Não é por acaso que o primeiro-ministro se tem mantido calado e, quando foi forçado a falar há dias, refugiou-se no vago quando não negou a evidência. Fê-lo concretamente a propósito dos sucessivos incêndios desencadeados há mais de um mês sem parar, até à semana inteira em que arderam dezenas de milhar de hectares do precioso Parque Natural da Serra da Estrela e seus arredores nos últimos anos. Só então António Costa foi obrigado a dizer qualquer coisa a propósito dessa tragédia mas não hesitou em sacudir a água do capote, como se não se tratasse de nova tragédia ecológica a seguir aos trágicos incêndios de 2018, sem nada ter sido feito desde então! Não é por acaso que Portugal detém o «record» europeu dos incêndios florestais.

Mas não ficamos por aqui, lamentavelmente. Longe disso. Após o golpe parlamentar de 2015 em que Costa se juntou ao PCP e ao BE a fim de arrebatar a maioria parlamentar à aliança PSD-CDS, a qual ganhara as eleições depois de ter sido forçado gerir a bancarrota causada pelo mesmo Sócrates que continua sem ter sido julgado e, presumivelmente, assim continuará… Desde que tomou o poder, o PS não fez mais do que dar força à extrema-esquerda no chamado «plano cultural», ou seja, as «guerras dos sexos e das raças» actualmente em curso, enquanto ia gerindo a dívida deixada pelo próprio PS, criando empregos no funcionalismo público e distribuindo subsídios ocasionais a um exército sempre crescente de pobreza… Tudo exclusivamente com o olho na popularidade eleitoral.

A seguir, sem culpa do PS, veio a pandemia que nos entreteve politicamente fechando-nos em casa e, apesar da propaganda das vacinas, que entretanto os países desenvolvidos inventaram e a UE nos deu de borla. Na prática, a verdade é que, sob o secretismo do Ministério da Saúde, a Covid-19 ora matou os idosos refugiados em lares de duvidosa garantia, ora criou rapidamente uma «mortalidade excessiva».

Esta é comum de resto a todos os países atingidos pela pandemia, mas em Portugal tem sido deliberadamente ocultada pelo ministério da Saúde enquanto o número de óbitos continua a reduzir a população. Entretanto, o PS não perdeu a ocasião para diminuir a idade da reforma quando as próximas gerações serão cada vez em menor número, sem que se saiba quem trabalhará no futuro de forma a continuar a pagar as reformas aos idosos sobreviventes e a dívida criada pelo PS.

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Eis as cordas que já apertavam o nosso pescoço! Entretanto, o PS apercebeu-se da possibilidade de se ver livre do PCP e do BE, servindo-se do novo orçamento de Estado para fazer cair o parlamento com o apoio do presidente da República, a fim de se verem livres da «geringonça». Apesar de as sondagens não o indicarem, a verdade é que foram os antigos votantes do BE que correram em socorro do PS: resultado, a mais baixa «maioria absoluta» de sempre (pouco mais de 40%) devido à crescente manipulação dos círculos eleitorais.

Enquanto a demografia nos aprisionava cada vez mais e o antigo coordenador do processo de vacinação, o vice-almirante Gouveia de Melo, já disputava a sucessão do PR ao chefe do «Chega», rebenta a guerra de invasão da Ucrânia pela Rússia. O pacifismo interesseiro do PS português revelou-se de tal modo óbvio que até parece querer que a Rússia ponha fim à guerra o mais depressa possível a fim de voltarmos ao ramerrame habitual. Entretanto, a UE fazia-nos o pior presente que o país podia receber: biliões de euros de borla.

Além da manifesta falta de capacidade para gerir tal dinheiro dentro dos prazos e dos parâmetros anunciados – a juntar aos costumeiros «projectos europeus» que em breve se escoarão nas regiões mais deserdadas, – o governo não só não foi capaz de escapar ao alçapão da TAP bem como de um aeroporto badalado há 50 anos, como tão pouco se lembrou – ó, ignorância! – dos custos acrescentados pela pandemia e em breve pela guerra. Todos estes custos se juntaram mais depressa do que devagar para voltar a aumentar a dívida e, finalmente, a inflação. Por seu turno, esta deitou por terra os planos arquitectados pela fina-flor do PS e dos «simpatizantes» de Sócrates, como ainda é, aliás, o caso da maioria dos pesos-pesados e dos jovens prometedores que acederam aos ministérios…

Ora, diferentemente da dívida pública que já tínhamos antes da guerra (130% do PIB), a inflação gerada pelas despesas directas e indirectas da guerra é galopante, tendo passado em Portugal de praticamente zero a perto de 10% em menos de um ano. Resultado: 10% menos de dinheiro para pagarmos as despesas habituais de cada um! Por ora, a relação entre rendimentos e despesas é esta, isto é, menos 5%. O país está literalmente a arder, assim como o PS! Onde está a «oposição»?