O ano é 2024. O mundo está totalmente ocupado pelos temas que definem a História dos impérios e das civilizações. Bem, não inteiramente. Um pequeno país de lusitanos incorrigíveis ainda resiste, optando antes por dedicar-se a picarescos episódios em torno de coisas penduradas à janela.

Não quero com isto descurar a importância política de coisas penduradas à janela, atenção. Por exemplo, na Rússia, grande parte da história recente da oposição a Putin tem girado em torno de membros da oposição a estatelarem-se em pavimentos. Depois de terem estado, lá está, à janela. Ainda que por brevíssimos instantes, mesmo antes de serem suicidados.

No nosso país, felizmente, as janelas são apenas palco para rocambolescos episódios políticos em que, a haver uma vítima mortal, é a esperança de que alguma coisa mude com o actual panorama partidário. Assomou-se então à janela André Ventura, com tarjas contra a reposição do corte de 5% nos vencimentos dos políticos, aprovada pelo Parlamento. Tinha ideia de não ser permitido estender roupa à janela. Agora, lavar roupa suja à janela, isso, tenho quase a certeza de ser proibido.

O que está mal. Qualquer local e momento devia ser bom para lavar a roupa suja da política nacional, para mais quando a dita tem umas cuecas com tamanha “marca de travagem”. Mas será André Ventura o nosso Skip Active Fresh? Ele é activo, disso não há dúvida. Por outro lado, adopta uma abordagem que de Fresh tem muito pouco, sempre com aquele travozinho a insolência adolescente. A insolência, em si, até não me desagrada, para ser sincero, que a política nacional – e em geral – é merecedora de saudável desdém. A parte do adolescente é que era giro ultrapassarmos, para deixarmos de perder tempo a espremer borbulhas e percebermos se, bem espremidos, Ventura e Chega têm, enfim, algum sumo para oferecer.

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A propósito de maturidade, seriedade e, cheira-me, vaidosice, o Almirante Gouveia e Melo lidera, folgadamente, uma sondagem do Correio da Manhã para as eleições à Presidência da República. O mesmo Correio da Manhã que, nos últimos dias, noticiou a dinâmica presença de Gouveia e Melo numa aparatosa operação marítima contra o tráfico de droga, que culminou na apreensão de uns quantos jerricãs de mistura de dois tempos. Há quem diga que, por isso, a missão foi um fracasso, mas só pode ser quem descure os efeitos de snifar mistura de dois tempos. Ignorantes, pá.

A relevância da referida sondagem levantou, ainda assim, algumas questões, nomeadamente quanto à dimensão da amostra. Sendo que eu não tenho nada contra o Correio da Manhã fazer sondagem à saída da festa de reunião da turma do 9.º ano da Ana Gomes. Única justificação plausível para a comentadora socialista aparecer como sexta favorita, escolhida por 19 (dezanove) das pessoas inquiridas. Inquiridas depois do jantar, é mais que certo. De novo, nada contra o consumo (moderado?) de álcool, ainda que aos estupendos efeitos ansiolíticos se possa juntar a vontade de votar em comunistas ansiosos por voltarmos a tempos paleolíticos.

Por mim, voto no candidato à Presidência da República que prometa uma versão nacional do norte-americano DOGE, o Department of Government Efficiency, liderado pelo Elon Musk. Votaria em tal hipotético candidato, mesmo sendo apenas menos certo do que falecer, que, em Portugal, um departamento para a eficiência do governo acabaria liderado por Elói Mesquita e responderia pela sigla DDEDGAAA: Departamento de Eficiência do Governo Ah, Ah, Ah!