A economia da zona euro vai crescer menos como um todo menos que o esperado em abril, segundo a Comissão Europeia. Abrandamento de algumas economias desenvolvidas e emergentes e o aumento das tensões geopolíticas na Ucrânia e no Médio Oriente são dadas como as justificações para o corte em um terço do crescimento previsto.
Menos de um por cento é quanto a Comissão Europeia espera que a zona euro cresça este ano. A economia já cresceu “consideravelmente menos” na primeira metade do ano, segundo as palavras do novo vice-presidente da Comissão para o Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen, que apresentou em Bruxelas as novas previsões.
Jyrki Katainen explica as razões da revisão em baixa das previsões
Este fraco crescimento, disse, deve-se à fragilidade de algumas economias avançadas e emergentes com as quais o bloco económico tem negócios, mas também aos conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente. Isto vê-se na queda verificada no comércio internacional na primeira metade do ano, que, mesmo com uma recuperação no verão, acabou por obrigar a uma revisão em baixa na estimativa dos fluxos comerciais em termos globais.
Bruxelas admite que a recuperação económica não está a acontecer tão rápido e com a força que se esperava quando foram dadas a conhecer as previsões da Primavera pela Comissão Europeia. O resultado para este ano: a economia só deverá crescer 0,8%, abaixo dos 1,2% estimados na primavera.
As condições económicas a nível global, disse Jyrki Katainen, têm tido efeitos na confiança dos investidores, que se traduzem já numa queda dos índices de confiança medidos pela Comissão Europeia tanto para a zona euro, como para a União Europeia. O índice terá estabilizado em outubro nas duas regiões, e já terá recuperado para terreno positivo face à média de longo prazo.
As condições difíceis acabaram por ter efeitos não só na economia este ano, mas também na previsão para o próximo ano, que a Comissão corta também em mais de um terço: a estimativa da primavera era que a economia da zona euro crescesse 1,7%, mas agora só se espera um crescimento de 1,1%.
A Comissão Europeia aproveitou as previsões para deixar o recado que já começa a ser habitual: são precisas mais reformas estruturais para combater problemas de longa data nas economias europeias e corrigir os desequilíbrios.
Para além das reformas estruturais, o problema do excessivo endividamento público e privado também não foi esquecido, tal como a continuação da fragmentação financeira ainda como consequência da crise financeira. As diferenças em relação ao custo de financiamento de uma empresa no centro da Europa e outra na periferia continuam bastante profundas.
Uma Europa a vários ritmos
Os países têm também eles problemas específicos e isso ajuda à crescente divergência na retoma económica destes. Itália (-0,4%), Chipre (-2,8%) e Finlândia (-0,4%) ainda devem terminar este ano em recessão, enquanto a França (0,3%), Bélgica (0,9%), Grécia (0,6%), Holanda (0,9%), Áustria (0,7%) e Portugal (0,9%) terminam 2014 com taxas de crescimento inferiores a 1%.
Caso se comprovem estas previsões, metade dos países da zona euro terminarão 2014 em recessão ou a crescer menos de 1%, um resultado pouco animador.
Pierre Moscovici na sua primeira intervenção como responsável pela pasta dos Assuntos Económicos
Para 2015, as previsões são mais otimistas, mas não muito. Não se esperam, para já, países em recessão no próximo ano, mas pelo menos cinco países deverão crescer menos de 1%: a Bélgica (que se mantém nos 0,9%), a França (0,7%), a Itália (0,6%), o Chipre (0,4%) e a Finlândia (0,6%).
A estes países que crescem menos, junta-se um menor crescimento esperado para a economia da zona euro, a Alemanha, que deverá crescer menos duas décimas que este ano, passando de uma taxa de 1,3% para os 1,1% do PIB.
A Irlanda deverá crescer menos um ponto percentual do PIB, o Luxemburgo menos 0,6 pontos percentuais, Malta menos uma décima e a Eslovénia menos sete décimas.
Por essa mesma razão, a previsão para a zona euro em 2015 é melhor, mas em apenas três décimas face ao que se prevê que seja o ano de 2014.
O mapa seguinte é interativo. Passe com o curso o rato sobre os diferentes países para conhecer as projeções da Comissão para 2015.