O verdadeiro reino do populismo em que o país vive há mais de seis anos não é o da «caça aos ciganos» promovida pelo Chega. O verdadeiro populismo é aquele que o PS implantou desde o dia em que António Costa deu o seu «golpe de estado parlamentar», impondo a «geringonça» ao presidente Cavaco Silva e ao primeiro-ministro Passos Coelho, legítimo vencedor das legislativas de 2015 após a recuperação da bancarrota e da intervenção estrangeira provocadas por esse Sócrates que continua impunemente acusado até hoje de corrupção.

É este o regime em que temos vivido desde então e que só podia agravar-se, como se agravou, com o desencadeamento da pandemia e a virtual paragem do país; com as taxas de alta mortalidade e de baixa natalidade que estão a reduzir a população do país cada dia que passa; e finalmente, com o desencadeamento da guerra movida pela Rússia à Ucrânia e à NATO. Este ciclo malfadado não podia deixar de provocar, fatalmente, o disparo da inflação desaparecida há décadas para rebentar de novo no preciso momento em que o país e a maioria dos seus principais parceiros sofreram uma recessão que só na aparência terminou. Mais de dois anos após a China inundar o mundo com o seu vírus, ainda não foi investido um euro do prometido milagre da resiliência!

Foi neste contexto que o PS aproveitou, com a lamentável conivência do presidente da República, para remeter a auto-proclamada «esquerda» à sua insignificância, mandando-a para o quinto e o sexto lugares do campeonato parlamentar. Quanto à manifesta impotência política do PSD e do CDS perante o populismo socialista generalizado, isso permitiu ao PS apoderar-se finalmente de todas as fontes do poder, a começar pelo parlamento e a acabar numa comunicação social que não teve vergonha, com raríssima excepção, de aceitar os donativos governamentais, ou seja, deixar o PS apropriar-se do «privado» e torná-lo «público»!

Se contarmos alguns raros exemplares de capital estrangeiro – a China na electricidade, banca e seguros; a Espanha na banca; a Alemanha com a velha Auto-Europa… — pouco mais capital de algum peso foi investido no país desde que Sócrates e o PS levaram o país pela terceira vez à bancarrota há mais de dez anos. É, pois, no preciso momento em que a dívida externa continua a ultrapassar largamente o PIB nacional, que o PS deu um salto quantitativo e veio prometer na comunicação social – se bem percebi! – que o salário médio nacional iria aumentar 20% nos próximos quatro anos…

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Devo confessar que ainda estou a coçar a cabeça a pensar se percebi bem esta maravilhosa surpresa… Devo perguntar se tal bonança não se aplicaria porventura às pensões como aquelas que o Estado paga aos chamados idosos, já que o governo aproveitou para acelerar – e não retardar, como fazem todos os países minimamente desenvolvidos e prudentes – a idade da reforma… 20% de aumento em quatro anos são, para quem não percebe muito de contas, algo como quatro vezes 5% por ano, tendo naturalmente em conta que pode e normalmente varia de ano em ano!

Seria necessário verificar quando foi a última vez que o salário português médio subiu tanto e tão depressa em valor aquisitivo. Há, porém, vários factores incontornáveis. O primeiro de todos é a inflação, isto é, o aumento dos preços, o qual se elevava há pouco, segundo Banco de Portugal, à crescente velocidade de quase 8% em Abril passado. Ora, a manter-se, isso significaria que o aumento do poder de compra do salário médio teria de ser no ano que vem algo como 13%, segundo o anúncio do primeiro-ministro… Um aumento imediato de 5% não cobriria sequer a perda de 3% do poder de compra em curso!

A este insuperável constrangimento da inflação em curso e a prazo incalculável, sucede que os governos, apesar do habitual comportamento autoritário do PS, não determinam os salários do sector privado, como de resto já lhe foi justificadamente chamada a atenção pelo patronato. Com excepção do funcionalismo público, que é dos mais numerosos do mundo e comparativamente bem pago a fim de obedecer regularmente ao governo, o PS ainda não é quem faz os ordenados do sector privado e muito menos faz o poder de compra!

Este comportamento manifestamente populista que é a manipulação dos salários tem tido, além disso, o resultado de o PS haver empurrado cada vez mais a mão-de-obra sem qualificação profissional para o turismo e a construção civil, ou seja, os dois sectores económicos de mais baixa produtividade transformados na nossa principal mercadoria de exportação. O resultado óbvio é serem precisos cada vez mais turistas para um trabalhador conseguir alugar um apartamento… Outros resultados deste empobrecimento comparativo do país e do intervencionismo populista do PS são o crescente abandono dos «seniores» à sua triste sorte e o acelerado declínio demográfico da população.