É preciso continuar a discutir o texto de Maria de Fátima Bonifácio? É. Porque é necessário separar o trigo do joio. Sendo que naquele texto o trigo e o joio estão misturados de forma desesperante: a autora criticou uma má ideia – a introdução de quotas para minorias étnico-raciais – com péssimos argumentos, escrevendo algumas verdades à mistura com generalizações abusivas e caricatas. O resultado não é de forma alguma um “manifesto racista” – não há nenhum apelo ou defesa da discriminação ou segregação racial, nada nele incita ao ódio racial – e é próprio de intolerantes que os puritanos decretem o banimento da historiadora do espaço público, como não faltou quem defendesse.

Sendo amigo de Maria de Fátima Bonifácio não posso – até por isso – deixar de apontar publicamente os pontos em que discordo abertamente dela. E, também, de sublinhar que generalizações abusivas não anulam certas verdades que teve a frontalidade de apontar. Mas vamos por partes.

A passagem do texto que mais me arrepia é aquela em que defende que nem africanos nem ciganos “descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789”. Isto porque não fariam parte de “uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade”.

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