Vivemos numa sociedade em que as crianças são cada vez menos. Por outro lado, são cada vez mais apreciadas e olhadas com alegria e carinho.

Por vezes, cruzamo-nos na rua, no metro, nas lojas, com pessoas de todas as idades que olham para os nossos filhos ou netos, deliciadas e, muitas vezes têm a necessidade de lhes falar e de brincar um pouco com eles. Podemos concluir que as crianças não são só dos seus pais e família são também de toda a sociedade, porque todos necessitamos da sua alegria, risos, brincadeiras, teimosias e birras, mas fundamentalmente precisamos do seu olhar de confiança, de que todo o mundo as ama e lhes quer bem. Esta atitude nomeia-nos responsáveis e protetores de toda e alguma criança.

Assim sendo, reconhecemos que a sociedade não é só dos adultos, estes são os responsáveis por ela, mas sim também das crianças em todas as fases de crescimento.

Esta semana dediquei-me a ver espetáculos e filmes para crianças. Também me demorei a observar anúncios expostos em lugares públicos. E fiquei verdadeiramente constrangida com o que vi. No CCB um espetáculo de dança, “Pink for girls & Blue for Boys” de Tabea Martin, ao qual têm ido escolas publicas, é duma agressividade psicológica e sexual para crianças de qualquer idade. Uma publicidade à peça de teatro “5 Lésbicas e uma Quiche”, exposta em todos os supermercados Continentes, demasiado explicita e por isso considero que é agressiva e perturbadora para quem ainda está em fase inicial da sua construção pessoal.

O ser humano tem o seu tempo de crescimento. Amadurece e constrói-se por fases, as quais devem ser respeitadas. Ser confrontada com imagens, comentários e atitudes para os quais ainda não tem capacidade de gerir e refletir é perturbar o seu crescimento. As crianças vivem no mundo social, vivem numa sociedade pluralista e aberta, não em redomas fechadas e, por isso mesmo, toda a sociedade tem responsabilidade ao que as expõe. Agredir as crianças com mensagens sexualmente perturbadoras, em que se expõe a intimidade sexual de adultos, não é aceitável numa sociedade moderna e consciente do seu papel. Sejamos adultos!  Toda a criança tem o direito de crescer livre.

Doutorada em Bioética pela UCP; Prof. Adjunta na Escola Superior de Enfermagem do Porto

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