Depois de ter passado as últimas 72 horas imerso em redes sociais, sinto-me em condições para esclarecer de forma cabal o incidente ocorrido com Donald Trump durante o comício na Pensilvânia. Tendo lido milhares de tuítes, visto centenas de vídeos gravados por populares, assistido a dezenas de reportagens e tido um sonho muito estranho, formulei uma tese universal que explica tudo. Neste momento, posso garantir que o que aconteceu foi um atentado. Sem sombra de dúvida, um atentado. E também uma encenação. Um atentado com o objectivo de impedir Trump de ganhar as eleições e uma encenação com o propósito de assegurar que as vença com facilidade.
O tiro, disparado pela AR15 de um republicano, sucedeu no mesmo instante que uma projéctil de paintball saiu da arma de um democrata que estava emboscado no mesmo telhado que o outro atirador, tanto é que são ambos a mesma pessoa. Como podemos ver em imagens filmadas de vários ângulos, os disparos apanharam de surpresa as pessoas que já sabiam que aquilo ia acontecer. O ar de espanto confirmado não engana.
A orquestração esteve a cabo da campanha presidencial de Biden, para eliminar o adversário. E da campanha de Trump, para parecer que o adversário o queria eliminar. E dos Serviços Secretos, que não gostam de Trump. E da polícia, que gosta de mais de Trump. E do Ku Klux Klan, que acha que é muito amigo dos negros. E do Black Lives Matter, que acham que odeia negros. E dos judeus, que têm medo que ele deixe de apoiar Israel. E do Hamas, que têm medo que ele apoie Israel ainda mais. E dos ucranianos, que acham que ele é um homem de Putin. E dos russos, que acham que nunca será um homem de Putin. E dos chineses, por causa de Taiwan. E dos taiwaneses, por causa da China. E de extremistas de direita, para fabricarem um motivo para uma Guerra Civil. E de extremistas de esquerda, para eliminarem o motivador de uma Guerra Civil. E da Apple, para fazer publicidade às novas câmaras do IPhone, que apanham tudo com estupenda resolução. E de um construtor de telhados local, para mostrar que o seu produto é à prova de balas. Houve um conluio à volta deste plano de grupo e encontraram um lobo solitário que agisse sozinho.
E chegamos a Thomas Matthew Crooks, o atirador. Thomas Matthew Crooks. TMC. Trump Must Crumble. Coincidência? Quer dizer, também pode ser Trump My Champion. Ou Too Many Coronitas. Enfim, isso não é assim tão importante. Importante é perceber que um agente da polícia, alertado por um transeunte, subiu ao telhado onde estava o atirador, mas não fez nada. Aliás, fez: o atirador apontou-lhe a arma e o polícia fugiu. Isso não chegou para desconcentrar o sniper, que conseguiu o que queria. É que, ao contrário do que se tem avançado, o alvo era mesmo a orelha de Trump. O intuito era acertar no lóbulo de modo a desalojar o auricular por onde Trump recebe indicações sobre o que dizer. Para mostrar ao mundo que ele não é assim tão ágil de pensamento, afinal é tão senil quanto Biden. (Já agora, aproveito para informar que já há mais de 700 pontas da orelha à venda no Ebay).
Ao sentir o tiro, Trump atirou-se para o chão. Já li algures que foi nessa altura que abriu uma ampola com sangue que trazia no bolso. Como é evidente, trata-se de um grande disparate. Trump não trazia nada nos bolos, o recipiente com sangue (de galinha, não de porco, façam os trabalhos de casa, senhores jornalistas!) foi-lhe entregue pelo membro do público que fingiu ter sido atingido pelos disparos. Trata-se de um agente secreto que participava no complot e – é importante sublinhar – não foi atingido pelo atirador. Foi, isso sim, atingido com três tiros pela equipa do FBI responsável por limpar as pontas soltas, para que não haja dúvidas sobre o que realmente se passou na Pensilvânia: um fim-de-semana de sonho para os teóricos das conspirações de todo o mundo. Quer dizer, na realidade não foi apenas um fim-de-semana, porque as fotos de Trump rodeado por agentes do serviço secreto, com a bandeira dos EUA ao fundo, foram tiradas no mês passado, num estúdio em Nova Jérsei.
PS – Só espero que estas revelações não apareçam num noticiário português antes do texto ser publicado.