O mundo e a Europa entraram em 2015 a olhar para a Grécia e para as eleições de 25 de Janeiro. Desde o regresso da crise financeira à periferia europeia até à saída da Grécia da zona Euro, voltaram os cenários pessimistas. Os mercados não sabem o que fazer, Bruxelas e Berlim estão apreensivos e Madrid, Roma e Lisboa estão assustados.

O Syriza (extrema-esquerda) lidera as sondagens, mas com pouco avanço em relação à Nova Democracia (direita). Ou seja, é difícil prever o resultado eleitoral. Há, contudo, uma certeza: não haverá uma maioria absoluta. E este ponto será decisivo. Paira sobre a política grega uma nuvem bem negra: um governo minoritário. Um parlamento sem maioria absoluta poderá não conseguir eleger um Presidente da República. E um executivo sem maioria arrisca-se a ser de curta duração e a enfrentar novas eleições. Quanto tempo resistirá a economia grega à instabilidade política? Como vai um governo minoritário negociar um programa de apoio com a União Europeia, essencial para manter a Grécia no Euro? E se o fizer, como vai conseguir uma maioria parlamentar para o aprovar?

Os gregos irão certamente entender o desastre que pode acontecer ao país. Apesar da insatisfação – e mesmo revolta – e das divisões, há duas coisas que a maioria dos gregos não ignora. Em primeiro lugar, a economia melhorou nos últimos dois anos. Em segundo lugar, há muito a perder. Por exemplo, todos os estudos de opinião mostram que a maioria dos gregos não quer perder o Euro.

Eis o drama grego: o país necessita de consensos fortes, mas as eleições não vão eleger uma maioria absoluta. Para evitar novas eleições passados uns meses e uma possível saída do Euro, quem for eleito agora terá que ser capaz de construir maiorias parlamentares para dois momentos decisivos: eleição do novo Presidente da República e aprovação de um novo programa de ajuda da União Europeia. Samaras e Tzipas irão competir para mostrar aos gregos qual dos dois será capaz de construir maiorias. Tzipas está à frente nas sondagens, mas Samaras tem mais credibilidade como líder de coligações.

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