Von der Leyen anunciou a sua candidatura a um segundo mandato à frente da Comissão Europeia. Será a candidata do PPE (Partido Popular Europeu, a aliança europeia de centro direita). Von der Leyen será a escolhida pelos líderes dos Estados membros no Conselho Europeu e o PPE deverá continuar a ser o maior grupo político no parlamento europeu. Mas não terá maioria absoluta, e por isso vai precisar dos votos de outros grupos parlamentares, como os liberais (Renovar a Europa), com os conservadores (ECR, as iniciais inglesas) e provavelmente com parte dos votos dos socialistas.

Além dos imponderáveis que irão certamente surgir, os dois grandes temas da nova Comissão serão a transição energética e a defesa europeia. Na primeira terá que haver um ajustamento das metas e das ambições da União Europeia para 2030, 2035, 2040 e 2050. A maioria dos cidadãos europeus não tem capacidade para pagar uma transição energética demasiado rápida. Além disso, a transição energética depende da inovação tecnológica e da capacidade de investimento das empresas europeias. A transição energética não pode destruir a economia europeia, nem o vai fazer.

Se a velocidade da transição energética vai diminuir, os investimentos na defesa vão aumentar. Von der Leyen já disse que haverá um Comissário da Defesa e do Espaço (nesta Comissão, a defesa faz parte das funções de Breton). O futuro Comissário da Defesa terá duas missões. Em primeiro lugar, coordenar o aumento do investimento na defesa europeia. Em segundo lugar, ajudar uma maior integração das indústrias de defesa europeias. A possível eleição de Trump nos Estados Unidos reforçou a determinação dos governos europeus em investir mais na defesa.

A aposta na defesa por parte da União Europeia, a muito provável eleição de um governo trabalhista no Reino Unido e a ameaça da Rússia vão aproximar os britânicos aos europeus. Não é de excluir um acordo formal entre Londres e Bruxelas no sector da defesa. Por outro lado, será muito interessante observar a evolução da Turquia, o outro país europeu importante da Aliança Atlântica que não é membro da União Europeia. Irá a Turquia aproximar-se da União Europeia e afastar-se ainda mais da Rússia? Será uma questão importante para os próximos cinco anos.

Dois pontos ainda antes de concluir. De acordo com os estudos de opinião, as direitas irão reforçar as suas representações no Parlamento Europeu. Dos cinco maiores países da União Europeia, Alemanha, França, Itália, Espanha e Polónia, a direita vai ganhar seguramente em quatro, e a única dúvida será em Espanha. Se o PP vencer em Junho, a direita fará o pleno nos cinco grandes (estes cinco países têm mais de metade da população da União Europeia). Por fim, um segundo mandato de Von der Leyen é inteiramente justo. Fez um grande primeiro mandato e o seu comportamento em relação à Ucrânia desde o início da guerra tem sido admirável e difícil.

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