A propaganda visa influenciar as emoções, opiniões e atitudes das populações através da transmissão de informação cuidadosamente selecionada, por vezes parcial ou inverosímil, veiculada para construir uma determinada narrativa.
A propaganda política pode ter diversas origens, entre as quais os partidos da oposição e os partidos do Governo. Mas os Governos têm à sua disposição um mediatismo e recursos financeiros únicos para exercer a sua propaganda.
Nos países com pouca literacia e liberdade de imprensa, o poder da propaganda é especialmente brutal. Mas, mesmo nas democracias mais liberais e educadas, as populações podem ser fortemente influenciáveis.
Em Portugal, os Governos liderados por António Costa têm sido particularmente eficazes no uso da propaganda com fins partidários, por vezes explorando as fraquezas cognitivas da população e minando a desejável transparência democrática.
De forma coordenada, PS e o Governo vão construindo a sua narrativa, procurando demonstrar que são os arautos das contas certas, do crescimento económico, dos aumentos das pensões e dos salários, do amor pela educação e pelo SNS. De forma astuta, vendem também a ideia de que à sua esquerda está a irresponsabilidade orçamental e à sua direita o Chega, assustando os eleitores com uma possível coligação entre o PSD, a IL e o Chega.
Mas a realidade é outra. Primeiro, o crescimento económico dos últimos trimestres resultou da natural recuperação pós pandemia, nomeadamente da expansão do turismo. Segundo, o Governo realizou um corte de pensões a partir de 2024, escondendo esse corte num pacote de medidas para contrabalançar os efeitos da inflação. Terceiro, o SNS e o sistema de educação pública apresentam notórias fragilidades. Quarto, o PS é o principal responsável pelo crescimento do Chega, porque lhe dá protagonismo, porque se aliou ao PCP e ao BE, porque tem demasiadas incompatibilidades e nepotismo, porque a sua governação não tem resolvido os problemas de muitos portugueses.
Efetivamente, na sombra da propaganda, vamos tomando conhecimento de uma realidade mais negra. Segundo o Eurostat, Portugal foi o País da União Europeia em que o risco de pobreza e exclusão social mais aumentou em 2021. De acordo com o mais recente ranking de Competitividade Global, elaborado anualmente pelo International Institute for Management Development, Portugal passou da 36.ª posição para a 42.ª entre as 63 economias avaliadas. No último relatório da Tax Foundation, Portugal apresentou a terceira pior competitividade fiscal da OCDE, com retrocesso no último ano. Dados publicados pelo Eurostat revelaram que a taxa de excesso de mortalidade registada em Portugal em junho foi, de forma destacada, a mais elevada dos 27 Estados-membros. Segundo o relatório da Entidade Reguladora da Saúde publicado na semana passada, o número de portugueses sem médico de família é o mais elevado dos últimos 4 anos.
Perante estas informações só podemos chegar a uma conclusão. Na sombra da narrativa de um Governo demasiado focado na bolha político-mediática, está um País mais pobre e menos competitivo. Um País onde se morre mais do que nos outros. Um País que aguarda por mais um estudo sobre a localização do novo aeroporto, tal como suspira pelas necessárias reformas na saúde, educação, justiça e administração pública.