Junte-se uma comissão de sábios, mais um estudo (encomendado como não pode deixar de ser ao professor Freitas do Amaral), adicione-se como pano de fundo vários líderes partidários a precisarem desesperadamente de uma fuga em frente que lhes permita aparecer diante do povo como portadores de algo de novo e temos o caldo de cultura mais que propício para o lançamento de um projecto que entretenha o povo, anime as televisões e lhes devolva protagonismo. Um desígnio, como soe dizer-se. O projecto-desígnio que aí vem para os salvar a todos chama-se regionalização.
Em 2019, os líderes partidários e os grandes beneficiados do regime querem aprovar na secretaria o que o povo chumbou em referendo em 1998: a regionalização. Porquê? E porquê agora? Porque não querem governar. Sabem que tal será cada vez mais difícil, para não dizer inviável, entre grevistas em auto-gestão, corporações em desatino e números que, mesmo devidamente torcidos, mostram um país cativo das cativações.
A presente classe política comprometeu-se com aquilo que sabe não ser possível garantir, teme uma nova crise e acredita que a regionalização pode ser em 2019 aquilo que a entrada na Europa foi nos anos 80: o desígnio que libertou a classe política portuguesa de se confrontar com o seu óbvio falhanço enquanto governante.
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