A luta contra o racismo e a discriminação racial é um assunto demasiadamente sério para ser entregue a activistas “anti-racistas” irresponsáveis e provocadores, que mais não fazem do que “atirar lenha para a fogueira” da desestabilização social em Portugal.
Não há dúvida que em Portugal, como em qualquer país do mundo, há problemas de xenofobia, racismo e intolerância étnica, mas não é com gasolina que se apagam os incêndios.
Na véspera do jogo de futebol entre as selecções de Portugal e da Ucrânia, Mamadou Ba, conhecido dirigente da organização SOS Racismo, escreveu numa rede social: “Alerta à navegação: por causa do jogo Portugal-Ucrâniana (sic), a cidade de Lisboa está infecta de nazis ucranianos e tugas, preparados para a violência. Não andem sozinhos, nem em sítios desprotegidos”.
Eu não fui ao Estádio da Luz ver o jogo, mas assisti através da televisão e apenas observei ucranianos e portugueses (detesto, no caso de Mamadou Ba e noutros, a palavra “tugas”, pois sinto nela um cheiro a xenofobia e racismo) pacíficos e, também a julgar pelo que relatou a imprensa, não houve incidentes provocados por adeptos da Ucrânia. Aliás, num país onde a comunidade ucraniana é das mais numerosas, é um excelente sinal ver a convivência pacífica de adeptos dos dois países nas bancadas.
Como é que esse cidadão concluiu que “Lisboa está infecta de nazis ucranianos”? Andou a cheirar os adeptos ucranianos e detectou algo que os restantes lisboetas, incluindo a polícia, não conseguiram farejar? E onde estavam os “tugas preparados para a violência”?
Como é sabido, o mito dos “ucranianos nazis” foi criado pela propaganda russa em 2013, quando Victor Ianukovitch foi afastado do poder, e tem sido alimentado e desenvolvido pelos partidos da extrema-esquerda portuguesa e europeia. Nas eleições presidenciais que se seguiram, os candidatos da extrema-direita andaram abaixo dos 5% dos votos. Não irei adivinhar quais serão os resultados das presidenciais do próximo dia 31 de Março, mas penso que desmentirão uma vez mais a tese dos “ucranianos nazis”.
Como é que um dirigente de uma organização anti-racista ousa rotular tão facilmente pessoas ou até povos?
Isto acontece porque, em Portugal, está na moda aceitar com a “nossa brandura tradicional” as verborreias da extrema-esquerda e continuar a seguir a política de “dois pesos e duas medidas”. Mamadou Ba tornou-se “famoso” por chamar às nossas forças de segurança “bófia” e compará-las a bosta. E passou, assim como irá passar a dos “ucranianos nazis” e “tugas preparados para a violência”. Só posso imaginar o chinfrim que seria levantado se tais declarações saíssem da boca de um militante de centro ou de direita.
O mesmo diz respeito às declarações de Jerónimo de Sousa em relação à Coreia do Norte. Respondendo à pergunta se existe ou não uma democracia na Coreia do Norte, Jerónimo de Sousa respondeu que “é uma opinião”. E perguntou ainda: “O que é a democracia? Primeiro tínhamos de discutir o que é a democracia”. Imaginem agora se um político de direita fizesse afirmação semelhante em relação à sangrenta ditadura de Pinochet no Chile. Acho que as ondas de indignação se fariam ouvir no outro lado do mundo.
Voltando às declarações de Mamadou Ba e dos seus camaradas do Bloco de Esquerda, elas têm um motivo claro: provocar a destabilização social a todo o custo, pois, como nos diz a História, os extremismos políticos gostam de pescar em águas turvas.
Além do mais, trata-se também de um dos meios para desviar a atenção do facto de como a actual extrema-esquerda apoia o Governo de António Costa. Só quem não quer ver, não vê.
P.S. Recomendo sinceramente às organizações de ucranianos em Portugal que apresentem queixa contra as declarações de Mamadou Ba, pois trata-se claramente de declarações insultuosas e xenófobas. Essa iniciativa deveria partir de instituições portuguesas, mas não vejo de quais.