animal.
- Homicídio: abertura forçada e violenta de uma vaga que não pode ser preenchida—todos somos insubstituíveis, até o sr. eng. Costa, apesar de Luís Montenegro tentar demonstrar o contrário; ato de um homem matar outro homem; inclui suicídio, regicídio, presidenticídio, politicídio, parricídio, ministricídio, matricídio, infanticídio (que abrange o feticídio ou aborto provocado), fratricídio e eutanásia, mas não o florícidio28; antigamente, em sociedades héteropatriarcais brancas onde se praticava a descriminação de género, distinguia-se do feminicídio, o ato de um homem matar outra mulher; embora o fratricídio seja geralmente considerado uma categoria dentro do homicídio há que defenda a opinião contraria como o Pe. Mário Centavo, na sua Opera Omnia, vol. 49, p. 444, onde escreve que “todo o homicídio é fratricídio”; à semelhança de tudo o que é irreversível o homicídio é um custo afundado e toda a burocracia que se lhe segue, estabelecida nos Códigos Penal e de Processo Penal, é para exclusivo benefício, rendimento e emprego das profissões jurídicas; o homicídio era antigamente considerado um crime e severamente punido nas sociedades héteropatriarcais brancas, mas tem vindo gradualmente, e por fases (a famosa rampa), a ser liberalizado e desregulamento no nosso país no âmbito das profundas reformas estruturais em curso levadas a cabo pelo partido do governo no esforço de tornar a nossa sociedade mais justa, avançada, compassiva e humana sob o lema progressista & galvanizador “liberalizar o crime, criminalizar a arma”; uma recente fuga de informação, que passou desapercebida na imprensa nacional, revelou que está a ser planeada uma reforma do Código Penal em que, no âmbito da desregulamentação em curso, se propõe uma nova tipificação do homicídio em três categorias: criminoso, justificável e louvável; fontes geralmente bem informadas acrescentaram que se prevê que, num futuro próximo, se mantenha a penalização do homicídio apenas quando perpetrado contra militantes do ps/d, sendo que o que for por eles praticado será sempre louvável. Uma proposta de passar o homicídio do âmbito do direito penal para o direito civil ficou, por enquanto, na gaveta.
- Classe: modo, com pouca classe, de dividir a sociedade em vários estratos de acordo com aparências; ordenamento sistémico das pessoas de uma sociedade de acordo com categorizações hegelianas e pós-hegelianas elaboradas por cientistas sociais; em Portugal, as classes que melhor explicam a dinâmica social são a dos lisboetas (não confundir com “alfacinhas”) e dos não lisboetas.
- Equidade: sistema social que assegura que todos os cidadãos pagam as mesmas multas e cumprem o mesmo tempo de prisão; sistema que defende que x deve ser igual a y, ꓯx,y, ao mesmo tempo que se respeita a diversidade e todas as diferenças .
- Solidariedade: aquilo de que os warxistas fogem como o diabo foge da cruz; antigénio que despoleta na sociedade uma resposta imune ao comunismo & socialismo.
- Envelhecer: ficar com uma sensação à Rip Van Winkle, mas sem ter passado pelas brasas; estágio de desenvolvimento pessoal em que a camaradagem dos bancos de jardim é especialmente cultivada; estádio de maturação intelectual que permite enfrentar pausadamente questões fundamentais como “porque raio haviam de chamar Sagres a uma bebida fermentada?”
- Transcrição parcial: “I scold the Left when they say [pro-lifers] hate women… they don’t hate women… they think [abortion] is murder, and it kind of iI’m just okay with that.I am. I mean, there’s 8 billion people in the world. I’m sorry, we won’t miss you… Is that not your position if you’re pro-choice?”
- Poder: músculo sem consciência; ter a opção, não a obrigação, de atuar de certo modo, como por exemplo a que os portugueses têm de votar ps/d de modo a garantir a glória de ser o povo mais miseravelmente pobre da EU; condição natural da autoridade pública que lhe possibilita a prossecução dos seus mesquinhos interesses particulares.
- Feminismo: doutrina de carater religioso que prescreve a libertação feminina do vício da vaidade, em prol do cultivo da virtude da gula, bem como a sua libertação da pobreza social & económica da vida familiar em troca dos abundantes frutos da esterilidade médica & quimicamente assistida.
- Fascismo: aquilo de que não gosto, especialmente em política e questões sociais; contrapõem-se ao antifascismo, que inclui tudo aquilo de que gosto.
- João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20.
- Us avtores identificam-se como pluralidade. Pronomes: vós/eles.
- Motivo: lobo psíquico vestido com lã tingida das cores da moda.
- Inconstância: fenómeno originado pela saciedade iterativa numa personalidade empreendedora.
- Outro: também referido como “o outro”: um ser inferior, idealmente sem acesso às liberdades & garantias de um estado de direito.
- Mono: macaco (esp.) ou coisa (jap.); o pan objeta fortemente à identificação explicita dos monos a coisas feitas pelos japoneses, e outras nações asiáticas culturalmente inferiores, e intenta apresentar queixa junto do Tribunal Planetário dos Direitos Humanos, presidido por um conhecido primata.
- Floricídio: ato de matar uma flor, crime especialmente hediondo tendo em conta a beleza, fragilidade, e pureza destes seres que não fazem mal a ninguém. Uma recente campanha de conspurcação ideológica da linguagem (noticiada aqui), promovendo o ódio anti-floral, demonstra bem os preconceitos e a sanha seivanária que alguns animais nutrem contra esses seres sensíveis, belos e pacíficos que são as flores (e as plantas em geral). Espera-se que surja em breve, no nosso país, um movimento da defesa da flora que pugne pela abolição imediata desses antros de opressão e morte que são as floristas e os campos de pasto: que qualquer vaca apanhada em flagrante a comer erva (i.e., pelo crime de herbicídio) seja morta e esquadrejada (e vendida para bifes! — enquanto o sushi de baleia não chega às nossas casas de pasto).