Circos com mais de um picadeiro não são novidade. Os espectáculos mais pomposos são proporcionados pelos circos com duas ou mais pistas. Neste pressuposto, é provável que o Ringling Bros-Barnum and Bailey Circus, com os seus três picadeiros, tenha sido o maior entre os maiores.
Portugal não apostou na multiplicação das pistas ou picadeiros. Não. Portugal preferiu ter o maior picadeiro do mundo e optou pela proliferação dos mestres de cerimónias. Contudo, no picadeiro português, o único espectáculo que nos apresentam é a guerra.
Disseram-nos que estávamos em guerra e que na guerra é impensável mentir. Mas não nos disseram que a próxima vítima seria o Natal. E tendo em conta a verdade que nos contam, talvez seja melhor fazer preparativos para uma Páscoa diferente.
Disseram-nos que é inimaginável substituir “generais” – apesar destes não fazerem a mínima ideia do que se está a passar – e que jamais houve atrasos ou falhas. Mas não nos disseram que as instruções vinham em mandarim. E reiteraram que não nos mentiriam, exceptuando a ministra da saúde, que, segundo António Costa, mentiu.
Disseram-nos que na guerra a preparação é imprescindível apesar da cúpula não ter acreditado na possibilidade de o vírus chegar até nós. Mas não nos disseram que o desnorte ia ser intenso e prolongado, alimentado por uma tibieza e indecisão que foi incapaz de gerar comportamentos responsáveis.
Disseram-nos que é antipatriótico questionar a informação que nos é dada. E diariamente, vemos os números dos novos casos – 1278, 1394, 1646, 1090, 1249, 2072 – ao custo de trezentos euros por cada boletim.
Porém, a guerra pela saúde dispensava todas as posturas circenses, Mas Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Graça Freitas adoram ser mestres de cerimónias, certos que dificilmente serão responsabilizados.
Até agora falamos de circo, do espectáculo da guerra e de mestres de cerimónias. Mas, e os palhaços? Onde estão os palhaços? Os palhaços somos nós, portugueses, que acreditamos em todas as mentiras que nos são ditas. A guerra ao COVID não é uma guerra pela saúde. A saúde requer expropriações? A saúde requer o desrespeito e a limitação das liberdades constitucionalmente consagradas? Não. Não se iludam. A guerra ao COVID não passa de desculpa pelo poder e pela consolidação do socialismo. É apenas mais um passo do Processo Socializante Em Curso, um autêntico neo-PREC que apenas pretende a servidão e a obediência cega.
Qual é a melhor forma para induzir subtilmente este neo-PREC? O entretenimento. Nada como um circo para diminuir a democracia. Não acreditam? O secretário-geral do partido socialista (sabem quem é?) anda a celebrar efusivamente a eleição dos presidentes das CCDRs sem a legitimação do voto popular. Não há melhor exemplo do circo da democracia socialista.
E o neo-PREC continua. Incapazes de dar o exemplo – o Presidente da República pode partilhar uma bola de Berlim; os alunos não podem partilhar os lanches – e perante a inaptidão para gerir a “guerra”, nada como um novo Estado de Calamidade geral e a “obrigatoriedade” da instalação duma app que quer acesso a tudo e mais qualquer coisa.
Continuem a bater palmas alegremente que até sem as pipocas vão ficar.
Post-Scriptum: Como o Estado de Calamidade está apenas previsto na Lei de Bases da Protecção Civil (Lei n.º 80/2015, de 03/08), recuso o cumprimento de normas que não respeitam os preceitos constitucionais e invoco o Art.º 21º da Constituição da República Portuguesa (Direito de Resistência) – Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública – para o efeito.