Há muito que se vem discutindo a falta de mão de obra nos diversos sectores de actividade. O estado português mantém, através do IEFP, os incentivos para a contratação de emprego, nomeadamente os estágios profissionais, como uma boa medida de integrar os jovens nas respectivas actividades laborais e para colmatar a falta de experiência, sim, porque as universidades ainda oferecem muito pouco em termos de prática. Quanto às medidas de apoio ATIVAR, já coloco dúvidas, pela falta de recursos humanos, onde existe no momento mais oferta que procura de emprego. Incentivos para quê se não existe quem contratar?

O sonho que venho discutindo há muito tempo, em fóruns e conferências, de norte a sul do país, e que agora o Observador me dá a oportunidade de levar mais além, passa pela criação de um espaço único, económico, com transação de pessoas e bens, acompanhada de capitais, sem taxas alfandegárias, sem vistos de trabalho para uma expansão económica dos membros, para iniciar nos primeiros vinte anos, apenas nos países PALOP, à semelhança da UE.

Este espaço económico que contemplaria Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique permitiria ao nosso país recrutar quadros humanos, promover a respectiva formação profissional, aí sim, com estágio profissional, e colmatar a falta de emprego existente nos diversos sectores, mas que poderiam dar uma alavancagem inicial à construção civil e ao turismo, nomeadamente na restauração, AL e hotelaria.

Congratulo-me com a Mota Engil que, para manter a sua expansão e manutenção dos sectores por onde actua, decidiu dar esse passo, num projecto ambicioso de formação em protocolo com o instituto de formação da comunidade dos países da CPLP.

Este sonho, para além de diminuir a carência de emprego, permitiria um acesso tácito a um mercado de 76 milhões de habitantes/clientes por onde seguiriam mercadorias, sem taxas alfandegárias, tornando o produto português mais competitivo em relação aos asiáticos. Permitiria a instalação de unidades produtivas, como filiais portuguesas, com mão de obra mais competitiva para colocar o nosso produto regressado e já manufaturado nas prateleiras dos armazéns europeus, com circulação Portugal-África-Europa sem taxas alfandegárias. Por sua vez e em contraponto, os restantes países membros beneficiariam, em primeiro lugar, da criação de emprego e crescimento económico, exportando da mesma forma matérias-primas e produtos endógenos.

É tão difícil pensar o modelo? Não fui apenas eu que circulei durante uma década nos palops para perceber isto.

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