Um grupo de muçulmanos despiu uma mulher de 70 anos e passeou-a nas ruas da uma pequena povoação no Egipto. O ataque aconteceu na sequência do saque de sete casas cristãs em Karama, uma província a sul do Cairo. Depois de saqueadas, as casas foram incendiadas.

Segundo o The Guardian, o ataque que aconteceu na sexta-feira passada (dia 20 de abril), começou depois de surgir um rumor de que o filho da mulher tinha tido um caso amoroso com uma mulher muçulmana. Segundo a Sharia, a lei religiosa islâmica, esta prática é considerada desonrosa.

De acordo com Anba Makarios, um dos padres de Minya, a mulher terá sido arrastada de sua casa pela população, espancada e insultada e depois a sua roupa ter-lhe-á sido retirada. Posteriormente, a mulher foi obrigada a andar nua pelas ruas da vila, enquanto a população gritava “Allahu Akbar” (“Deus é grande”).

A mulher relatou o incidente à polícia cinco dias depois, segundo o padre Makarios, que informou também que a mulher terá tido dificuldade em “engolir a humilhação sofrida”.

O incidente causou a indignação nas redes sociais, sendo que várias pessoas comentaram o assunto no Twitter:

A polícia egípcia, que terá chegado ao local dos ataques duas horas depois destes terem acontecido, já prendeu seis homens suspeitos de terem participado no acto de violência, mas procuram ainda outros doze suspeitos, informaram as autoridades.

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Segundo a lei islâmica, que é seguida em muitas áreas do Egito, um cristão não pode casar com uma muçulmana. No entanto, uma mulher cristã pode desposar um muçulmano. Caso seja um homem cristão a ter um caso ou tentar casar com uma muçulmana, é quase garantido que o caso resulte em distúrbios provocados pela comunidade muçulmana.

Segundo Makario, a família já tinha avisado a polícia de que a comunidade islâmica havia ameaçado a família da mulher, mas as autoridades não terão tomado qualquer medida preventiva.

A população cristã corresponde a cerca de 10% da população de todo o Egito, cujo total ronda os 90 milhões de pessoas. Segundo o The Guardian, a comunidade cristã tem reivindicado mais direitos, sendo que o presidente, Abdel-Fatah el-Sisi, tem procurado mudar a legislação para permitir a mais cristãos fazerem parte o processo legislativo egípcio.