Neste que é o mês em que celebramos o Dia Mundial da Água e tantas outras efemérides associadas à saúde do Planeta, é imperativo refletir sobre a situação crítica enfrentada por muitas regiões do mundo, especialmente no Algarve. Enquanto nos dedicamos a consciencializar sobre a importância deste recurso vital, é crucial também confrontar os desafios reais que enfrentamos, especialmente nas áreas onde a escassez de água é uma realidade efetiva.

O Algarve, conhecido pela beleza das suas praias e clima ameno, enfrenta uma crise hídrica que não pode ser ignorada. A região é afetada por uma combinação de fatores, incluindo mudanças climáticas, crescimento populacional sazonal, atividades agrícolas intensivas, que colocam uma pressão insustentável sobre os recursos hídricos disponíveis.

Nos últimos anos, a região tem enfrentado períodos cada vez mais prolongados de escassez de chuva, que resultam em níveis abissalmente baixos nos reservatórios de água. Isto não apenas ameaça o abastecimento de água para consumo humano, mas também impacta diretamente a agricultura e o turismo, setores vitais para a economia local.

A gestão da água no Algarve apresenta, por isso, desafios significativos. É essencial adotar políticas que promovam a conservação da água, incentivem o seu uso responsável e procurem soluções inovadoras para enfrentar a escassez.

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No entanto, apesar dos desafios, há razões para otimismo. O Algarve possui um potencial significativo para a adoção de práticas sustentáveis e soluções inovadoras. A promoção da eficiência hídrica, o investimento em tecnologias de reutilização e dessalinização, e a consciência pública sobre a importância da água são passos essenciais na busca por uma gestão mais resiliente e equitativa dos recursos hídricos.

Neste particular, congratulo as entidades oficiais, nomeadamente o Governo cessante, bem como a CCDR Algarve, pela decisão já em curso de construir uma Central de Dessalinização em Albufeira, e pela projeção de outra na zona do sotavento algarvio.

Importa ainda acrescentar que seria de todo pertinente que a alimentação energética destas Centrais fosse assegurada através de energia fotovoltaica, aproveitando o clima favorável que o Algarve naturalmente tem para a produção de energia solar.

É necessário agora atuar ao nível agrícola, com uma reconversão dos sistemas de rega e monitorização do stress hídrico das culturas, de forma a controlar de maneira mais objetiva as necessidades de cada uma das culturas, nomeadamente citrinos, vinha, alfarroba, oliveira e abacate.

Tão, ou mais importante, será também analisar como melhor utilizar a água para rega dos extensos campos de golfe que proliferam no Algarve, essenciais para o turismo e para a economia da região. Destaca-se o caso dos Campos de Golfe da Quinta do Lago, onde se reutilizam águas residuais, diminuindo de forma muito substancial a necessidade de água do abastecimento público.

Posto isto, todos os dias devemos lembrar-nos de que a água é um recurso precioso e finito, essencial para a vida. É responsabilidade coletiva protegê-la e preservá-la, garantindo que esteja disponível para as gerações futuras. No Algarve, é hora de agir com urgência e determinação.